Bolsonaro e a Ilusão Americana
Bolsonaro e a Ilusão Americana
(Rodolfo Bruzun)
“A americanização do Brasil significou, para os homens que assumiram o poder a 15 de novembro de 1889, o fim da herança colonial, a industrialização, o progresso da democracia. Era o mesmo ideal que , durante um século , todas as gerações de revolucionários agitaram. A República sintetizava-o . O Governo Provisório lançou-se , febrilmente , à tarefa de sintonizar o Brasil com o tempo .” ( Moniz Bandeira, “Presença dos Estados Unidos no Brasil”-Dois séculos de história – , C.Brasileira, RJ, 1978).
“O Brasil viveu momentos de delírio . Queria romper com tudo que lembrasse o passado . O radicalismo exaberbou-se . Pretendeu-se até mesmo expropriar as companhias estrangeiras e expulsar do país o capital europeu . As manifestações ao nacionalismo , paradoxalmente, acompanhavam as tendências para a americanização do país . Uma comissão de cinco membros , sob a orientação de Rui Barbosa , elaborou a nova Constituição, uma cópia mais ou menos fiel da americana. Instituiu-se o federalismo. O país passou a chamar-se Estados Unidos do Brasil.”(…) “Esta era uma das razões que levavam o positivista Benjamim Constant , Ministro da Guerra ,a defender uma política exclusivamente americana , (4) a Doutrina Monroe.” (5)( Id. p.134).
“Deveis ter sempre em vista que é loucura o esperar uma nação favores desinteressados de outra , e que tudo quanto uma nação recebe como favor terá que pagar mais tarde com uma parte da sua independência. Não pode haver maior erro do que esperar favores reais de uma nação à outra “. (George Washington , in “A ilusão americana”,Eduardo Prado , Brasiliense, SP, 1961, p.186/7).
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UM
“O cruzador americano Detroit chegou a disparar dois tiros – um de peça e outro de mosquetaria – sobre o Trajano . Era uma “oposição tão grave como aparatosa” (22). Que não deixava ao Almirante Saldanha outra saída senão lavrar o seu “protesto pela voz do canhão”.(23) A revolta , porém, estava no fim. Liquidada .”( p.143)(…) “A ditadura de Floriano , que tinha todos os aspectos de um movimento contra o predomínio da Inglaterra , consolidou a República . Mas esqueceu que o socorro externo “é sempre na história o modo por que primeiro se projeta sobre um Estado independente a sombra do protetorado “. (42) Os Estados Unidos , cada vez mais , influenciavam, decisivamente , as transformações do Brasil. “( p. 145 , in Moniz Bandeira,ib.).
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“Bolsonaro, o Brasil e a desilusão americana “; ou “Bolsonaro e a ‘peste’ americana ; ou “Brasil ainda com o “vírus americanus ?”Ou outro similar , na essência , tal como – ”Bolsonaro e a ideologia do neocolonialismo”. De algum modo, todos sintetizariam o que analisaremos : ainda existe , hoje , disseminada pelo Brasil , antiga mas na ordem do dia , uma ilusão americana , e desde mais de um século ? Ilusão quanto a benefícios , exemplos, auxílio efetivo , paz , coerência , parceria igualitária , progresso , industrialização , independência , soberania .E assumida por alguns brasileiros , com entusiasmo , mas cujos resultados foram sempre negativos , ao longo da História , chegando o país à lamentável situação em que se encontra .É verdade que uma ilusão realimentada, dia e noite , por escolas, em currículos, viagens e pela big mídia pró-americana , via omissão de fatos , falsa neutralidade , mentiras, propaganda – ideologia .
Ideologia, sim, que passa despercebida para a maioria : “…a pura verdade é que em nossa sociedade tudo está impregnado de ideologia”…”o sistema ideológico socialmente estabelecido e dominante funciona de maneira a apresentar suas próprias regras de seletividade, tendenciosidade, discriminação e até distorção sistemática como “normalidade”, “objetividade” , imparcialidade científica” . (Mészáros, I., “O poder da ideologia”, Ensaio, SP, 1996, p.14).
De fato, percebe-se uma ilusão americana viva , requentada sempre pela propaganda dos EUA/Império do Capital , não só na big mídia , e internet , Google , Facebook , etc. mas em edições de livros e nos currículos escolares de nível básico , universitário e de pós-graduação . E complementada com viagens gratuitas aos EUA , feitas por estudantes, cadetes ou intelectuais e oficiais brasileiros , selecionados das forças militares . E quem paga essas contas ? O governo americano , por departamentos diversos, como a USIS , e até a CIA , vias transversas, com objetivos evidente políticos .(Conferir, p.e. Frances Saunders, “Quem paga as contas ?”
De resto , bastaria anotar quantos economistas brasileiros , formados nos EUA , estão hoje na cúpula da “nova” administração Bolsonaro .(Conhecidos como “Chicago’s Boys”).Embora já ridicularizados, no Brasil, por Eduardo Prado, no seu estudo do final do século XIX , quando mencionava que voltavam ao Brasil “pedantes”, com conhecimentos duvidosos e desprezando conhecimentos locais.(Id.,cf. abaixo adiante a citação completa).
Tudo isso volta , não paradoxal, mas como natural , em nossos dias , como se fosse algo novo , embora o livro de Eduardo Prado , “A ilusão americana”, comprovando resultados sempre negativos do “auxílio americano” ao Brasil , e com provas e fatos, date de 1893 . Livro, por sinal , proibido pela Polícia ,ao ser lançado no Brasil , naquele mesmo ano , o que revela o poder americano sobre o Brasil , já há mais de cento e vinte anos .
Note-se que a análise que segue , quando o novo Presidente Bolsonaro tomou posse , se apóia , preliminarmente , em conceitos já analisados neste site. Por exemplo- “imperialismo”, que a big mídia, e até parte das “esquerdas”, ignora , como se não existisse , mas com bases sólidas de justificação , caso de historiadores ao nível de Hobsbawn (“Globalismo , Democracia e Terrorismo” ) ou Moniz Bandeira (“Formação do Império Americano”), entre outros. O mesmo vale para o conceito de estado fracassado, caso brasileiro , apoiado em Noam Chomsky(“Estados Fracassados”) e de estado de exceção , sustentado em Giorgio Agamben (“Estado de Exceção”).
E quanto ao uso desses termos/conceitos , interessante preliminar é lembrar outro intelectual de status acadêmico indiscutível, I.Mészáros, já citado :”…conceitos como exploração “ e “imperialismo” são banidos de qualquer discussão séria sobre o relacionamento entre as sociedades capitalistas avançadas “industriais modernas” e “pós-industriais” e os países economicamente dependentes do “terceiro mundo”(Id., p.14).
De fato, chegaram a serem chamados de “conceitos ideológicos confusos” em nome da “objetividade dos “scholars”…(ib.p.15). Isto fizeram , no Brasil, e ainda dentro da experiência histórica européia, bem lembrada pelo autor citado (quanto à Europa, ib.), o PT e o PC do B, em especial , sequer se tornando social-democratas, mas construindo e adaptando uma versão local do neoliberalismo, em essência integrando-se a ele , teoricamente, e ainda na práxis, assim evitando sequer a utopia de uma mudança estrutural, além da conjuntural .
Tal o caso quanto ao papel das forças armadas , nos países capitalistas, que têm , em geral , um escopo comum ; oligarquias ; povo brasileiro ; Império do Capital (Ellen Wood , em livro de mesmo nome ) , a farsa Lula ( art. neste site- “Lula – e a farsa continua “. Se quiser clique no link>>>>>https://caminhandojornal.com/lula-a-farsa-continua-a-decadas/ , ideologia do neocolonialismo(ideologia dos impérios , de seu interesse , sempre em defesa deles, no caso ) ; capitalismo dependente ; Brasil , província ou protetorado americano ; entre outros.
DOIS
“O registro documental interno dos EUA remonta a bastante tempo e diz repetidamente a mesma coisa. Eis aqui, virtualmente, uma citação : o principal empenho dos Estados Unidos, internacionalmente, no Terceiro Mundo , de ser impedir a ascensão de regimes nacionalistas que atendam às pressões das massas da população por uma melhora nos baixos padrões de vida …o motivo é que precisamos manter um clima estimulante ao investimento e garantir condições que facilitarão uma adequada remessa de lucros para nós . Uma linguagem assim se repete ano após ano em documento de planejamento norte-americano de alto nível , como relatórios do Conselho de Segurança Nacional sobre a América Latina …- e é exatamente isso que fazemos pelo mundo todo (52) .( N.Chomsky , “Para entender o poder “, colet. ,Bertrand Brasil , RJ, 2005, ‘ p.96 ).
“…olhem o Brasil : potencialmente um país extremamente rico ,com tremendos recursos naturais, só que teve a maldição de ser parte do sistema ocidental de subordinação …”os países quer se desenvolveram economicamente são aqueles que não foram colonizados pelo Ocidente : todo país que foi colonizado pelo Ocidente é um desastre total …” (Ib).
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A ilusão americana , ou o ‘vírus americanus’ , mostra-se viva como vê-se nas talvez (?!) quase ingênuas propostas de Bolsonaro e artigos não tão ingênuos assim de nossa big mídia , sustentada em grande parte pela propaganda americana, direta ou indiretamente . O que atesta a notável resistência dela , de mais de um século, a críticas (encobertas, é verdade, pela maciça propaganda contrária) e efetivos fracassos, mesmo apelando para a violência , com golpes de estado, crimes, corrupção , invasões, prisões , chegando a 2019 tão fortalecida que via , nada mais nada menos, a eleição de um Bolsonaro – Presidente . O poder evidente da ideologia dominante.
E um Bolsonaro e assessores ainda acenando com ela como algo novo – e grande parte do povo acreditando piamente, até porque religiosa . Uma “ilusão” requentada, fracassada , de novo promovida como moderno remédio político e econômico, esperança salvadora da velha e reconhecida desgraça nacional .
Ora, a mesma usada já por mais de século , com resultados negativos – e o doente político e econômico , Brasil, cada vez mais combalido , a ponto de não possuir mais nem real soberania , nem independência, segundo um Ianni( província) ou Mangabeira Unger (protetorado americano) . Restando-lhe poses, hinos , discursos e máscaras , usadas com o objetivo de manter ao menos a independência e soberania formais , não materiais. Isto já bem antes de Bolsonaro.
Mais uma vez , primeiros dias de 2019 , a velha ilusão exaltada , talvez pela centésima vez por aqui , tantas foram elas nas últimas décadas. Embora, agora, a anotar , por Bolsonaro , não pelos próceres do Exército , que de fato o sustentam e ao regime , desde a administração Temer . As declarações dos generais Mourão ou Villas Bôas ou Heleno , respeitáveis , foram mais contidas não tão enfáticas . Talvez estudaram ou conheçam o que expomos , ao menos algumas das mesmas fontes , que vamos detalhar adiante .
Em suma , a velhíssima “ilusão americana” continua atual . Seja para boa parte das forças militares ou povo despolitizado e confuso e doentio , reaparecendo como “novidade” , embora propagada, há décadas , pela grande mídia de diferentes época , e nas escolas , inclusive militares , via currículos e outros meios . Isto é , pelos meios tradicionais citados de inculcação ideológica , promovidos pela potência americana .
Mas , não foi apenas Eduardo Prado quem analisou a ilusão americana , de fato desilusão , empecilho – e até pesadelo americano . Livros mais recentes foram no mesmo sentido – jamais efetivo auxílio americano, exato o contrário : ameaças ; violência ; ardis ; corrupção deliberada de nossas instituições , método antigo de conquista exposto por Sun-Tzé, em “A Arte da Guerra”, 400 AC.
Aliás, corrupção, recurso usado , no Brasil , década sessenta , pelos EUA pioneiros , provadamente , com a corrupção de dezenas de parlamentares . [ Conferir – “Ibad – sigla da corrupção “, Elói Dutra ; o IPES( em “1964 – A conquista do Estado”, de R.A.Dreifuss”) ; “O Governo João Goulart”, Moniz Bandeira ] .
Milhões de dólares despejados na política brasileira e usados para influenciar militares e comprar parlamentares , mais pressões ; ameaças ; mentiras ; calúnias – tudo aceito , afinal , pelas autoridades brasileiras, humilhadas , por tratar-se de argumentos apoiados na força bruta, os brasileirinhos daqui sem condições de garantir seus direitos à soberania e pontos de vista , pela falta de condições militares – força, violência . Getúlio Vargas foi um dos brasileiros mais humilhados pelos EUA, que lhe impuseram ordens, deboches e , afinal , a presença de forças militares no NE(Segunda Guerra Mundial), ameaçando-o ; depois, humilharam-no , vias transversas , na década de 1950 , de todas as formas, levando-o ao suicídio (obras citadas, entre outras, mais “As ilusões armadas”, de E.Gaspari ).
Diversos livros, depoimentos de oficiais militares , provas , corroboram o antes referido , mais incontáveis humilhações aos brasileiros , prejuízos, ameaças , intervenções diretas pela força , por parte dos EUA/Império Americano , suas instituições mesmo , desde antes da República e daí em diante . E décadas depois , ainda, um Bolsonaro repete os mesmos elogios, encômios, admiração irrestrita, não só aos EUA, como a um líder execrável para a maior parte do mundo(aceito apenas pelo poder militar/violência que representa) , caso de Trump.
Mais provas , e relato de fatos , entre outros , em “Presença dos Estados Unidos no Brasil”, de Moniz Bandeira ; ou na “História Militar do Brasil” , de Werneck Sodré . Livros com documentos , fatos, depoimentos que mostram os impedimentos e empecilhos promovidos pelo gigante americano , contra o desenvolvimento nacional brasileiro , ao longo de décadas, mais de um século . E intervenção direta , já na década 1950 , em assuntos brasileiros, até mesmo em eleições do Clube Militar, ajudando a prender brasileiros, por certo instruindo violências, etc. O que repetiram no período militar pós-1964, o que é mais conhecido. (obras citadas ).
A intervenção direta militar , americana , posterior, mais recente , no âmago das forças militares daqui, participando de torturas , e de fato até fundando a ESG, como narrou Cordeiro de Farias , e organizando os serviços secretos brasileiros, inclusive com militares formados nos EUA(“Ministério do Silêncio”, de Lucas Figueiredo ) . Aliás, dentro do figurino/receita do Conselho de Segurança Nacional, EUA , aspecto bem lembrado por Noam Chomsky(Cf.Coletânea “Para entender o poder“). Essas intervenções americanas , aliás, não se circunscreveram ao Brasil, mas a dezenas de países, vários da América Latina, sendo que em casos como a Indonésia envolveram, provadamente (1965) centenas de milhares de mortos e torturados .
TRÊS
“A república brasileira, então ainda na primeira das suas diversas e sucessivas ditaduras, foi o primeiro país que cedeu aos desejos dos Estados Unidos, assinando o tratado de reciprocidade comercial, que ficará conhecido na história pelo nome de tratado Blaine-Salvador…”(M.Bandeira, ib. ,p.147/8).
“O governo brasileiro foi assim ludibriado pela esperteza americana . Em troca de um favor fictício e ilusório , em seguida a uma negociação em que a má-fé norte-americana tornou-se evidente, o Brasil concedeu isenção de direitos às farinhas de trigo dos Estados Unidos, deu igual isenção a vários outros artigos americanos, e para todos os outros introduziu uma redução de 25 por cento nas tarifas da alfândega. Esta concessão trouxe considerável prejuízo para a renda do tesouro “.(Ib. ,p.151)
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Afinal , que “ilusão americana” seria essa ?
Crença teimosa, oportunista , porque mais fácil , politicamente , como visto , e sem qualquer razão de ser , de que o Brasil poderia desenvolver-se, industrializar-se , de forma amistosa , até com apoio dos EUA , contornando os problemas com eles e , muito ao contrário , mesmo com o auxílio deles . Para isso , eles sempre nos ofereceram- e por vezes nos obrigaram a “tomar” , caso do “golpe inicial” patrocinado por eles , em 1964 – receitas ou remédios oriundos do ideário de seus grandes sábios, que pontificavam nas mais importantes universidades do mundo – em especial nos setores econômicos (caso de Harvard, Chicago, etc.) . Mas, a maioria, os mais importantes , nunca os usados por eles próprios .
Isto é, jamais permitiram aos brasileiros a imitação do comportamento econômico deles próprios , EUA , internamente (proteção de suas indústrias e produção, por exemplo ) ou externamente (exigências/pressões para forçar ganho de mercados consumidores). Muito menos auxílio no uso de forças militares, esquadras então , em especial , para auxiliar a conquista de mercados consumidores de países mais fracos ou garantir amplo fornecimento de baratas matérias primas.Embora o Brasil parecesse sempre disposto a tal, como se viu na perspectiva geopolítica de Golbery e, depois, na intervenção brasileira em países africanos e no Haiti , sob o manto americanizado da ONU, este último país invadido de décadas pelos EUA. Onde demonstrou o gigante americano , num país pequeno, sua boa vontade em construir “democracias” com “direitos humanos” e a auxiliar o desenvolvimento de países atrasados – o Haiti, em nossos dais, décadas depois, ainda é uma desgraça social .
Ou seja, o Império nunca permitiu a aplicação de sua real política, protetora, nacionalista , o que significa proibiu-a ; os EUA jamais propuseram ou permitiram tal ao Brasil . Ora, isso não é algo novo , mas público , e se encontra , e detalhado, nos escritos de Chomsky, já citado , e em documentos acessíveis do Conselho de Segurança Nacional dos próprios EUA( ib.).
Nem assim, embora todo o descrito e o aviso explícito até dos próprios EUA , como assinalado, as autoridades brasileiras parecem terem aprendido essas lições – da História e do próprio governo americano. Golbery , até já formulara , há décadas, uma teoria nesse sentido, a famosa “Geopolítica do Brasil” , em que tentava justificar uma saída econômica , com independência e soberania, para o Brasil , acorde com os interesses americanos – uma espécie de “subimperialismo” aliado, atuando aqui na América do Sul– o resultado, um fracasso total, exato o oposto do pretendido .
Hoje , as propostas eufóricas de Bolsonaro , em direção a Trump, estariam repetindo , de algum modo , com inovações como o modelo e exemplo israelense, as superadas e fracassadas teses de Golbery ?
Só há uma explicação para a insistência nessa tese repetida da ilusão – a assimilação , por frações militares e parte do povo do Brasil , por mais de século , de uma ideologia do neocolonialismo, ou do imperialismo , se o quiserem , simplificadora e ingênua , ou oportunista , com aparentes fáceis soluções e , de outro lado , prévias desculpas para o atraso brasileiro e seus percalços políticos e econômicos .
Em essência , contornando-se ou tergiversando quanto ao que foi sempre o empecilho número um, em essência, ao desenvolvimento do Brasil, na fase de predomínio, após o inglês, do imperialismo americano – o veto do Império Americano quanto a uma série de necessidades nacionais , à industrialização e , em resumo, ao desenvolvimento harmônico do Brasil.
O que atesta o poder da ideologia já destacado tanto por um Bobbio como por um Meszaros . O sonho, a ilusão, conveniente, cômoda , oriunda das elites oligárquicas já conformadas, ao fundo, com a falta de soberania e independência nacionais , por parte dos países dominados, saída aparente a mais fácil , pois acorde com os interesses ou com a própria admissão dos dominadores – estes , inclusive , com assustadoras garras atômicas , força que dirigentes de muitos países subordinados não têm disposição para enfrentar . Saída capaz de continuar adiando, por anos ou décadas, algum tipo de “grande tempestade” que exija mudanças estruturais e não apenas conjunturais.
Desta forma, as autoridades brasileiras, governos e administrações diversas , seguindo a política antes admitida e aconselhada pelos EUA para o Brasil – liberal e depois neoliberal (a última nos moldes do Consenso de Washington, 1989), ao qual até o “esquerdista” e “oposicionista “Lula aderiu , formalmente, antes mesmo de assumir , assinando a “Carta aos Brasileiros”, de 2002, assessorado por Dirceu e Palocci . Um receituário detalhado que eles, aliás, cumpriram – e com rigor . ( Verdade que houve algumas lutas populares em sentido contrário, que custaram prisões, golpes, vidas, derrubada de governos como os de Vargas e Goulart, mais AI-5 , torturas,os interesses do povo brasileiro derrotados. Tudo indica que, depois, com a anuência, indireta, mascarada , de Lula da Silva e outros, face ao exposto e às efetivas medidas tomadas por sua administração e pela seguinte , de Dilma ).
Como, muitas vezes, os brasileiros não concordaram(até eleitoralmente ) com tais receitas oriundas de países dominantes concorrentes, ao fundo , caso dos EUA , foi usada contra o Brasil a força/violência, ameaças , pressões –décadas 1950 ; 1960 ; etc. Mas, nem assim teve êxito a ilusão americana , com suas velhas receitas econômicas e políticas de sempre . Só fracassos .
Na última empreitada mais evidente , com o golpe inicial de 1964, seguiram-se décadas de medidas neoliberais , dentro do formulário geral da “ilusão americana”, os resultados – hoje, à nossa volta, sem sentido as desculpas laterais , culpando os próprios brasileiros, no caso da corrupção e outros , desde que sempre promovidos e incentivados ,até de forma pioneira por aqui, com intensidade comprovada, pelo próprio Império/EUA. Como se viu nas décadas de 1950 e 1960 , em especial antes das eleições de então. (Cf. IBAD, IPES, milhões de dólares,oriundos dos EUA/CIA , etc. Referências iniciais já citadas ).
Proliferam as desculpas para o atraso e caos brasileiro(estado fracassado, disfuncional, forças militares mal armadas, ausência constitucional de permissão para uso de energia nuclear, mesmo para fins pacíficos , favelas , penitenciárias anti-humanas , insegurança pública, ausência do direito de ir e vir , genocídios na área da saúde pública ,etc.) , que chega a nossos dias (29 tiroteios no Rio, nos dois primeiros dias de 2019, com mortes ) – elas indicam, de parte das elites aliadas ao Império, sempre responsabilidade, quando não pela raça, má educação , corrupção, caráter fraco, nos “esquerdismos” , “socialismos”(?!) políticos (em especial , agora,após a posse, por Bolsonaro ); “estatizações”, “comunismos”, etc.( Vagamente, assim mesmo).
Ora, origem mais óbvia nos empecilhos colocados pelo Império Americano, como bem explica Chomsky(ib.), explicitando as razões , como já visto . Mas, pouco divulgadas face à big mídia e propaganda , e agora até Internet, controladas aqui pelo Império/EUA, a ideologia neocolonial, digamos assim, já incrustada , controlando-se idéias e novidades em detalhe , inclusive este site e toda a comunicação brasileira, inclusive a militar (Mangabeira Unger e outros, c/ razão ).
Sem sentido os vários ardis usados para culpar as esquerdas, socialistas e outros , ultimamente através de Lula da Silva ,por exemplo . Ora, este líder neoliberal , premiado até por Obama e chamado de “O Cara”, ao fundo não só aderiu , formalmente, aos ditames do Império Americano (2002) .Como depois percebeu-se , por estudos e informações diversas cotejadas , sempre tratou-se de “criatura” americana/golberyana , inventada por aqueles e promovida pela big mídia subordinada aos interesses do Império , isto desde décadas , nada tendo ele de socialista ou esquerdista .
Muito ao contrário , assumido defensor do capitalismo e do imperialismo. Basta ver seus compromissos iniciais com o Consenso de Washington, citados , em 2002, como análises sobre a essência de seu governos e dos de Dilma (jamais socialismo ou esquerdismo algum , apenas bolsas família e medidas assistencialistas e propaganda científica e diversionista, capaz de envolver , enganar, com simplismos, um povo pouco politizado . Cf.Petras, “Brasil e Lula – Ano Zero “, entre diversos outros autores , como estudos de Reinaldo Gonçalves, M.A.Villa, Weffort ,etc. ).
De fato , essa autointitulação de “esquerdista” , quanto a Lula , certa época, foi enfatizada pela mídia do Império e se impôs como veraz para o povo mais simples e os “esquerdistas” da “classe média”, lideranças petistas e aderentes beneficiados com cargos, postos em universidades , posições diversas , nomeações, verbas , candidaturas financiadas e eleições – o velho ‘oportunismo de direita’ . Ao fundo, premiados justo por uma falsificação dos conceitos marxistas e socialistas, promovida pela “ideologia do capital predominante”. Mészáros e outros bem analisaram tais efeitos da “democracia social” no mundo sindical e esquerdas, na Europa, Gramsci encabeçando essa lista ilustre.
Qual , afinal , a origem e efeitos dessa política americana negativa , mas propagandeada e falsificada como positiva , desde Eduardo Prado, cognominada por ele de ilusão americana?
Um capitalismo brasileiro dependente, digamos assim (há outras definições) integrado sempre mais aos interesses dos EUA , na medida em que o capital americano chegava, progressivamente , ao Brasil, século XIX , competindo com o inglês . O atrasado Brasil, explorado pela Inglaterra via Portugal ,e daí seu atraso, agora progrediria , se industrializaria, etc. – esta a ilusão – sob a aliança , amizade , proteção e auxílio dos gigantes EUA.
Afinal, haveria , então, o tão desejado “desenvolvimento.” Uma ilusão de fato , nunca alcançada , mas ainda hoje defendida , pelos motivos expostos – manter esperanças populares numa saída política(política, porque a decisão sobre a economia tem que ser sempre antes política – com condições para implementação ) e, em seguida, econômica- conciliatória com os interesses do Império, evitando choques e “radicalismos”. O que, por sinal, o tempo se encarregaria também de desmentir , cada dia mais um pouco .
O Império do Capital, em crise crescente, a nível interno e mundial , assistindo a China avançar na economia por todo o mundo – e daí as provocações e desespero de Trump – e encontrando resistências internacionais, e na América, em especial , em vários países , pouco pode hoje conceder .Depende cada vez mais de mercados consumidores próximos e matérias primas baratas e acessíveis, não suportando nem industrias rivais nem diminuição dos juros absurdos do capital por aqui investido . O que poderá, nesse contexto , um desesperado Trump – e tem razões para isso – colaborar com o Brasil ?
Só se for para levá-lo à guerra, como escudo e ponta de lança , “bucha de canhão”, contra outros países da América do Sul, como fez no Oriente com Israel, Arábia Saudita e outros, inclusive criando exércitos mercenários. O alvo seria , desde logo, a Venezuela ? Bolsonaro saberá , realmente, onde está parecendo querer meter o pobre Brasil ? Ou estará mal informado, desde que um cidadão despreparado e primário, muito mais que os generais que lhe tem dado respaldo – e tem tomado cuidado com o que falam, bem mais que o presidente , embora pareça o contrário.
Daí, manter-se o Império Americano em guerras permanentes, caso da Síria, Iraque, Iemen , antes Líbia, Iugoslávia , Afeganistão , Ucrânia , etc. (tão constantes que todos quase nos acostumamos com elas , como se fosse normal, caso da violência no Rio , assimilada pelos moradores locais ) .
O Império Americano, apoiado num interno fortíssimo complexo industrial-militar , com riscos de mudança qualitativa transformando-se num estado totalitário( e esta hipótese não é ingênua, pode ser encontrada num Hobsbawn, indireto, ou direto num Moniz Bandeira -“Formação do Império Americano”) , hoje, com um Trump desesperado à frente, a ameaçar e vociferar , tentando conseguir vantagens econômicas via dissuasão , ameaças , seja através do conhecido ‘smart power’ ou do ‘hard power’, usando-os, alternativamente .
No caso de países como o Brasil, fracassados, em geral usando com eles apenas o chamado ‘soft power’ (bolsas de estudo, propaganda na mídia , subornos, etc.).(Cf. Nie Jr., “O futuro do poder “, em que tais táticas são melhor analisadas ) .
Bolsonaro tem certeza que é interessante seguir, por aqui, Brasil, um caminho tipo Israel ou Arábia Saudita , pontas de lança americanas ? – repita-se. Ambos vivem em guerras permanentes , com árabes, palestinos , desafetos diversos, bombas, foguetes , a última massacrando populações desarmadas no Iêmen, armas modernas americanas compradas por altos preços. A situação brasileira é completamente diferente e o Brasil não tem qualquer condição para isso.
Na República, 1889, e nos anos que a antecederam, essa crença ou ilusão ou vírus, como se queira – chega ao auge. Exaltava-se os EUA, na verdade o imperialismo americano em desenvolvimento, mais radical e diferente do inglês. Eric Hobsbawn ensina :
”A economia americana não teve e não tem essa vinculação orgânica com a economia mundial. Os britânicos conheciam seus limites … …a Grã-Bretanha escapou da megalomania … ela se ajustou mais facilmente à perda política …Os Estados Unidos aprenderão essa lição ?Ou serão tentados a manter sua posição global, que está em processo de erosão, com base na força político -militar ? Se assim procederem , poderão promover …a desordem global …o conflito global ….Só o futuro dirá. “ (“Globalização , Democracia e Terrorismo”, Cia das Letras,SP, 2007, p.37).
Se a ilusão americana já não funcionava , quando do auge do funcionamento do sistema de capital mundial americano , imagine-se o que esperar na situação atual, que se agrava dia a dia, atestada por Hobsbawn. Mas, Bolsonaro e outros acreditam ?!
As origens dessa cada vez mais forte crença na ‘ilusão americana’ parecem óbvias – ideológicas, embora sem sentido , os interesses e estratégias do Império Americano , hoje, para o Brasil, se nem naquela época mostraram efetivas soluções para o nosso desenvolvimento . Quando , no auge, buscaram sempre afirmarem-se no mundo, buscando por aqui a conquista da América , e competindo , para isso , com o imperialismo inglês – daí a “A doutrina Monroe”, adotada radicalmente , então , e de forma distorcida e apologética , por importantes políticos brasileiros, caso de Rui Barbosa . Com resultados negativos.
Mas, da parte dos brasileiros das elites oligárquicas , havia facilidades, e um povo sem capacidade de decisão , elas logo aliadas ao Império Americano , forma mais fácil de garantir lucros , sem enfrentamentos , ainda que ao preço de abdicar da independência e soberania do país . Esta uma questão crônica , que atingiu sempre a essência da economia e política brasileiras , desde então até nossos dias, desde sua Independência relativa e depois República Americanizada .
Nos primeiros anos , após a República/1889 , cresceu uma radical condenação ao Imperialismo da Inglaterra, entremeada de elogios aos EUA e sua política – à sua “democracia”(que , realmente, àquela época, tinha um funcionamento ainda razoável , democrático, que foi cedendo aos poucos ao poder de monopólios e oligarquias. Tocqueville, “A democracia na América”; Moniz Bandeira, “Formação do Império…”, ib ) .
Depois , a certa altura das mudanças nos interesses americanos aqui instalados ,e com a queda do czar russo e vitória de pró-comunistas na URSS , 1917 , foi aparecendo , gradativamente, um acréscimo à pregação anterior – violenta propaganda“anti-comunista” : o “comunismo” , daí em diante , passaria a ser o Diabo Mundial, para o Império Americano , o que chega , em essência, a nossos dias. Embora depois com uma questão – afinal , onde estaria ele, onde existiria ? De qualquer modo , primeiro , ataques em direção à URSS ; hoje , décadas depois , mais à China, Venezuela, Cuba , embora a Rússia reorganizada e reerguida , já seja também novo alvo , pois competidora mundial do Império Americano.
No Ocidente, em especial na América do Sul , a partir da Segunda Guerra Mundial, o responsável pela miséria dos povos, passada , presente e futura , segundo o Império Americano , passaria a ser o “comunismo”.
[Embora na verdade tal “comunismo” indefinido jamais tivesse existido, nem exista ainda hoje(2019), em lugar algum do mundo. Nem mesmo existe “socialismo” , que seria a primeira etapa de um hipotético futuro comunista . Existira sim, certo “comunismo” , de fato , na imaginação genial do filósofo Thomas Morus, “A Utopia”, século XVI . E existe, em alguns países, projetos de construção do socialismo , pelo evidente fracasso do capitalismo, em decadência acelerada . Veja I.Mészáros, na lateral esquerda deste site , entre muitos outros ].
O citado quanto a “comunismo” , ou mesmo “socialismo” , revoluções e outras rupturas , foi o suficiente para assustar lideranças do capitalismo/Imperialismo americano , com características diferentes do Imperialismo Inglês . Assim, o “comunismo” passou a servir de desculpa não só para a crítica da mídia ocidental como para ações armadas dos EUA , e seus aliados ,em diferentes países, século XIX, sua esquadra à frente( mais recente, a esquadra substituída por porta-aviões, aviação e mísseis ) ,apoiando-se nas oligarquias locais , em geral avessas ao nacionalismo desenvolvimentista crescente, preferindo alianças com o Império , mais poderoso militarmente e com maior capacidade de investimentos e simpáticos subornos .
Se a defesa dos interesses nacionais por parte de povos de nações subdesenvolvidas, atrasadas economicamente, interessadas em industrialização e benefícios , passara a ser taxada de “ameaça comunista”, o “nacionalismo” e defesa daqueles interesses foram rotulados pelos EUA, espertamente , como “comunismo” – tudo embrulhado num pacote , forma de justificar massacres, invasões, ameaças, pressões, impedindo industrializações , contenção de remessas de lucros, reformas estruturais.
No Brasil , a receita americana fora assimilada pelas elites oligárquicas , dirigentes locais , a ponto de copiar-se integralmente a Constituição dos EUA(1889) e de denominar a nova República como “Estados Unidos do Brasil”. Uma cópia sem sentido, ao olhar de hoje , e mesmo daquela época, num enfoque menos participante direto , pois motivo , então ,de ridículo para brasileiros, nos EUA e no mundo.
Daí para admitir-se canhonaços de navios americanos contra navios brasileiros , na defesa da República e de Floriano(1893) , foi um pulo (1893) . Tão rápido como , ao curso de décadas , buscar-se construir uma “República Americanizada “, seguindo , estritamente, receitas, juros, conselhos, tipos de contrato, empréstimos – oriundos do Império Americano . O Brasil , desde então , oficialmente, militares à frente , entusiasmado , abandonara sua dependência do Imperialismo Inglês e aderira ao domínio do Imperialismo Americano .
QUATRO
“…não há razão para querer o Brasil imitar os Estados Unidos …já estão patentes e lamentáveis , sob nossos olhos, os tristes resultados da nossa imitação: (…) Que a história da política internacional dos Estados Unidos não demonstra , por parte daquele país, benevolência alguma para conosco ou para com qualquer república latino-americana ; (…)Que todas as vezes que tem o Brasil estado em contacto com os Estados Unidos tem tido outras tantas ocasiões para se convencer de que a amizade americana (amizade unilateral e que, aliás, só nós apregoamos) é nula quando não é interesseira ; (…)Que a influência moral daquele país, sobre o nosso, tem sido perniciosa.”(p.185/6. Eduardo Prado,ib.).
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Bolsonaro e algumas suas declarações – realidade ou farsa ? Falsidade , por ter segundas razões, que não desejaria expor ?
Como entender a fala de Bolsonaro e outros, exaltando Trump, os EUA e , agora , Israel, aparente sem pressões ou acerto de alguma contrapartida, com esses países ?
Da parte de Trump , lá de longe, EUA , via twiter, Bolsonaro recebeu apenas 30 segundos de atenção, e de passagem – apenas um descomprometido : “Os Estados Unidos estão com o Brasil”. Indiferença e pouca atenção.
De outro lado, as atitudes de Bolsonaro parecem corresponder às de Trump , dia a dia , que não são as dos chamados “liberais” americanos – só radicalismos, provocações, uso da mídia digital, mentiras descaradas confirmadas, criticas diretas ou indiretas à mídia tradicional, pontapés verbais nos países, não radicais pró-americanos, caso de Venezuela e Cuba .
Seria, mais uma vez, o caso da ingênua Ovelhinha brasileira , desarmada e fraca , via aparente “valentia” de Bolsonaro , na qual só pode acreditar o povo confuso e doentio – o “mito” a acreditar ou fingir acreditar na conversa fiada da Águia Atômica, garras afiadas , sangue escorrendo ? E , por isso, como desde décadas, logo oferecer sua desinteressada colaboração ,por certo em troca de proteção ? De novo uma perspectiva tipo Golbery ?
Mas, segundo Mangabeira Unger , já agora seríamos um “protetorado americano”. Então, o que se pretenderia ? Adiar o caos geral , remendando o casco do navio que afunda , para que afunde mais lentamente ?
Criar esperanças para o povo confuso e doentio , evitando “socialismos” , como diz Bolsonaro , para , mais tarde , “depois… ver como fica … “? Ou continuar a empurrar a “vaca estatal”para a parte mais funda do brejo, em que já está, agora triunfalmente,assumindo,euforicamente,mais uma vez , a ilusão americana, via sua receita de sempre – liberal e neoliberal ?
(Isto ,em contramão da História, que mostra a indispensabilidade da forte intervenção do Estado, inclusive no capitalismo , o que fez Obama salvando o capitalismo americano , em 2008, fato já notório ? Cf. “Ruptura”, de M.Castells ).
As dúvidas e perguntas acima tem , ao menos, mínima razão de ser. Em vésperas das últimas eleições brasileiras , a CIA requentou a divulgação de histórias de torturas de militares brasileiros, de décadas atrás , e espalhou-as na big mídia local, que ela controla. A Rede Globo repercutiu e acrescentou mais imagens e histórias de torturas feitas por militares, também exibindo fatos ocorridos no Araguaia .(Programa do Bial/2018) .
JOGOS PRÉ-ELEITORAIS
A revista Época, véspera das últimas eleições, fez editorial apoiando Haddad para Presidente e criticando Bolsonaro. A mídia mundial americana , por sua vez , criticou, acerbamente, os militares brasileiros e de outros países , em defesa da tese – “local de militar é o quartel”. Diversos famosos intelectuais americanos começaram a serem entrevistados e publicados em jornais daqui . Alguns escrevendo artigos, mas todos condenando Bolsonaro, os militares e o militarismo, em geral – os militares deveriam ficarem sempre afastados da política, nas democracias. Esta a tese de todos – lógico, tese anti-Bolsonaro. Mas, os militares brasileiros, incluindo Bolsonaro, engoliram as pílulas, digo críticas, sequer rebatendo , do mesmo modo que Temer, por certo acertado já então com eles. Por quê ? Quereriam evitar choque direto com o Império e sua tese antimilitarista, que culminaria no apoio ao candidato de Lula – Haddad ?
Casualidade ou causalidade ? Hegel e Moniz Bandeira desaconselham acreditar em casualidades . Acham que a explicação sempre é a outra.(Cf. M.Bandeira, “Formação do Império Americano”, ib ).E envolve causalidades . Isto é, há razões para os fatos – causas.
Ora, tratava-se de uma enorme Águia Americana , que já mordera várias vezes nossa pacífica ovelhinha brasileira .(Pacífica,aliás , mas contra adversários mais fortes . Valente, em diferentes momentos , contra o povo desarmado, em especial quando aliada à Águia. Exemplos, em Canudos ; no golpe inicial de 1964 ; no genocídio do Araguaia; etc. ). Em suma , agora , ao lado , uma Águia Atômica com mais de 900 bases militares pelo mundo . E ainda com uma base militar, de alta tecnologia , da OTAN , avançando perto da Amazônia, na Colômbia .
A “candidatura militar”, via seus apoiadores generais, o Exército em especial , conhecedora do acima explicitado , teria preferido , desde logo, entoar juras de amor ao Império e a seu chefão formal , Trump ? Isto porque, na dúvida, e frente ao poderio da Águia, digo , do Império Americano ? Em outras palavras , para que ele se não virasse ainda mais contra ela, justo em vésperas de eleições, impedindo a eleição de Bolsonaro ?
Possível . Nos últimos dias, antes das eleições, ficou claro, para o observador atento, o apoio da CIA/Império Americano a Haddad/Lula; e o do complexo militar brasileiro a Bolsonaro , de Norte a Sul do país . Isto porque usando sua estrutura física e permitindo propaganda nos quartéis , a Bolsonaro. O Império Americano e militares brasileiros, no caso, raridade , em posição divergente , ao menos naquele momento . Por quê o Império preferiria Lula , Dilma , Haddad, PT /PC do B , ao militar Bolsonaro ? Por serem velhos aliados deles ? Por quererem persistir com o mesmo regime/representantes anteriores ? Para evitar maior politização ainda do meio militar ?
O Império já se livrara de Ciro Gomes, inconfiável ( mais ainda por seu programa nacional-desenvolvimentista; assegurou , pior, do ponto de vista do Império/aliados locais , que logo anularia a compra da Embraer pela Boeing ), via ação do próprio Lula. Aparente, este defendendo a si próprio e ao PT ; de fato , na prática, mais uma vez , indo ao encontro dos interesses do Império Americano .
Afinal, a certa altura ,Lula abriu o jogo , dinamitando , como pode, e em cima da hora – Ciro Gomes . O Império, por sua vez , mostrou preferir “o velho Lula de guerra”, acabando por deixar isso evidente. Talvez por medo da politização dos militares ou do surgimento de um “Coronel Chaves” local ? Pode ser.
De qualquer modo Lula fez o jogo do Império e não das esquerdas. Sequer fez o jogo normal, de seu maior interesse – p.e., negociar um indulto posterior, via Ciro ; abrandar o comportamento da Justiça, recorrer , com mais viabilidade ; possível ida para o exterior ; tentativa de , ao menos , manter o que lhe restava de moral , para a História . E mais alguma garantia de anos tranquilos ao final da vida, em algum lugar seguro ou no exterior. Seria uma conciliação típica da tradição política brasileira de todos os tempos.
Isso talvez fácil , via um Gilmar, Toffoli, alguns generais ou Lewandowsky. Tinha Lula condições para tal . Por quê não o fez ? Por que se arriscou a acontecer o que aconteceu ? Em essência, consciente ou não (seria tão ingênuo?), seguiu, primeiro, os interesses maiores do Império –liquidar Ciro , saída mais provável de sucesso , à esquerda , independente, num projeto nacionalista. Ciro era , de longe, o mais preparado e com melhor programa. Por que Lula teria agido assim ? A desculpa sabemos – “Lula livre”; PT a maior força de oposição , etc. Resultado- derrota geral.
Eleito Bolsonaro , pretenderia a fraca Ovelhinha brasileira aliar-se à Águia , e a outras águias menores , talvez pensando daí auferir benefícios, garantias, tecnologia, direito à energia nuclear , alguma independência , soberania ?
Diferenças, mas, em essência , e mais uma vez, aquela mesma velha ilusão americana , ideologia neocolonial antiga , sempre na ordem do dia ? Capaz de ganhar tempo , perdurar por mais alguns anos – ou décadas ?
Mas, por que Bolsonaro adularia tanto um Trump, nas condições referidas , se até mesmo um medalhão de Harvard, Mangabeira Unger, assegura que a Ovelhinha já está sob a proteção da Águia, como um protetorado informal ?
Para que pleitear alianças maiores e mais fortes ainda , arriscadas , sem qualquer garantia prévia de contrapartidas ? Alguns benefícios mais, insinuados nos bastidores apenas?Ora, a credibilidade da palavra americana , com o Brasil, beira o zero, ou está abaixo dele .
A ideia genial , atualizando aquela ilusão americana, seria a do Brasil agora candidatar-se a ser o “Israel da América Latina” ? Isto é , uma ostensiva ponta de lança política e militar dos EUA , linha de frente americana contra a Venezuela, Cuba, Nicarágua ? Esta hipótese parece provável e tem apoio nas palavras do secretário americano de Defesa , Mike Pompeo , presente à posse de Bolsonaro . Já se fala em base americana no Brasil. E países da América Latina, fora o México, negaram-se a reconhecer a eleição de Maduro. Alguns passos naquele sentido . Incrível hipocrisia. Essa a “revolução ” anti-sistema de Bolsonaro?
De certo modo,estaríamos voltando à velha geopolítica golberyana fracassada (“Geopolítica do Brasil “), de décadas atrás . Em parte,uma não nova mas recauchutada ilusão americana ? Pode ser. Possível que haja nas ações de Bolsonaro uma tentativa desse tipo – valorizar-se , oferecer serviços em troca de certas compensações futuras, ingenuidade ao que parece clássica dos brasileiros – e dos militares: o sonho de receberem, fácil,tecnologia mais moderna, comunicações atualizadas , armamentos , informações ,avanços quanto a foguetes espaciais ou energia nuclear.
Outras hipóteses . Ou alguns dos estrategistas militares locais, após relembrarem suas lições nas academias e jogos de xadrez, teriam reavaliado o passado das relações entre EUA e Brasil ? Ou, talvez, tardiamente, lido as conclusões já públicas e documentadas do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, sobre essas questões ? Teriam lido as análises de um Noam Chomsky ? Estudado a real situação , bastante problemática, da Grande Águia do Norte, no plano internacional , seus projetos históricos, tipo “Destino Manifesto?” A questão não é simplista ao ponto de forças à direita limitarem-se a , mais uma vez , inventarem um “comunismo” e agora “socialismo” para justificarem ações antinacionais .
Militares teriam ao menos relido os relatos das ameaças americanas a diversas nações, como o Iran , Venezuela e outras, inclusive o Brasil , conforme tenham tido seus dirigentes coragem para não curvarem-se frente a imposições americanas(quanto a petróleo, mercados ,minérios, etc.) ?
Lembraria a Ovelhinha brasileira, hoje , o que a Águia Atômica fez com a Síria , o Iraque, a Iugoslávia , o Afeganistão , a Líbia , centenas de países ?
Ou o que o Império andou fazendo por aqui, no Brasil, Uruguai, Argentina, Chile … os mortos, torturados, “desaparecidos”, décadas sessenta, setenta , mais milhões de mortos em todo o mundo ? E suas aventuras atômicas no Japão ou outras no Vietnan, com napalm sobre civis , entre outras ações beneméritas , em todo o mundo, caso da antiga Iugoslávia ? Os assessores de Bolsonaro, militares em especial, lembrariam do que o Império fez sob a famosa desculpa de implantar“democracias” em diferentes continentes ?(Moniz Bandeira, “A desordem mundial”). Em outras palavras, bombardeios, massacres, destruição .
Teriam lembrado do efeito das bombas atômicas jogadas sobre Nagazaki e Hiroshima, o Japão vencido, apenas por questões geopolíticas , isto é, interesses de domínio mundial ?
Dessa Águia imperial, e arrogante , a pobre ovelhinha desarmada e endividada , esperaria, em nossos dias, 2019, apoio, compreensão, auxílio ? Convenhamos, sem sentido.
Estaria Bolsonaro se baseando na relação Israel/EUA , aparente bem sucedidos aliados , no Oriente Médio ? Ora , a situação de Israel e do Brasil , quanto aos EUA, é completamente diferente . Lobies judaicos financiam inúmeros parlamentares americanos , dos dois grandes partidos , e pesam na cúpula do complexo industrial militar – muitos cheques e dólares nas mãos . Israel é a ponta de lança indispensável e asseguradora dos interesses americanos no Oriente Médio – armas nas mãos. E o Brasil, quanto aos EUA, que por aqui sempre agiram como se tratasse de uma formal colônia, quando o é apenas informal ?
O Brasil estaria se oferecendo para, armado por Israel e EUA , inclusive quanto a comunicações e mísseis, ser a ponta de lança de ataques ou provocações contra a Venezuela , Cuba e Nicarágua ? Parece, pelo menos essa seja apenas a pretensão de uma das frações políticas militares , hoje no poder . A mesma posição , com as ligeiras mutações , afinal de contas, que pretendeu Golbery , há décadas, resultados conhecidos . Sempre a ilusão americana – ou melhor , o ‘vírus americanus’?
Um vírus inculcado , permanente, pela big mídia nacional e mundial ,e via Internet , digital , dia e noite , em direção , em primeiro lugar , ao povo brasileiro, e a militares, oligarquias , classes médias?
Possível, ou melhor , provável.
CINCO
“A infiltração definitiva da influência norte-americana na administração do Brasil processou-se apartir da Segunda Guerra Mundial , quando foram derrotadas as tendências germanófilas dos generais Góes Monteiro , Eurico Gaspar Dutra, Alcio Souto e outros condecorados por Hitler , Hirohito e Mussolini (…).Ganhou corpo a preparação de mentalidade anticomunista entre a oficialidade , além de uma concepção de inexistência de fronteiras patrióticas entre o que fossem interesses dos E.U. e interesses do Brasil.”(Duarte, O.P., “Quem faz as leis…” , cf. dados em refs. .25).
“Em vez dos monopólios estrangeiros trazerem capitais para inverter no Brasil , um país subdesenvolvido , acontece exatamente o contrário, o Brasil empresta dinheiro aos monopólios , através do “Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico”, entidade estatal brasileira , para os monopólios inverterem no Brasil, quando deveria emprestar a brasileiros cujos lucros permanecessem no país.”(Id., p.53)
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Bolsonaro , com suas propostas, oferecimentos, até endeusamento de Trump e dos EUA , parece concentrar esperanças num alinhamento “duro” (político, econômico , social ) do país com aqueles referidos interesses americanos. E , agora com algumas inovações – direto e, indiretamente, via Israel , país conhecido como protegido pelos EUA , no Oriente Médio . Tal traria benefícios ao Brasil ?!
Uma velhíssima posição ,de mais de século, que data de antes da República,1889, desmentida por sucessivos acordos com os EUA, alguns secretos . Projetos, pretensões, aspirações , sonhos – todos terminando em decepções,traições , fracassos , desprezo e até ridículo: sempre para o Brasil . Insistamos . ( Eduardo Prado , Moniz Bandeira, Werneck Sodré, etc. , o provam , isto sem contar as conhecidas últimas violências americanas por aqui, desde 1964, liderando uma contrarrevolução antidemocrática e antinacional. Cf. “O Governo João Goulart”, id. ; “O Grande Irmão “, de Carlos Fico ; “O Ministério do Silêncio “, id ., livros que , entre outros, caso de “1964 – A Conquista do Estado “, de R.A.Dreifuss , mostram como tal foi realizado ).
A “ilusão americana” envolve, entranha-se com o “projeto Bolsonaro”, esperando-se que generais estrategistas do Exército tenham elaborado, ao menos , algum plano B, não divulgado, desde que o atual de Bolsonaro só aponta para o fracasso . Após mais ou menos tempo, levando o país para a região mais funda do brejo onde já está – o resultado desse projeto inicial parece ser , ao menos de início, solidificar o Exército no poder, ganhar tempo e desviar a atenção popular da crise geral do Estado e do Regime – depois um caso a ver. De lado , temas como Constituinte, investimentos em infraestrutura , dívida pública de mais de 5 trilhões , absurda , duvidosa e impagável , poderes e instituições corrompidas(desnudar certos processos em “sigilo de Justiça”: prender-se ministros do STF e de outros tribunais ? ; e a situação das áreas em que o povo não possui mais o direito de ir e vir ? ; o estado federal e estados outros também fracassados? ; etc.) .
Adiante , afinal , dependendo de vários fatores (como a ação competente ou não da administração Bolsonaro, a“ajuda” da mídia e do capital financeiro internacional ,a ação dos oposicionistas, p.e.) ,mais cedo ou mais tarde , virá novo fracasso geral , em especial mais cedo se houver uma crise capitalista de caráter mundial (o que está sendo previsto) , em que pese alguns benefícios eventuais prévios momentâneos(antes referidos ) , de curto prazo . E , no caso de mais uma crise grave, se inventará( as “elites dominantes”) algum culpado – à esquerda , claro.
Quais “benefícios” ou agrados sociais , poderiam advir, a curto prazo ? Óbvias correções de absurdos anteriores lulopetistas(que são muitos, em quase todas instituições , encobertos anos pelo Império, big mídia e estado de exceção implícito ) , corte na burocracia exagerada, ataques à corrupção, atuação nos vazios da incompetência das administrações anteriores, em especial petistas , limitações nos exageros e na ênfase à subideologia distorcida , apelativa e emocional , centrada em gênero, sexo, etc. , e não na questão das classes sociais, que não corresponde, tudo indica , à da maioria da sociedade ; flexibilização do Estatuto do Desarmamento, o que vai ao encontro de desejos de parte da população ; continuidade e aumento de investimentos nos “programas bolsa-família” ; investimentos e moralização da segurança pública ; alteração , ao menos parcial , das condições nas penitenciárias ; correção monetária do imposto de renda , entre outras. Estas mudanças são possíveis, com reflexos na sociedade e relativos poucos investimentos, se houver decisão política dos bolsonaristas. Nada atingindo as mudanças estruturais necessárias.
Essas correções, retificações , limitações , de exageros e outros aspectos característicos da sociedade existente , poderão melhorar o fator psicológico coletivo , se com propaganda inteligente e uso de modernas técnicas sociais (questão lembrada por Mannheim , década 1940 , “Diagnóstico de Nosso Tempo”) ,contribuindo para uma sensação coletiva de melhoria econômica e social, mesmo sem alterações na estruturas.
De fato, a crise brasileira não é conjuntural, mas estrutural, isto é , atinge a totalidade, vários aspectos e pontos, do sistema e regime vigentes – estado fracassado, disfuncional , federação falida , poderes corrompidos,etc. Entretanto, por diferentes razões, inclusive a ausência de uma oposição aguerrida e consequente, pela ação desagregadora e divisionista e fisiológica e corruptora dos “esquerdistas”, por décadas, não se viram “grandes tempestades” capazes de provocarem mudanças estruturais, mesmo após passeatas, inflação, denúncias , entre 2012/13, milhões de manifestantes nas ruas. As econômicas foram assimiladas pelo Estado mediante empréstimos, pequenas correções, fechamento de empresas pequenas e médias, à época, mais corrupção e propina; as políticas, pela ação dos “esquerdistas”, Dilma/Lula à frente, nos palácios, contendo, nada concedendo, limitando , xingando os manifestantes de “coxinhas”, “fascistas”, alegando “merecerem porradas”,etc. Incapazes de assumirem a liderança de tais massas , inicialmente perdidas e confusas – depois voltadas à direita e já manipuladas por interesses até internacionais . Tudo terminou no “impeachment”, desvirtuado , mais outros desvirtuamentos à direita, e deslocamentos no centro de gravidade do bloco dominante de poder neoliberal.
Ora , um estado fracassado, de exceção, como o brasileiro , significa ausência de indústrias, em especial pesadas – o que repercute nas forças militares e seus armamentos, e o que as torna também “fracassadas “, motivos óbvios, e não por desejo próprio, pois dependem de políticos – decisão política. Tal situação que não lhes permite , nem ao país, independência alguma ( se armamentos e tecnologia são comprados fora, isto é , de forma dependente, com restrições, etc. , além de , em certos casos, por sua fraqueza militar , até serem os brasileiros vítimas de ardis , como compra de armamentos sucateados, o que os EUA já fizeram com o Brasil, mais recente . (Cf. Gaspari, E ., p.e., “Ilusões Armadas”) . E, aliás, muito antes , época da luta pela República, quando nos venderam/impingiram a compra vergonhosa, ridícula , verdadeiro estelionato , da famosa “esquadra de papelão” , que a defenderia – esquadra falsa, uma fraude – caso que ficou , mais uma vez por isso mesmo, face à fraqueza militar brasileira (entre outros, M.Bandeira , “Presença dos Estados Unidos …”, ib.)
A ilusão americana surge já exagerada, falsa, sem razão de ser , mas vai persistir , mais sem sentido ainda, depois, como componente parcial de uma ideologia de país neocolonizado ou protetorado .
Apoiada numa propaganda americana vitoriosa , seja dirigida para oficiais brasileiros e outros ou para estudantes ou sindicalistas, em cursinhos gratuitos nos EUA ,viagens , tudo pago , inclusive diárias , pelos interesses estrangeiros, como já explicitado .(Cf. , p.e., “Disseram que voltei americanizado…”, tese, de Larissa Correia, sobre os mais de 30 mil sindicalistas brasileiros que cursaram escolas da AFL-CIO, SP, década 70, muitos depois indo para os EUA, como complemento, aliás caso de um, chamado Lula da Silva ).
Tudo isso , ao que consta , somado à propaganda científica da big mídia , foi capaz de produzir resultados efetivos , e por décadas, acomodação , omissão, mesmo que , na práxis , em choque radical com a realidade do país de origem dos viajantes – Brasil . Sodré , general , perito em assuntos militares , bem informado , e que de tudo participou ao vivo , uma práxis longa , esclarece :
”O grande esforço do imperialismo …vem sendo desenvolvido nesse sentido : o de transformar as Forças Armadas nacionais em tropa de ocupação, a seu serviço . Para isso … nos repetidos encontros de chefes militares, em cursos especiais que oferecem , em viagens de estudo que proporcionam e, principalmente, valendo-se das missões militares, manipulam o anticomunismo …( Sodré, N.W., “História Militar do Brasil”, p.403/4).
Sodré, em seu clássico e longo livro,detalhado ,esclarece, com informações de quem viu e viveu tal :
“Essa …operação de lavagem cerebral …tem atingido, realmente, e com êxito, determinados grupos delas, grupos especializados e por isso mesmo atingíveis : os do comando, os do Estado Maior, os de alguns serviços especiais . O que vem acontecendo …é a tentativa, rigorosamente planejada e executada de ganhar o aparelho de comando das Forças Armadas, … porque… por força da hierarquia e da disciplina, o resto vem como consequencia . É preciso confessar que…o imperialismo vem conseguindo alguns êxitos espetaculares, nesse sentido “( Id. ).
Realmente, Sodré publicou-o , em 1968 , e depois ocorreram as barbaridades diversas (até esquartejamentos) e torturas em que forças militares estiveram envolvidas, com consequências e repercussões que chegam a nossos dias . É verdade que a vitória eleitoral de Bolsonaro, em 2018, tem caráter diferente, tendo mudado a conjuntura anterior – impossível ver comunismo ou socialismo como perigo atual , no Brasil. Ambos sequer existem no mundo . ( O que se deseja é democracia efetiva, a afirmação da Nação , sua integridade, industrialização , soberania e independência – como ponto principal , luta que vem desde décadas ).
Mas, tal conflita, hoje, como ontem, com os interesses do Império Americano- por isso , é preciso, para ele , inventar inimigos, sejam comunistas, socialistas ou terroristas ou até os “corruptos”, que, estes, fora a falsa esquerda lulista , ninguém apóia . Mas, o tempo é curto – a Nação está no brejo, toda deturpada , o remédio neoliberal que se quer aplicar, evidente, não funcionará .
E o imperialismo está presente, com suas receitas envenenadas, vindas direto de N.York ou Chicago , e apoiadas por toda a big mídia , agora com um perigoso ator e palhaço mundial a agitá-la para o Brasil e o mundo – um Trump desesperado com a decadência evidente da potência americana (hoje talvez só potência maior do mundo quanto a armas nucleares ) .O caos brasileiro, a violência e descarada mentira americana a nível mundial , e a interferência , por aqui, o atestam. Minta-se , engane-se via big mídia e outros meios , o quanto se quiser – mas tal não muda os fatos .
Tudo isso , “poder”, em síntese, adiará mas não mudará a realidade . Agravará o problema brasileiro , pois adiará soluções – e “agravar” , no caso, significa apressar o fim não do Estado Brasileiro , em processo já de apodrecimento, mas pior – o do próprio povo brasileiro , a Nação , como a conhecemos , construída ao longo de séculos. O processo de destruição é qualitativo e bem mais rápido do que o de construção. As forças militares devem ter tal em vista. Estamos no limite máximo – a autodestruição , via venenos e caminhos errados, já atinge estados, cidades, bairros , saúde pública, estado , segurança, penitenciárias , o povo doentio.
– Visto está uma das origens , das mais evidentes, da ilusão americana , em foco – direto do coração do Império Americano, Fort Leavenporth , onde Golbery estudou “informações”, em 1944 – parte de ideologia originada direto no Império Americano e, deliberadamente, inculcada nas forças militares, com óbvios objetivos – defesa dos interesses de uma potência estrangeira.
O complemento a tal vindo via ESG, Escola Superior de Guerra (filha naturalizada dos EUA – Cordeiro de Farias) ; serviços secretos organizados pelos EUA, com altos oficiais fazendo cursos lá(Figueiredo, Lucas,” Ministério…ob.cit.) ; intensa propaganda por aqui, com o Mickey, Pato Donald ou Patinhas, cuja ideologia subjacente é óbvia( cf. c/ Nosella, nas referências abaixo ,como tal se dá- “A ideologia subjacente aos textos ...” ) ; depois , como algo natural, via toda a big mídia, redes de comunicação , sob controle, ao fundo, do Império , que hoje atuam até mesmo na Internet, divulgando permanente e maciçamente a mesma ideologia pró-interesses americanos .
Como trata-se de interesses estrangeiros, em essência, tal deveria ser proibido e motivo de investigações, em especial porque nas forças militares(currículos, bolsas de estudo no exterior , etc.) , mas , ao contrário, é motivo de festas e comemorações. (Aqui, conveniente a aplicação da “Escola Sem Partidos”, do Bolsonaro, que incluiria a acusação de pregação estrangeira própria dos partidos estrangeiros,aliás proibida pela Constituição Federal).
Sem esquecer-se , em relação à inculcação dessa “ilusão americana”, agora no capítulo da pregação via violência , a colaboração crucial do general americano Vernon Walters , CIA , junto com Castelo Branco, na Segunda Guerra,” ajudando-o”e a outros brasileiros em trapalhadas históricas (?!). (“Confira , Lira Neto , “Castelo “- a marcha para a ditadura”, Contexto ,SP, 2004, p.126 e outras ) .
O que , por certo , os tornou íntimos , década 1940. E , depois, a colaboração de ambos, nas madrugadas que antecederam o golpe inicial estrangeiro de 1964, quando Castelo era visitado, em casa, às escondidas , por Walters .Daí seguiu-se , em etapas, a contrarevolução antinacional e antidemocrática iniciada em 1964 , general Castelo Presidente, cujos efeitos chegaram a nossos dias – via Bolsonaro e a velha ilusão de décadas. Em resumo, relações de tal tipo, como vimos, vem de longe, de antes da República ,aproximando-se mais ainda dos brasileiros a partir de 1964, persistindo mesmo depois da enganosa “distensão lenta e gradual ” democrática apoiada em teóricos americanos , como Huntington.Isto via Golbery , quando transmutou-se a “ditadura” na “institucionalização” constitucional dos valores da “revolução de 1964“(cf. arts. ciom refs. ,neste site) ,via uma Constituinte(1986) em que a direita fez seu jogo financeiro mais uma vez com dólares e contribuições de empresas estrangeiras (Dreifuss, R.A. “O jogo da direita “). O que corrobora o caráter pioneiro do Império quanto à corrupção no Brasil(já antes, na década sessenta, IBAD, IPES; etc.; antes ainda, nas denúncias de Serzedello Correia e outros ; cf. Moniz B, “A presença …”, entre outros).
(Em razão do descrito , talvez mais certo esteja Mangabeira Unger, Harvard, quando coloca o Brasil como um “protetorado americano”, acrescentando – “enquanto eu gostaria que fosse um parceiro “.(GNews, “Diálogo”, c/Mário S.Conti, 2017) .
Todavia, nada disso coloca o Império sem problemas ou com condições para resolver os graves problemas que enfrenta – afinal , trata-se dele , em essência, estar usando paliativos e mentiras inculcadas, meios diversos , que apenas lhe permitem ganhar tempo. E isso evidente na sabotagem direta militar , econômica, política , internacional , feita, dia e noite , contra Cuba, Nicarágua e , agora, Venezuela e Iran ,mais Rússia. Sem contar a indireta contra centenas de países, caso do Brasil. Tivesse o Império Americano confiança em seu sistema econômico e projetos , apoiados no grande capital hoje financeiro, em especial , por que necessitaria de- violências, ardis, ameaças, guerra ?
Economizaria bilhões de dólares em armas, e apenas investiria em saúde e bem estar de seu povo , e mostraria ao mundo a evidente superioridade de seu projeto econômico e social , daria o exemplo – de um modelo de capitalismo mundial. Mas, não só não o faz, como mantém-se mais ou menos estável apenas via bombas, invasões, guerras , ameaças .E , atualmente, com um desesperado presidente como Trump, ator que cumpre bem seu confuso papel internacional , a vociferar , mentir e ameaçar dia e noite , a ser substituído só quando melhor convier aos interesses do Império . O que pode ser breve, o que , aliás, parece Bolsonaro e aliados não terem avaliado.
Ao contrário de paz, serenidade , confiança em seu sistema e regime, age o Império de forma terrorista , em centenas de países –sabotando , descumprindo a legislação internacional, bombardeando, etc. Por quê ? Óbvio por sua inferioridade em condições normais, sem guerra ou caos ou confusão – tanto no que se refere à questão econômica como à social – ou seja, apoio popular.
De um lado, precisa de invasões, guerras, bombas. De outro, manipulação ostensiva daquela big mídia que controla, mantendo parcialidade , sabotando verdades, novas informações, manipulando mentes e corações ,mentindo , ajudando a superexploração de países atrasados, caso do Brasil. Prova inconteste de sua inferioridade/debilidade econômica, política e social – e moral e ética . Não apresenta ao mundo um sistema econômico sustentável – mas superexplorador, apoiado nas guerras e destruição . Sustenta um sistema decadente e falido , que só não se retirou , corrido e de vez, do palco histórico , pelo uso dos recursos os mais indecorosos e antiéticos e covardes que se conhece , como o uso de bombas nucleares(Japão), contra civis desarmados e derrotados , traições, napalm contra populações indefesas , caso do Vietnan , por exemplo.
Sodré foi feliz em certas sínteses que fez , caso da sobre a ação militar de 1964 :
“As Forças Armadas brasileiras foram acionadas para operar transformação cirúrgica na estrutura política brasileira , a fim de deter o processo de transformação estrutural que permitiria o desenvolvimento do país, econômico, social, político, dentro de normas democráticas .” (p.395 ) (NW Sodré, “História Militar do Brasil”, C.Brasileira, RJ, 1968 , p.403) . Eis mais uma colaboração americana ao desenvolvimento brasileiro.
De volta a nossos dias . Ora, exato o que buscariam ,insista-se , e agora, o Império, frações militares , oligarquias locais , via Bolsonaro ?
O Império bem sabe-se ou imagina-se fácil – mais exploração, bases militares, se possível que os brasileiros sejam suas “buchas de canhão” na Venezuela ou Nicaragua . E Bolsonaro/aliados ? Tudo indica um esquema/projeto militar sob ele, para o Brasil , em princípio rumo direto ao fracasso , via dois caminhos : a – assumido, como ponta de lança(protetorado) agressiva do Império Americano ,atacando /acossando antigos parceiros latino-americanos , quando se desmoralizará, isto se chegasse a tal ponto, o que parece difícil(haverá resistência, inclusive militar ) ; b – mascarado, disfarçado , corrigindo apenas pequenos problemas conjunturais , alguns um pouco maiores, caso da corrupção ou burocracia ,etc., aplicando a velha receita neoliberal, real veneno americano , e caminhando dia a dia – para o lugar ainda mais escuro e fundo do brejo .
Algum outro projeto parecido , mais à direita , pretendendo Bolsonaro/aliados e ou Império algumas ações “antisocialistas(?!) ” inventadas , de fato , contra a corrupção petista , (por eles estimuladas ) em outros tempos? (A CIA calada por anos – por que não teria avisado tanta corrupção aos serviços de informação brasileiros ? E até à big mídia ? Porque conivente com ela ou ela mesma a planejadora?)
Sim, podem inventar algo, até mesmo algumas mortes “casuais” ou atentados também casuais, como o sofrido por Bolsonaro . Ou não ?Há quem acredite – o próprio Bolsonaro acha que há mais gente envolvida no atentado contra ele. Milhões de brasileiros também, alguns até de caminhandojornal.com/redação. Por que tanta demora para a descoberta ou para mais informações ?
Parece , então , que sim , mesmo, pois , neste caminho ” normal” , só, e no máximo , ganhará Bolsonaro tempo e o Brasil o perderá – tempo, tempo precioso , perdido, dependendo Bolsonaro da habilidade e rapidez de sua equipe governamental ; e o outro lado, que deveria ser o opositor, da sua reorganização mais ou menos rápida, e de ser mais ou menos competente , tal indispensável quanto às forças democráticas opositoras , à esquerda , à centro-esquerda e ao centro, em parte corrompidas pelas ações lulopetistas .
As receitas e diagnósticos mostram de que laboratório vem as receitas bolsonaristas. Tudo indica daquele mesmo atuante desde 1964, o Império Americano , apenas agora com médicos e enfermeiros diferentes , além de métodos de ação .
Todavia, atenção , a posição da CIA/Império , em véspera das eleições últimas, contra Bolsonaro , e a favor de Haddad , apesar de todo o exposto, mostram algum tipo de limitação ou contradição interna não trazida a público pelo conjunto de frações políticas militares que, com Bolsonaro, estão ocupando , agora, o centro de gravidade político do bloco neoliberal dominante de poder , em lugar dos lulopetistas.
Podem haver frações militares políticas,que pensem buscar preservar a Nação, com um nacionalismo à direita , e que saibam e acreditem ,ao menos em parte ,no aqui referido . E não sejam tão ingênuas como Bolsonaro e outros o tem sido – ou fingido ser . Essas podem ter maior consequência em seus projetos e merecer mais atenção, apoio e análises- além de resultados . Os dizeres de Villas Bôas , general, nem sempre foram condizentes com os de Bolsonaro, por exemplo.
De fato, a ilusão americana , tão presente e aceita ainda em nossos dias, via Bolsonaro, da forma como vem sendo colocada , parece desconhecer qualquer lógica, dados históricos e mesmo o imperialismo , atingindo, inclusive ,o coração das “esquerdas” brasileiras , o que fala por si . Estas nem sequer agitam e defendem um anti-imperialismo ativo e militante , ou voltam-se , em linguagem popular, inteligível , ao alcance das massas populares, contra o grande capital financeiro –ao contrário gritam por “Lula Free”, junto com alguns americanos lulopetistas. Levantam palavras de ordem ridículas, como “Lula Free” ou outras completo fora do entendimento e pretensão atual dos brasileiros. E ainda batem direto, de frente, como o fizeram lulopetistas , quase até as eleições últimas , inclusive na questão de gênero, praticamente com todas as religiões. Para onde assim spensam ir ?
Aquela bandeira, contra o inimigo vitorioso desde décadas , foi esquecida , sequer está sustentada , objetivamente, pelos lulopetistas e outros autointitulados esquerdistas . Talvez por estratégia ou táticas oriundas de teorias estrambóticas e confusas ou por terem-se perdido no caminho de estudos mal feitos sobre democracia , capitalismo , socialismo , etc. Dirigentes incapazes de modernizarem-se , autocriticarem-se e superarem dogmas (?!)- sob influência de infiltrados neoliberais , acomodados em belos cargos universitários, muitas vezes, pelo lulopetismo esperto. Ausência de centros teóricos de nível , praticantes de uma práxis apoiada mais na experiência e erro- sob influências/ideologia mascarada do neoliberalismo evidente .
Que não pode ser visto, muito menos denunciado, por militantes sectários, à esquerda ou à “esquerda” , apoiados mais numa fé indireta que na razão , talvez acostumados a isso , via outro tipo de ideologia, já com “fé” a mais sectária – religiosa . Afinal, donde saíram as maiores bases políticas do PT ? Das CEBS ? Catolicismo ? (Cf. Mir, L. “Partido de Deus” ) . Aliás, porque perguntar não ofende – e donde saíram as maiores bases políticas bolsonaristas ? Dos evangélicos ? Braz$l /2018 -refletir.
Defendem , ao fundo , os anti-bolsonaristas lulopetistas , o neoliberalismo , forma indireta , via quase inofensivos temas , inclusive em manifestações, em que se apela só para a emoção vazia, quase fé pura e simples, em homens falíveis ,e em altas doses ; não para a razão ou palavras de ordem capazes de ferirem a essência dos interesses dominantes e irem ao encontro de corações e mentes dos participantes dos movimentos sociais .
Tal situação, de derrota até ideológica, mostra o nível de poder do grande capital no Brasil , seu domínio e suas conquistas ideológicas, a verdadeira manipulação de conceitos, linguagem e táticas que conseguiu impor – até a seus adversários , comportados e berrando por vezes asneiras sem lógica, dentro dos limites da ideologia e legalidade neoliberais.
As forças políticas do grande capital ou seus serviços de informações , em especial, talvez acompanhando , infiltrando , corrompendo , provocando , prendendo quando necessário, gravando – abortando a História ? Os estrategistas do grande capital também aprenderam com Marx sobre “a violência como parteira da História” – e pensaram no oposto, especializando-se em … abortos históricos. São peritos neles – até a nível preventivo, bem antes da eclosão de alguma ruptura , vide as técnicas golpistas que aperfeiçoaram.
Como bem percebeu Mannheim , e já em 1940, as técnicas sociais dos governos (capitalistas) evoluíram, qualitativamente ; as “da revolução , não .”(“Diagnóstico de nosso tempo”). E Mannheim observou um outro ponto crucial – a evolução técnica dos armamentos favorece minorias. Um homem com um fuzil poderia fazer bom estrago nos inimigos, no passado ; e, hoje, um , apenas um , num avião supersônico , portando um bomba nuclear ? Quantos americanos jogaram uma bomba atômica sobre Nagazaki ? Com que estragos causados ? Os brasileiros e suas forças militares ficaram para trás, quanto a tudo isso . Até mesmo quanto a simples técnicas, teorias – tecnologia , ciência.
Enquanto isso, de fato , o grande capital e os interesses estrangeiros tudo vem tomando , por aqui, em detrimento dos nacionais. Aqueles hoje presentes no dia a dia, até em nossas mãos – e não metaforicamente . Por sinal , ainda presentes tanto à esquerda quanto à direita em termos políticos . Prestes foi um dos poucos, talvez a única liderança que , já em 1982, colocava essa questão em evidência . (Com experiência internacional, notava tais desvios e chamava o PC do B de “comunista só de nome” ) : “O imperialismo hoje não é só o inimigo externo ; está incrustado no sistema sócio-econômico brasileiro . São os monopólios estrangeiros , as multinacionais que estão aqui dentro .” ( “Prestes : Lutas e Autocríticas”, depoimento a Dênis Moraes e outro, Vozes, Petrópolis, 1982, p.214) .
Realmente . Bem à nossa frente, em nossas mãos, via celulares , nas nossas salas, via tvs , no nosso transporte, via carros – hoje, aliás, o único carro brasileiro – é o carrinho de mão . Uma vergonha. Belo trabalho dos interesses estrangeiros, nossas elites a eles aliadas – imperialismo . Os interesses estrangeiros esfrangalharam as indústrias nacionais , há décadas (as de automóveis , promovidas na década sessenta , destruídas por negativas de financiamentos e por outros meios ) – e ainda em nossos dias continuando a queda (13 mil indústrias fechadas nos últimos tempos negros, de Lula , Dilma e Temer ) . Mais – os dirigentes neoliberais citados deram-se ao luxo de financiar interesses estrangeiros , usando o famigerado BNDES (“caixa preta”, aliás, ainda não aberta ) – inclusive nas administrações “esquerdistas” de Lula e Dilma. Traição nacional.
Em nossos dias, nada se fala quanto a reverter isso ou , por exemplo, auditar a duvidosa dívida pública, ponto esmiuçado com dados irretocáveis por Maria Lúcia Fatorelli (Cf. site desta auditora, Auditoria Pública ) , embora, faça-se justiça, no caso , questão bosquejada pelos generais Villas Bôas, Heleno e Mourão, mas não por Bolsonaro . O que nos leva sempre à mesma pergunta – O que pretenderia Bolsonaro com seus oferecimentos unilaterais de amor , aliança , dependência , etc. em relação aos EUA e , agora , a Israel ? Ingenuidade ? Qual a diferença entre as propostas bolsonaristas e as dos outros generais ?Elas existem mesmo ? A conferir e comparar.
O país , um protetorado , estado fracassado , disfuncional , povo doentio, instituições corrompidas – pretenderia,via Bolsonaro, pequenas reformas, pouco a pouco, se tem-se uma dívida de mais de cinco trilhões à frente, juros de agiotas internacionais, a multiplicarem-se ? Fora ganhar tempo, o que pretenderia Bolsonaro? Uma jogada tão arriscada como levar o pobre Brasil, já humilhado mundialmente , a tentar ser o Israel ou a Arábia Saudita , da América Latina ?Um Brasil armado e financiado pelos EUA ? O fracasso e resultado parecem evidentes , nestes casos .Pretenderia , ganhando tempo, elocubrar novos projetos ? Traçar o caminho , caminhando?
Hipóteses que podem terminar em catástrofe, e em pouco tempo, envolvidas em grande ingenuidade , via desinformação (sobre as características de ambos os países do Oriente Médio e suas relações/dependência/créditos com os EUA ) , com o risco de provocarem a secessão do Brasil ou sua redução definitiva e irrecuperável à situação de protetorado, sem qualquer soberania ou independência. O destino – um Grande Haiti ou , com sorte, um novo Porto Rico . A possibilidade das empreitadas referidas terem êxito – aproxima-se do zero.
SEIS
“Que democracia? Onde quer que os Estados Unidos intervieram … a democracia constituiu-se de bombardeios , destruição, terror , massacres, caos e catástrofes humanitárias . … E o certo é que , na história, como Oswald Spengler salientou , não há idéias , mas somente fatos , nem verdades, mas somente fatos, não há razão e nem honestidade, nem equidade , etc.; mas somente fatos (165). E os fatos, ao longo da história, sempre mostrarão que os Estados Unidos e as grandes potências capitalistas jamais efetivamente entrarão em guerra pela democracia e pela liberdade, para proteger civis ou direitos humanos , senão tão somente a fim de defender suas necessidades e interesses econômicos e geopolíticos, seus interesses imperiais . E palavras não mudam a realidade dos fatos (166).”(p.513, Moniz Bandeira, “A desordem mundial”C,Brasileira, RJ, 2018).
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Trata-se de um Império em crise, interna – e externamente . Há análises inegáveis a respeito . Moniz Bandeira lembrou, como citado , riscos até de ditadura militar , aparente já tentada, nos EUA, e mal sucedida – até agora.
Talvez as estranhas vitórias de um Bush, com votos recontados e manobras esquisitas , o não impeachment de Clinton, após escândalos , e agora Trump – isso pode significar conciliações espúrias de bastidores , com aceitação pelos democratas e outros liberais , com o objetivo de evitar lá uma intervenção militar direta. Os EUA, como o Brasil, também tem recorrido ao estado de exceção informal e implícito(cf. arts. neste site) para tornar-se “governável”.(Cf. Agambem,Giorgio, “Estado de Exceção”).
Depois de analisar a “desordem mundial”, em centenas de páginas, o professor Moniz Bandeira, sintetiza :
“Desde a dissolução da União Soviética , todos os presidentes dos Estados Unidos , George H.W.Bush , Bill Clinton , George W.Bush e Barack Obama, promoveram guerras convencionais e não convencionais nos Bálcãs e no Oriente Médio , fomentaram a subversão nos países do Cáucaso , sempre sob o pretexto de tornar o mundo “safe for democracy”. (164) . (“A desordem” … , ib. , p.513)
A superioridade americana está cada vez mais apoiada na força das armas, invasão de países, tomada pelas armas de meios de produção, em especial petróleo – guerra – como já referido. Este seria o grande “protetor” do Brasil, dando-lhe inédito auxílio , o que não fez em muitas décadas ? A ele o Brasil aderiria, agora pela derradeira vez , levado pelas suas forças militares, num desespero evidente ?
De fato, se foram as forças militares as principais responsáveis pela desengonçada construção política brasileira, a República Americanizada hoje transmutada nesse estado disfuncional e fracassado , desmilinguindo-se dia a dia , seus dirigentes generais devem ter perfeita consciência de suas culpas na degringolada nacional geral, em curso . Em especial , pelo que fizeram desde 1964, por ação e depois omissão – por exemplo, sempre souberam , via Golbery e outros, ser Lula um trunfo do Império e permitiram sua eleição, governos , etc. , ainda permitindo a um Rabelo, PC do B, ser Ministro da Defesa,mascarado de “comunista”. Bolsonaro mesmo admitiu ter votado em Lula, contra Serra(Programa M.Godoy, Rede TV, 2017) – ou seja , bem sabiam quem eram um e outro.Produziram, com os EUA, CIA, Golbery , a peça teatral,”Lula” , que deu certo, mas arruinou mais ainda o Brasil.
Muito provável também sempre estiveram a par dessa realidade falsificada , como muitos afirmam, das urnas eletrônicas brasileiras – e fecharam os olhos a seu uso, por longo tempo. Só deram um basta nisso tudo , recente, o Brasil já “quebrando-se” , quando firmaram pé com Bolsonaro, recusando. com firmeza, a pantomima já antiga, agora com Lulahaddad, com o Império ensarilhando suas armas, em especial midiáticas, pró-Haddad. E ainda firmaram pé quanto às urnas eletrônicas,mas só recente, designando um general para “assessorar” Toffoli, este em última análise, como presidente do STF, guardião das suspeitas urnas , como o foi antes, com Dilma.
Desta vez , Bolsonaro vencendo, todos calaram-se . Todos os “rabinhos” presos? Agora, só agora, essas urnas eletrônicas seriam confiáveis, por terem elegido Bolsonaro ? Ou houve outras razões, antes com um Lula e Dilma, que estiveram no esquema fraudado , do qual participaram , tendo sido beneficiados antes também por elas ? Eles todos , então, óbvios motivos , estariam hoje calados a respeito disso. Caladinhos .
Hipóteses ? Sim, mas plausíveis. Há provas objetivas ? Ora …muitas coincidências, etc. Até testemunhas(caso das urnas, com denúncias sempre abafadas). O “Ardil” Lula, “um “Cavalo de Tróia”,consultar artigo citado antes – link – “Lula e a farsa …etc.).
Finalmente, a situação brasileira estaria tão desesperadora que frações militares seriam capazes de optar por soluções tão arriscadas como as acima ?Não vemos outro caminho que não esse , imaginado por Bolsonaro, eis que o procedimento “normal” politico de uma ingenuidade gritante, ou seja, de aplicação de um neoliberalismo radical, mais uma vez. Isto , na medida em que sabem todos , até pela experiência/erro, onde daria tal estrada econômica – num beco sem saída , dentro do brejo .
O que Bolsonaro poderia, afinal , esperar dos EUA ? O que esperaria de um Trump, isto é , se obrigado a negociar com um tipo de tal caráter e sustentado por bombas nucleares, que tenta enganar e provoca até os presidentes da China e Rússia ?
De outro lado, a política neoliberal radical, pretendida pelo Brasil, não levaria a lugar algum , provadamente,já abandonada em diversas partes do mundo .
Castells(“Ruptura”) bem o atesta :
“Na raiz da crise da legitimidade política está a crise financeira , transformada em crise econômica e do emprego , que explodiu nos Estados Unidos e na Europa no outono de 2008. Foi, na realidade, a crise de um modelo de capitalismo , o capitalismo financeiro global , baseado na interdependência dos mercados mundiais e na utilização de tecnologias digitais para o desenvolvimento do capital virtual especulativo que impôs sua dinâmica de criação artificial de valor à capacidade produtiva da economia de bens e serviços . De fato , a espiral especulativa fez colapsar uma parte substancial do sistema financeiro e esteve prestes a gerar uma catástrofe sem precedentes . “
E como o capitalismo mundial teria sido salvo ? Castells resume :
“À beira da beira do precipício, os governos , com o nosso dinheiro , salvaram o capitalismo . Exemplo : uma das instituições literalmente quebradas foi a AIG(American International Group), que era a seguradora da maior parte dos bancos no mundo . Se tivesse caído tal como o Lehman Brothers , teria arrastado o conjunto do sistema .A AIG foi salva pelo governo dos Estados Unidos (com a anuência de Obama , que era presidente eleito ) , que comprou 80% de suas ações – na prática, uma nacionalização . E, assim, país a país , os governos foram intervindo, evidenciando a falácia da ideologia neoliberal que argumenta a nocividade da intervenção do Estado nos mercados .”(p.21).
Então , Bolsonaro e Guedes quereriam abdicar da intervenção do Estado ? Quereriam para o Brasil uma receita que nem os EUA nem Obama aplicaram. Coerente com o que afirmamos no início deste estudo – as receitas neoliberais radicais são para os protetorados ou colônias , não para os próprios EUA.
A par disso, intervir na Venezuela ? Por aqui, América do Sul, provocar um Maduro, com quem “brincam” e provocam e “gozam “ tanto, mas que venceu várias eleições e rebeliões patrocinadas pelos EUA, inclusive de militares armados , e que dirige uma Venezuela superarmada , por acordos com russos, com milícias formadas e armadas de mais de um milhão e meio de homens ? Maduro.Que pode parecer um idiota, pois , para a nossa big mídia parcial , que prega falsamente neutralidade , mas não o é .
Bolsonaro, então . Se candidataria, representando o país , reivindicando para os brasileiros o papel de “buchas de canhão” dos interesses trumpistas e do Império do Capital ? Com um povo já doentio, perturbado, com medo de armas, a grande maioria religiosa ? Isto em troca sabemos lá de quê ?
O povo brasileiro aceitaria tal ? Porque há sério risco de Trump querer negociar, nesse sentido, ou ,’apertar a goela’ de Bolsonaro. Este teria que cumprir o papel do presidente da China , do líder da Coréia do Norte, ou o de Maduro – reagir . Só que há muita diferença – aqueles assentados em países fortemente armados, Maduro, para os padrões da América do Sul, todos soberanos e independentes , enquanto Bolsonaro dirige um estado fracassado e disfuncional, tido como um protetorado, forças armadas mal armadas (hoje tiroteios diversos no Rio e a capital do Ceará parada por ataques de bandidos – e já aprovada intervenção lá , da “força nacional”: Braz$l) .
Que forças políticas e armadas dariam respaldo para tal aventura militar ? Teria coragem Bolsonaro de assumir tais tarefas ? Ou pretenderia entrar numa aventura , apenas confiado e respaldado pelos EUA , em troca de “conversa fiada” sobre alguns benefícios econômicos e tecnológicos, em especial armamentos ?
De nada tem-se “certeza” . Há possibilidades e probabilidades . Bolsonaro desdiz-se a cada dia. Nem respondeu à confusão envolvendo ele, seus filhos e o “motorista” Queiroz . Todos tem mudado de assunto, com aval da big mídia e da “oposição”, liderada pelo lulopetismo, as razões já expostas.
Os fatos indicam que a coragem das forças bolsonaristas estão à altura daquela coragem de fancaria de Stedile e Lula e um Lindbergh da vida . Nada além disso , bem ao contrário. Não tiveram condições de enfrentar as milícias , nem os traficantes mal organizados das favelas , sequer de descobrir e apontar ao povo os assassinos de Marielle(RJ) , ou diminuir, efetivamente, a violência no Rio . Pretendem enfrentar a quem mesmo ?
RECEITAS ENVENENADAS + ARDIS ou BOMBAS =
POLÍTICA /EUA
Faz o presidente brasileiro gratuitos encômios à “ilusão americana” (repete propagandas americanas , de décadas) , aos quatro ventos, e todos os dias . Oferece acordos, faz elogios a Trump, presidente americano eleito de forma contestada e , aliás, execrado em todo o mundo . Como visto , promete rompimentos com desafetos americanos (surpresa – nem pressionado nem solicitado para isso ), ofende velhos parceiros comerciais , ficando o Brasil sujeito a retaliações comerciais .
E sem qualquer vantagem garantida – ao contrário, silêncio e desprezo apenas (vindo de subalternos, na linha de poder americana ), EUA notório descumpridor de acordos com o Brasil, traidor mesmo(Eduardo Prado , id.; em época posterior, cf. outros livros citados e Gaspari, E ., “As ilusões armadas” ) .
A velha receita americana para suas colônias ou países satélites, de mais de cem anos , modelo liberal, hoje neoliberal , só que agora mais radicalizada ainda e neoliberal . Isto porque as anteriores, segundo os conservadores liberais , teriam fracassado por não terem sido suficiente radicais e neoliberais ou bem aplicadas – e ainda por cima oriundas, nos últimos tempos, do “esquerdismo” lulista e da corrupção a ele inerente.
De fato. Antes mesmo de assumir o governo , com sua “Carta …”, assinada , em 2002, Lula se comprometia com toda a política neoliberal do chamado “Consenso de Washington” – exato a política neoliberal antes citada . Ainda assim, rotulado de “esquerdista” , truque do Império . Programa neoliberal que, aliás, cumpriu , com rigor – basta ver os prêmios internacionais recebidos, a consideração de Obama chamando-o de “O Cara “, além de diversas análises sobre seu governo , insista-se, caso das de James Petras, Marco A.Villa, Reinaldo Gonçalves, e de comprovações dos dados da última pesquisa do IBGE – todas comprovando seu governo como radicalmente neoliberal, nenhuma alteração estrutural ou ruptura – direita talibã, segundo o marxista Petras.
Governo ou simples administração ? A ver – por enquanto apenas administração. Ele , o capitão da reserva , administrará ou governará mesmo , isto é , ditará políticas fundamentais, livremente ? Ou, como FHC, Lula e os demais, incluindo Dilma e Temer , governará ,formalmente, e apenas administrará o país , limitado , sob a direção geral econômica e social do FMI /capital financeiro internacional, via Banco Central, Ministério da Fazenda, etc. ?
Isto é, condicionado por políticas impostas de fora do país , via parcial , ao menos, de uma dívida comprometedora de mais de cinco trilhões de reais, além de absoluta fraqueza militar , o que leva à condição de incapacidade para sustentar posições firmes em relação às potências de nosso tempo, credoras – que possuem , ao contrário, argumentos nucleares .
Em outras palavras, o Brasil obedeceria àquela velha, antiga receita econômica, dada pelos EUA/Império Americano , sempre não para ele,evidente, mas apenas para seus países “aliados”,ou satélites, ou neocolonizados, dependentes , tipo Brasil . A ser aqui aplicada por médicos, digo , especialistas, que estudaram exato naquelas academias e escolas americanas (Chicago, Harvard, Yale ,etc. ), dali recebendo títulos e pós-doutorados – e fórmulas econômicas salvadoras.
Essa crítica e lembrança não são antiquadas , superadas , embora levantadas como novidade pelo recém-eleito, de orgulhosa direita militar, capitão da reserva Bolsonaro . Tão antigas como as técnicas de uso da água salgada do mar , no Nordeste ,a serem trazidas de Israel, algo já feito e experimentado , no próprio Nordeste , há muito tempo.
O fato é que se ressuscitou, no Brasil a “ilusão americana”, em toda a sua plenitude , justo pela “novidade Bolsonaro”. Que se intitula “anti-sistema”, e , radicalmente, neoliberal , após décadas de fracasso comprovado e documentado daquelas propostas radicais do famoso americanófilo Roberto Campos, pai do liberalismo “duro”brasileiro,
Isto é , pretender-se-ia retomar , com algumas correções, que nada tem a ver com o âmago da política neoliberal (i.e., corrupção, burocracia inútil , desperdícios, etc.), as mesmas antiquíssimas receitas, fracassadas, e aumentando-se a dose – “privatizar tudo”, suspender-se as poucas tarifas protetoras da indústria nacional , vender-se terras brasileiras, fábricas, empresas, Embraer para a Boeing (um crime, na palavra do ex-candidato presidencial Ciro Gomes ) .
Por que um militar, assessorado por outros, mais bem preparados, proporia tal política e da forma que vem propondo Bolsonaro ? Ignorância, incompetência , subordinação a interesses estrangeiros ?Ou influência da propaganda continuada do Império? Tratar-se-ia de algum “projeto de nação” , de origem militar?
Mas, como , se, com tal “receita” , vinda ao encontro dos interesses estrangeiros e antinacionais , o resultado apenas seria capaz de destruir em definitivo o que resta da Nação , em crise geral ? Nesse caso , as forças militares infligiriam seus próprios propósitos e objetivo número um – preservar a Nação, seu povo, sua economia, sua integridade .
Realmente, como pensar o Brasil como ponta de lança do Império para agredir, apunhalar a Venezuela ?( Que , aliás, hoje, estaria , militarmente, mais forte que o Brasil. Então, daí surgiria a desculpa futura por humilhações , depois de provocação brasileira, que teria começado ?
O que explicaria tal proposta ? Qual a situação real das forças militares brasileiras, hoje ?Teriam condições de levar adiante esse projeto e política ou , muito provável, não ?
Então , o que pretenderia Bolsonaro e essa fração militar , de que forma e com que recursos ? Dissuasão , se a fraqueza brasileira é conhecida e ridicularizada? Estariam elas em condições mínimas para prover suas tarefas constitucionais e garantir a segurança do país , ainda entrando em choque , previsível, com parte do povo – discordante ?
Afinal , Bolsonaro contou apenas com 40% dos votos do eleitorado em condições de participar .(Isto, admitindo-se a correção das eleições, urnas consideradas duvidosas pelo eleito/militares a ponto de indicarem um assessor general para o presidente do STF/TSE – este o grande guardião das urnas das quais Bolsonaro sempre duvidou – e com razão , por sinal . (Cf. arts. neste site ).
Qual a função intrínseca das Forças Armadas , em especial quanto à Nação e seu povo , em nossos dias ? Mantê-la viva , pujante , capaz de defender-se, o povo ativo e saudável, as fronteiras e riquezas preservadas . Tem condições para isso ?De que nível tecnológico são seus armamentos atuais ? Ao nível de Israel, das grandes nações , ou do Paraguai ou Costa Rica ? Perguntas postas para serem respondidas por quem o desejar.
Os EUA , por acaso , teriam mudado , de um século para cá, em sentido contrário , e hoje teriam condições de cumprir acordos e “auxiliar” países como o Brasil atual ? Não é o que se vê na práxis nem informam livros e especialistas. Muito ao contrário , de lá para cá decaíram , hoje estando em situação grave, só sustentada por guerras e ameaças, inclusive atômicas .
O que fizeram os EUA nas últimas décadas e mais recente , no que se refere ao Brasil , em especial desde 1964 ? E os acordos secretos , dos EUA , descumpridos , com as elites brasileiras , inclusive militares, que esconderam tal do povo ? Há acordos secretos escondidos do povo , e inclusive do Congresso Nacional ? Já fizeram isso nossas oligarquias, no passado, em várias ocasiões. Os EUA cumpriram o seu acordo militar com a Argentina , no caso Malvinas, ou o descumpriram acintosa e vergonhosamente ? Eis a política dos EUA. E o que esperar deles .
Quais as conseqüências prováveis dessa política bolsonarista anunciada , nos próximos anos ? O que se pode esperar da administração Bolsonaro , de imediato, a curto e médio prazos ?E do projeto militar, em especial o do Exército, que entendemos ser o atual sustentáculo do regime e da candidatura/eleição de Bolsonaro , de um tempo para cá – com Bolsonaro e após os “Anos Bolsonaro” ?
Sim, mais perguntas que respostas. E estas últimas não estão em livros.(*)
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Referências:
Noam Chomsky , “Para entender o poder – o melhor de …. “, coletânea, Bertrand Brasil, RJ, 2005.
Maria de L.C.Deiró Nosella , “As belas mentiras – a ideologia subjacente aos textos didáticos”, Ed. Moraes , SP , 1981.
Karl Mannheim, “Diagnóstico de Nosso Tempo”, Zahar, RJ, 1961.
Denis de Moraes e outro , “Prestes:Lutas e Autocríticas”, Vozes, RJ, 1982.
Moniz Bandeira, L.A. , “Formação do Império Americano”, C.Brasileira, RJ, 2009.
Castells , Manuel . “Ruptura – a crise da democracia liberal”, Zahar, RJ, 2018.
Moniz Bandeira, L.A. , “A presença dos Estados Unidos no Brasil”, C.Brasileira, RJ, 1978.
Figueiredo, Lucas. “Ministério do Silêncio”, Record, RJ, 2005.
Prado, Eduardo, “A ilusão americana”, Brasiliense, SP, 1961.
Sodré, N. Werneck, “História Militar do Brasil”, C.Brasileira, RJ, 1968.
Moniz B andeira, L.A. , “A desordem mundial”, C.Brasileira, RJ, 2018.
Duarte Pereira, Osny. “Quem faz as leis no Brasil?”, C.Brasileira, RJ, 1963.
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(*) Original não revisado. Podem haver repetições, que serão corrigidas ao curso dos dias. Falta uma Segunda Parte . Continua . A não revisão não impede entendimento preliminar e que o texto seja publicado desde logo , para estimular críticas e debates e avanços .
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