Brasil – Para Onde Está Indo?
Brasil – Para Onde Está Indo?
(editorial integral de Caminhando Jornal TV 18)
A cada dia, infelizmente, aumenta nossa preocupação com o destino do Brasil, de nossos filhos e famílias, razão essencial dessas publicações . Não é preciso ser especialista ou estudioso para perceber-se o que ocorre à nossa volta. Muito mais se exige de quem busca indagar sobre o futuro dos brasileiros .
Aonde chegamos… de onde viemos ?
Vivemos processo político mundial em que, apenas em nações soberanas, o povo determina o processo econômico, o que já não ocorre no Brasil . A questão, no Brasil , vem de suas origens e da postura das “elites” dominantes desde então. Mas , recente , sendo específicos, para facilitar o entendimento , desde a Era Vargas .Este tentou , entre outros, em seus últimos anos, um projeto nacionalista, independente e democrático para o Brasil, impedido pelo Império Americano , que interveio aqui política e economicamente, direto e via aliados locais, o que teria levado aquele presidente à morte(24-8-1954) .
O processo político brasileiro agravou-se aos poucos, nos últimos anos, desde aí, por imposições estrangeiras sobre governos brasileiros , culminando em anomalias políticas diversas, impostas pela violência militar, desde 1964 . Um regime ditatorial , com respaldo no Império Americano , em especial a partir do golpe inicial de origem estrangeira, de abril daquele ano . Este interrompeu reformas diversas em curso , inclusive a agrária, implementadas pelo presidente João Goulart. Cortou todas as medidas que ele tomava no sentido de proteção ao mercado e capital nacionais . Daí em diante , assistiu-se , na política e economia, avanço de uma contrarrevolução antinacional e antidemocrática, submetida , em essência , a interesses estrangeiros .
Seguiu-se período de repressão crescente, em especial nos anos da década de 1970, com cortes de direitos humanos , ausência de Lei e Ordem Legal, violências de todo tipo, afirmação de um estado terrorista , com torturas, assassinatos, sequestros, covardias indignas de seres humanos, que nos abstemos de relembrar no momento, o que faremos adiante , se necessário.(Pode tal ser conferido , p.e., no filme “Pastor Cláudio”, de Beth Formaggini , 2018).
Mais recente, final da década de 1970 e início da 1980, foi promovida “distensão política lenta e gradual” , pelo próprio regime terrorista, bem como anistia “ampla e irrestrita”, que , na interpretação do STF, atingiu militares torturadores , autores de crimes continuados, hediondos, em curso, caso dos “desaparecimentos”, o que contraria até legislação internacional.
Mais uma vez , como na década de 1960, plano de estrategistas estrangeiros , como o que descambou no golpe inicial da década de 1960 , por aqui coordenado, entre outros , em especial, por Golbery do Couto e Silva, ex-estudante de informações , 1944 , Fort Leavenporth, quartel americano, EUA , e, ao final do regime de terror , sob direção formal dos presidentes militares Geisel e Figueiredo.
Houve uma busca, por parte do regime em transição , de institucionalização e legitimação dos valores e interesses dos promotores do “golpe” inicial e daquela contrarrevolução, iniciada 1964, afirmados, em seguida, via Constituinte(1986) e Constituição (1988). Um processo político-econômico que avançou sob pressões e influências diversas , a principal do Império Americano, iniciada a convocação da Constituinte já de forma distorcida e controlada (via um Congresso travestido de Constituinte, investido de tais poderes, e não por uma vera Constituinte eleita de forma independente, para redigir a Constituição ), além de sob condicionamentos econômicos e pressões promovidas por empresas nacionais e multinacionais. (Cf. , entre outros, “O Jogo da Direita”, de R.A.Dreifuss) . O resultado – um sistema constitucional entranhado , em essência, com os valores antes referidos , isto é , aqueles dos promotores do regime de 1964(Golbery , Império Americano, empresariado nacional aliado, etc.) , e daquele “autoritarismo e impunidade” das “elites”, clássicos no Brasil , bem descrito ao longo de décadas por Paulo Napoleão (“Autoritarismo e Impunidade”).
Hoje, século XXI, décadas após tais “experiências” de integração e subordinação , mais uma vez, aos interesses e diretrizes do Império Americano (como no passado, de forma ingênua ou traidora, conforme já denunciado por Eduardo Prado, em “A ilusão Americana”) , os resultados, que falam por si, estão à nossa volta , com Bolsonaro presidente, após estranha facada , o país falido , o estado disfuncional , deficitário , degringolado, forças militares mal armadas, brasileiros morrendo nas ruas, favelas, hospitais, prisões , em grande número, num genocídio não declarado nem assumido , evidente , dia a dia . Um estado fracassado de exceção informal, implícito , funcionando aos tropeços, com uma dívida pública que já chega a 5 trilhões e 500 bilhões de reais, e , o que é mais grave , pagando por tal os juros mais altos do mundo .
Este o resultado da política do Império Americano imposta ao Brasil , por pressões e violências, crimes e torturas, em especial a partir da década de 1960, situação melhor teorizada e consubstanciada, afinal , no chamado “Consenso de Washington” (1989). Uma pressão tão forte a ponto de levar, logo adiante, um presidente eleito, Lula da Silva , a comprometer-se , formalmente, com ele, antes mesmo de assumir seu cargo . Este assinou compromisso com aquelas diretrizes(privatizações, pagamento fiel da dívida pública, para isso superávit primário, desestatizações, etc. ), através da “Carta aos Brasileiros”(2002), que cumpriu fielmente , inclusive com elemento de absoluta confiança do grande capital internacional, Meirelles, como o grande capitão da economia brasileira . Uma política que permanece vigente, desde então , e agora vitoriosa, afinal, até nas urnas , com Bolsonaro presidente, embora haja argumentos para arguir-se a legitimidade dessa eleição (caso da estranha facada , urnas eletrônicas não confiáveis sob supervisão de um STF/Tofolli, menos confiável ainda a nível popular, intervenção de capital financeiro internacional nas passeatas que ajudaram a queda de Dilma e a eleger depois diversos deputados (Cf. “A Nova Direita”, de Flávio Fabrizio).
Tem-se, em resumo, um diagnóstico político e econômico razoável fiel sobre as causas que levaram o Brasil à atual continuada crise e decadência – uma política-econômica imposta do exterior , por interesses estrangeiros determinados, inclusive o de não permitir aqui o desenvolvimento de um possível concorrente industrial independente(Ver Chomsky, N.colet., “Para entender o Poder”) . Ou seja, um estado industrializado, moderno, competitivo(sequer o país tem um sistema ferroviário moderno, apenas coalhado de estradas, péssima estradas- isto para favorecer interesses de multinacionais de automóveis, que aqui se instalaram em grande número ?), forças militares com tecnologia atualizada, eficiente infraestrutura em todo tipo de transportes , saneamento básico , indústria básica pesada , indispensável a forças militares bem equipadas , etc.).
Mas, o mesmo não ocorre quando se indaga sobre as alternativas do país para o futuro , havendo um silêncio apenas, e a lembrança da falta de um “Projeto de Nação”, o país na rabeira dos países que buscam desenvolvimento, quanto a índices como o PIB, educação ou saneamento básico ou patentes. Interessante que nem a “oposição”, quase que reduzida à parlamentar , nem bases da administração no poder , tocam nessa questão, agindo como se o “imperialismo”, empecilhos vindos de fora, de longa data , ao desenvolvimento nacional, simplesmente não existisse.
[Aliás, situação que vem desde a “redemocratização” e “anistia ampla e irrestrita”, advindas daquela distensão lenta e gradual promovida por estrategistas americanos (intelectuais de alto nível) , Golbery(serviços secretos dos EUA e Brasil), Geisel (estrutura estatal) , empresariado nacional e multinacional.
Quando se faziam críticas políticas, relembrava-se o passado, etc. mas eram poupados ataques ao imperialismo dos EUA, origem básica dos problemas nacionais, junto com seus aliados locais. O que leva a mais uma indagação – ingenuidade, casualidade ou simples expressão do domínio estrangeiro já então acachapante, a ponto de toda a oposição calar a respeito da questão .(Um dos poucos que condenou tanto a anistia como esta redemocratização , via eleição indireta e Tancredo Neves, etc. foi Prestes .(Cf. “Prestes- um Comunista”, de A. Prestes)].
E O FUTURO DO “PAÍS DO FUTURO”?
Que futuro pode vislumbrar-se para um país um dia chamado de “país do futuro”, hoje ridicularizado como “eterno país do futuro”? Um Presidente destemperado, boquirroto , atos contraditórios, mudados dia a dia, com pregações sempre controversas , demagogo, populista, adepto de uma política de completa adesão e subserviência aos interesses imperiais citados , numa reedição atrasada , exagerada e exaltada daquela “ilusão americana”, denunciada por Eduardo Prado, há mais de cem anos .
Isso se passando sob um estado de exceção informal, implícito , com o uso continuado de suspeitas urnas eletrônicas (duvidosas quanto à exatidão da apuração, na palavra do próprio presidente Bolsonaro, eleito por elas) .Além de privatizações em curso (recente da BR Distribuidora Petrobrás, desestatizada e privatizada), o que quer dizer , mais uma vez implementada a velha política neoliberal imperial, antes imposta pela violência , agora pelo voto.
As forças militares sustentando essa “legalidade” , que legitimaria o presidente e o regime , antes um general assessorando o STF/Justiça , este o mentor e protetor das urnas eletrônicas ; hoje, Bolsonaro , presidente , militar, apoiado por militares, o Judiciário cumprindo seu dúbio papel de interpretações jurídicas duvidosas , engavetamentos, decisões permitindo prescrições. (Recente , há poucos anos, o STF, via seu presidente, então Lewandowski , promovendo com Calheiros (presidente do Congresso Nacional) o impeachment de Dilma, ao mesmo tempo que “retalhavam” a Constituição, afastando Dilma , mas não a punindo, como aquela previa . Atualmente, Toffoli atendendo recurso do filho do Presidente e suspendendo inquéritos e investigações em andamento , enquanto pouco antes ele próprio estabelecera uma censura inconstitucional , site “O Antagonista” , quanto a denúncias que direto o atingiam. Quer dizer, em benefício próprio .
Aparente confusão por incompetência , de Bolsonaro e ministros , ou o objetivo seria provocá-la , por descaso e má-fé, correndo o risco ou tendo mesmo a intenção , sendo testada a sociedade e a possibilidade de rápido avanço totalitário ?
As atitudes de Bolsonaro e seus ministros e equipe , contraditórias, confusas, dizendo e se desdizendo sobre interpretações , fatos, análises e pessoas , com uso de mentiras que lembram a dos nazistas, Alemanha , década de 1930. Sua diretriz econômica macro pode ser retirada das pregações do Império Americano , e, hoje , até mesmo de um Trump, presidente americano ; já a de menor alcance é demagógica e apenas para seus apoiadores, atingindo problemas como o armamento da população , multas, etc. As atitudes contraditórias, mentiras descaradas, omissões, negativas genéricas sem responder a acusações específicas, etc. do comportamento hitlerista da década de 1930, Alemanha, como pode se ver em Hannah Harendt (“Sobre o totalitarismo”).
No conjunto, temos hoje, no Brasil , demagogia, populismo, mas ausência de objetivos de conciliação nacional ou aumento da popularidade presidencial efetiva , com a conquista do apoio da maioria do povo brasileiro. Ao contrário, ataca-se direto os presidentes de instituições respeitadas, generais prestigiados , autoridades diversas de diferentes níveis. Em alguns casos, como quando a Maia, Presidente da Câmara, depois volta-se atrás, estabelecendo-se uma espécie de trégua temporária, por interesses diretos em votações na Câmara . Tudo isso incompetência, casualidade , ou um teatro bem ensaiado com objetivos específicos, no estilo Trump, ou melhor, modelo Trump , exportado para o Brasil e outros países ?
A crise em curso tende a radicalizar posições contra a administração federal , e o máximo representante dela, Bolsonaro , se atingido , adiante, pela economia em caos , mas sempre mantendo o seguimento fiel da política americana imposta . Ora, a manutenção dessa situação , o Estado com enorme deficit fiscal , significa, dia a dia , o aumento da dívida pública, pagando juros dos maiores do mundo . Como não tem condições políticas, sociais ou , em especial , militares e econômicas , isto é , superavits fiscais e reservas capazes de suportar guerras ou pressões econômicas ou políticas , o país estaria nas mãos do capital financeiro internacional .
Em outras palavras, do bloco neoliberal mundial, do Império Americano . Garantindo uma fachada de normalidade, ao preço de multiplicar a dívida pública, caminhando no negativo , na dependência exclusiva dos humores e interesses do Império do Capital . Isto explicaria a prévia declarada subordinação de Bolsonaro aos interesses imperiais, até dando continência , subserviente, já os militares sustentando-o, mas mantendo mínimo decoro, conscientes da situação ? Quereria Bolsonaro , prevendo o futuro , um conflito para agora, já, quando mais forte, recém-eleito, mais legitimado, daí provocar as oposições, com o objetivo de, tendo oportunidade, responder com violência, já que detém tal poder e esta seria a melhor hora para ele ?( Alguns de seus alvos diretos saberiam disso ? Colunistas , como Lauro Jardim, perguntam onde estaria o tão valente MST, de Stedile e outros, que Lula usava para ameaçar as direitas que atacaram Dilma , atualmente .calado e apagado . Teria o raciocínio antes desenvolvido, daí encolher-se , politicamente ?).
Se não o mencionado , o que pretenderia Bolsonaro, nessa complexa situação , ao atacar políticos, presidentes de órgãos como o INPE, governadores nordestinos , dirigentes de nações estrangeiras ? Trata-se de provocador , até por índole , e que sempre se deu bem com essa postura , antes sem poder ou podendo não ser levado a sério(quando simples deputado) , agora Presidente da República, com poderes garantidos pela Constituição , aliado ao Império, e dele dependente, tendo na ponta de seus apoios mais populares – milícias, máfias locais, tudo entranhado com a pior e mais velha política brasileira , ele deputado federal por décadas .(Casos diversos dos filhos, o desaparecido Queiroz, que a big mídia deixa por isso mesmo,etc.).
Seria inteligível, com intenções políticas evidentes, o uso, por ele, de demagogia e populismo , e não seria o primeiro nem último a fazê-lo , desde que Jânio, Collor e Lula os usaram , cotidianamente . Seria um meio de aumentar o número de adeptos , em especial de menor nível cultural , ampliando um eleitorado fiel de cerca de 25% da população, bem mais fraco no Nordeste .
Esta seria até uma posição lógica de Bolsonaro , independente de questões éticas , se confiasse e respeitasse as instituições existentes, ainda relativamente democráticas . Mas, Bolsonaro mostra que não acredita em nada disso, identificando-se , nesse particular , à maioria do povo . Todavia, tal traço pode ser revelador de suas atitudes futuras – se tiver condições de agir por si.
Afinal, ele teria, teria … sido eleito através daquelas instituições “democráticas” , ou relativamente democráticas , do estado de exceção informal e implícito , no qual estamos inseridos (repita-se – não é o “tradicional”, nem ditadura, nem “ditadura constitucional”; ver conceito em caminhandojornal.com ou em Agamben, em outros arts. deste site ). Eleito ,em 2018 , aceitando as suas técnicas eleitorais , formas de apuração, etc. Mas, Bolsonaro mostra , na sua práxis , e discurso, que não confia em nada disso, o que até , reconheçamos , o identifica mais com o povo brasileiro .
Mas, então , em que se escoraria Bolsonaro , se não nas instituições, em caso de ondas de oposição crescente, ausência de legitimação, ilegalidades apuradas sobre seus filhos , crise econômica maior ?
Apenas no Judiciário e militares e nessas instituições ? É o que tem feito, até agora, tanto que seu filho e o amigão Queiroz continuam escapando da Justiça, via Toffoli e essas instituições garantidoras da “governabilidade” antidemocrática das oligarquias brasileiras e internacionais . Mas, haverá limites para isso . Não poderá esconder suas mazelas, exibidas desde os os primeiros dias de administração , sempre sob o Judiciário, polícias, MP , acordos de bastidores envolvendo todos , inclusive militares e parte do Legislativo , não transparente . O limite disso está na ação das omissas oposições e na capacidade delas mobilizarem e desmoralizarem sua administração . Mas, e quanto a essa “frente de direita”, nos bastidores, com centenas de empresas e entidades , que o apóia ? Em caso de crise e ataques violentos , com todo esse apoio, Bolsonaro abdicaria do recurso à violência ?
Afinal, Bolsonaro tem um grande “esquema” montado, muitas “cartas” nas mãos, inclusive parte do povo e de várias correntes religiosas, todas fechadas com ele. A isso , somar-se a máquina estatal federal, em vários estados , além da divisão política entre as oposições legalizadas, o que permite ao Estado maior controle e repressão sobre elas. (Divisão inevitável, pois evidente que parte delas alinhada com o neoliberalismo , com o Império e suas diretrizes, apenas fingindo condená-lo , moderadamente, por interesses eleitorais. Boa parte das “oposições” não se alinha com Trump/Bolsonaro, mas com os liberais americanos , do Partido Democrático , mais “moderados” e civilizados, aparente , tanto que Danny Glover, da AFL /CIO, visitou Lula na prisão e manifestou sua solidariedade, do mesmo modo que parte de representantes americanos, ONGs, etc. , em todo o mundo . O mesmo não ocorreu com a “Nova Direita”, Partido Republicano ou Trump).
Por isso tudo , Bolsonaro não cultivaria nenhum desejo de conciliação , convencimento, etc. ? Seria ele “nova direita”, de Olavo de Carvalho , um revolucionário de direita, radical, que não acredita em “instituições democráticas”, sequer nesses generais que deixaram um “comunista”, então Aldo Rabelo, ser Ministro da Defesa? Ou acharia que o apoio em votos , legitimador , de forma aparente legal, não é o mais importante? O mais importante seria para ele o apoio do Império Americano , por exemplo, ou o das forças militares ou o das oligarquias locais as mais poderosas ? Daí, divergências com ele por parte de algumas forças tradicionais da direita brasileira, que posa de civilizada, mas, nas horas cruciais, une-se com os radicais para golpear o povo, de forma violenta, como ocorreu desde a década 1960 ?
De qualquer forma, Bolsonaro e as correntes políticas que o apoiam não pretendem a “maioria” da sociedade , caso em que teria que aumentar apoios ao centro e esquerda , ser mais conciliador, o que condena com veemência, e atitude política a que atribui responsabilidade pelo caos político brasileiro atual .Mas, se tal é verdade, o que pretenderia ? Se mesmo com as “armas” anteriores nas mãos perdesse as eleições, entregaria a direção do Estado e tudo que alcançou (a “frente”política citada, que o apóia ), sem maior resistência ?
Faz Bolsonaro uma “Nova Política”? Mas, qual ? Fora o acima explicitado, e mesmo com manipulações, ele está envolto na mais velha política brasileira – conciliações, fraudes, espertezas , manipulação da Justiça e das religiões , demagogia, populismo, etc. A “nova política” ficaria, então, por conta da “Nova Direita”, de Bannon, Trump, americana, levada hoje não só no Brasil como em outros países , com recursos como aquelas “guerras híbridas”, “primaveras coloridas”.O que vimos aqui, toda nossa big mídia envolvida, na tentativa de derrubada do governo venezuelano de Maduro.
Usar chapéu de “vaqueiro”, em visita à Bahia, seria algo novo ?Lula fazia isso, com todo tipo de chapéu. Inovador, tendo sido deputado federal , e medíocre, por décadas, naquele Congresso de “picaretas” (segundo Lula) ou atrasado , nesse tempo tendo usado até “auxílio moradia” desnecessário, para “comer gente”, como dizia ? Novidade seria colocar os filhos na política e elegê-los , como sempre fizeram Sarney ou Calheiros ou Barbalho, dinastias , em seus estados ? Bolsonaro fez exato o que muitos fizeram e fazem . Como Lula dizia , quanto às acusações de montanhas de dinheiro de empresas, usadas em suas campanhas .Novidade Bolsonaro , quando não se empenhou para que fosse preso um acusado como Queiroz , envolvido nas acusações contra seu filho ?
Nenhuma novidade . Bolsonaro é velho político, adepto de velhas políticas, radicalizando à direita , para ganhar esse público – com êxito, por sinal. Só que agora engajado no esquema mundial da “Nova Direita”, de Bannon, neocons americanos, Trump etc. , – projetado no Brasil . Aí a novidade – direto engajado no projeto de uma nação estrangeira , radical, tudo indica totalitário, uma tentativa de salvar o Império da crise e decadência , pois enfrenta a China , e Rússia e outros adversários menores, mas perigosos porque com bombas nucleares e aliados entre si.
Ancorar-se, politicamente, na religião , como Bolsonaro , é novidade ? Tal nos faz voltar séculos . Quantos pastores políticos foram eleitos antes dele ? Ligar Estado e Religião é algo velhíssimo, uma volta às origens do Estado , embora quebra do conteúdo do chamado Estado laico. O que vemos é retrocesso , escorado em religiões , com o objetivo de unir e preservar melhor o bloco mundial imperialista .
Religião manipulada para conquistar massas . Hitler e os nazistas se apoiaram também na religião, em discursos exaltados, clamando por Deus, que estaria com ele, Hitler , e com a Alemanha de então. O mesmo fez Bolsonaro, por sinal, com seus apelos a um“Brasil acima de tudo”e “Deus acima de todos”. Voltamos décadas , experiências históricas . Impossível não lembrar a frase batida , mas sempre atual – “…a História se repete , primeiro como tragédia, depois como farsa .”
Então , para onde poderia ir, como reagiriam Bolsonaro e apoiadores em caso de derrotas ou perspectivas de tal ? Evidente que , sem problemas, se perpetuariam todos no poder estatal, com apoio estrangeiro .Mas, e se sentida e prevista uma catástrofe social ainda maior, no Brasil ? É possível , eis que o Império nunca ajudou , realmente, país algum , em nenhuma época .Como reagiria Bolsonaro para evitar um caos maior ainda, ultrapassadas as saídas naturais ? Isto é, controle populacional, genocídios assumidos ou mascarados , etc. ? Não contaria , sem pagar alto preço, com o Império , pois este, muito ao contrário, arrasou tanto uma Argentina como Brasil , Síria , Vietnan , Iraque , Indonésia e Timor. Fora outras dezenas de países . Basta consultar fontes sérias, a respeito – milhões de mortos, torturas, assassinatos, etc. E agora, quando a China avança rumo ao primeiro lugar no palco mundial econômico ?
Então , quanto a Bolsonaro e seus apoiadores. Primeiro, pouco ou nada esperam da democracia e do voto popular, pois , de fato ,não o cultivam. Isto pode ser visto em discursos anteriores e atitudes como as examinadas . Quer dizer, consultam as urnas mais como uma necessidade de legitimação de poder já alcançado, bem o sabem, por outras vias – que não o aparato “democrático” com eleições, nas quais mostram não acreditar , como solução dos problemas populares . (Tanto que Bolsonaro sempre defendeu ditaduras).
Todavia, bolsonaristas cultivam, cortejam, e muito, as Forças Armadas e o Império Americano , cuja política seguem. Já sabemos seu estilo, demagógico e populista, que assume velhíssima política, também usada por Hitler , que, aqui , corteja militares e Império, e que cultiva a mentira.
Tendo assumido há poucos meses, o presidente já admite uma possível reeleição . Ora, estaria preparado para a derrota , aceitando-a ? Podem haver mudanças de vários tipos, desde no Judiciário até nas urnas eletrônicas. E Trump, possível embora não provável (porque nos EUA vige também um estado de exceção informal e implícito) , pode perder as eleições, nos EUA.
Na última eleição, Bolsonaro beneficiou-se de facada, religiões, Império Americano, Steve Banon e Internet , da incompetência de Lula, traição para muitos , não apoiando Ciro Gomes . E , também , de , via Villas Bôas, ex-comandante do Exército, respeitado então nos quartéis, do apoio dos militares. Isto é, da estrutura militar das três Armas , até fazendo campanha dentro dos quartéis, repartições militares, de norte a sul do país. Ora, tal enquanto a oposição parlamentar desmoralizada , acusada de comunista e corrupta , via o líder Lula da Silva, envolvido em acusações e processos . Taxado , aliás sem o ser, de comunista. Uma situação excepcional , que pode não se repetir. Tenha sido casual ou cuidadosamente planejada.
Caso haja aprofundamento da crise , e omissão ou mesmo intromissão negativa do Império Americano , reorganização dos setores democráticos e das esquerdas, fazendo oposição de fato , insista-se , como reagirão os bolsonaristas e aliados ? Afinal , contam com parte do povo brasileiro, a máquina estatal ,apoio do Império , das forças militares, milícias…O quanto, sem argumentos, aturarão dos oposicionistas ? Ainda mais quando lembram as provocações de Lula , sua falsa valentia ?
Jamais o Império auxiliou, de fato , qualquer povo ou país, fora demagogia evidente, como jogar sobras de alimentos ou leite . Basta ver o que fizeram na América Latina, Síria, Timor ou Kosovo e dezenas de países . Só exploração desenfreada e guerra , contidas apenas pela valentia indômita de alguns povos ,armas nas mãos , mais alianças com potências longe do Império, ou por deterem a posse de armas nucleares.
A execução de política econômica promovida pelos EUA só levará o Brasil ao agravamento da crise e decadência – e este é o caminho atual , sob apoio de classes preponderantes , omissas ou coniventes ou apoiadoras. Auxiliadas pela também omissão ou falta de condições de frações, setores desorganizados ou em extinção , de democratas, alguns já aderentes ao Império , olhos fechados (caso do PSDB, entre outros) , e de esquerdas e “esquerdas” a sonharem com a volta de Lula .(E, óbvio, mais recursos, verbas, benesses, cargos) .
O futuro dessa situação ? A consolidação do Protetorado Brasil(que já existe, segundo Mangabeira Unger) ou de um “estado associado”, formal ou informalmente – aos EUA . O que significaria o fim do Brasil, um estado que ainda pretenderia independência , nacionalismo e soberania. Esta a pretensão americana e das oligarquias brasileiras aliadas , que vem-se fortalecendo, além de ser a proposta política de Bolsonaro .
Sonhar com independência , nessa situação , é sonho de uma noite de verão, como se diz . Basta ver a atual “independência” e soberania do Brasil , que sequer pode abastecer de petróleo embarcações iranianas , com exportações brasileiras, ancoradas em águas nacionais . Isto , face a “uma proibição americana”, que colocou a Petrobrás temerosa de retaliações . E a Justiça brasileira deu razão à Petrobrás. Ora, que soberania e independência seriam essas ? Imagine-se adiante, prosseguindo o processo político em curso .(Nota da redação – Depois, houve recurso ao STF, que ordenou que os navios fossem abastecidos. Mas, o fato, que durou meses, mostra a situação da Petrobrás e o temor e confusão da administração federal brasileira ).
Outra hipótese, quanto ao futuro do país, seria a tentativa de reativamento ou refundação de um Brasil soberano , independente, mais igualitário, mantendo sua relativa soberania- e ampliando-a. Ora, isso nunca foi nem seria admitido pelo Império(nunca o admitiu em suas nações satélites, muito ao contrário. Basta ver decisões de seu Conselho de Segurança Nacional ). Nesse caso, o Brasil, tentando ir nesse caminho, como na década sessenta, certamente enfrentaria até intervenção americana direta , em último caso , para permitir a vitória do Império e de seus aliados e interesses, o que quer dizer, nos dias de hoje, bolsonaristas e aliados .
Uma situação , nessa hipótese, de inúmeros sacrifícios e sofrimentos para o povo brasileiro . Basta ver as ações americanas em diferentes partes do mundo, promovendo milhões de mortes. E jamais admitindo independência ou soberania , muito menos industrialização de alto nível, em seus países satélites . Tal soberania e independência reais teriam que serem conquistadas , pagando-se o preço com “juros”, frente a omissões e conciliações passadas, durante décadas.
Vive o país, hoje , um meio caminho rumo a uma dessas situações, consolidando-se , aos poucos, a primeira hipótese, apoiada a integração formal do país ao Império Americano, por parte das “elites” locais .
O povo brasileiro , confuso e omisso , enganado e desarvorado, além de desorganizado , sem análises verossímeis e coerentes sobre o que vem ocorrendo no país , e assim patinando em mentiras, armadilhas e fake news . Assistindo ao correr dos acontecimentos , a maioria sem intervir , mas já sentindo na pele sintomas da doença chamada esfacelamento nacional , diagnosticada há décadas . Ela está em curso e pode ser vista , além de em mortes – e depressões, esquizofrenias , ansiedades , diabetes , pressão alta, acidentes evitáveis, IPTUS impagáveis, lojas e negócios fechados , hospitais deteriorados ou fechados , prisões assassinas, ausência do direito de ir e vir, assaltos, crimes, balas perdidas , areias e mares poluídos, dívidas impagáveis, a começar pela pública, de trilhões de reais.
Em suma, a crise aguda repercute e gera, tem como consequência tudo aquilo que cada um de nós e nossas famílias vem sentindo e sofrendo , dia a dia . Vocês bem sabem do que se trata. E terão, mais cedo ou tarde, que decidir que rumos todos tomaremos.
(Original integral , não revisado, do editorial de Caminhando Jornal TV 18, a ser divulgado no site caminhandojornal.com )
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