Brasil – eleições sob terapia de choque
A Violência Política
Editorial de Caminhando Jornal Tv 101
O assassinato de Marielle e do capoeirista Mestre Moa do Katendê por um bolsonarista, o ataque a tiros contra a caravana de Lula, a agressão e a tatuagem com uma suástica no corpo de uma mulher de 19 anos, a utilização de um drone para lançar veneno sobre o público que aguardava um ato com Lula, em
Uberlândia, o ataque a tiro a redação da Folha de S. Paulo, o assassinato do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira, ou, ainda, a invasão de um bolsonarista à festa de aniversário para assassinar o dirigente petista Marcelo Arruda. Esses são apenas alguns episódios da crescente violência política no Brasil.
Em relatório elaborado pelas organizações de direitos humanos Terra de Direitos e Justiça Global, identificaram 327 casos de violência política de 2016 a 2020, sendo que desses casos, 125 correspondem a assassinatos e atentados. A evolução do clima de violência pode ser constatado com os 14 assassinatos ocorridos somente entre setembro e novembro de 2020, não computados pelo relatório.
Esses dados demonstram o quão grave é a situação política no Brasil. Sem sombra de dúvidas que as declarações de incentivo à violência, feitos pelo presidente da república, são componentes importantes desse quadro. Contudo, não se pode isentar de responsabilidade a parcela da população que se viu representada por esses discursos de ódio difundido por Bolsonaro desde a campanha.
Outro elemento importante para o agravamento da tensão política são as diversas medidas adotadas pelo governo federal de ampliação ao acesso a armamento no país. Cria-se, com isso, um estado de insegurança para a população e o exercício da política passa a conviver com um clima de cangaço em pleno século XXI.
Não podemos desconsiderar que a violência é um componente importante da formação cultural brasileira. Mas, ganhando força na atual conjuntura, entramos em um movimento que vai na contramão de tudo aquilo que se vinha debatendo nos últimos 30 anos. Ao se banalizar e incentivar a violência que está em nosso DNA, a truculência, e não a disputa de projetos, se torna o modus operandi de se fazer política no país.
Quantas Marielles e quantos Dons, Brunos, Marcelos, Moa do Katendês e tantos outros assassinatos ainda teremos de assistir? A disputa de projetos de sociedade, que é o ponto central da política, não pode continuar sendo resolvida a bala. O recurso da violência é o artifício de quem não tem a capacidade do argumento, porque só lhe interessa o projeto pessoal e não o projeto coletivo!
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