#Vivendo na Mentira
Vivendo na Mentira
*editorial integral de Caminhando Jornal TV 17 )*
Amigos, cada vez mais preocupados com os destinos do país e de nossas famílias e amigos – assistindo-se ao esfacelamento do país, sua desintegração sucessiva e, afinal, provável , a incorporação, formal ou informal , ao Império , com grande sofrimento para a nação. Assim, continuamos análises independentes , em busca da verdade, ainda que relativa, eis que a mentira só interessa a quem nada quer mudar, mas , sim, conservar seus privilégios e deixar desgraças para o povo mais pobre e classes médias.
As análises erradas geram programas errados e ações erradas. A quem isso interessa ?Apenas a quem nada pretende mudar . Porque, agindo em direção errada, nunca se chegará a lugar algum.
Vivemos no mundo da mentira…
Há longo tempo, sustentado pela big mídia e liderado pelo Império Americano , a nível mundial e local. Só houve certa busca da verdade, recente, quando o povo , independente e quase por si mesmo , nas ruas, em passeatas e jornadas, entre 2012 e 2014 , denunciou a falsidade do “Brasil Grande , Desenvolvido”,a promover uma Copa Mundial de Futebol e , ainda, Olimpíadas, provendo para isso obras coalhadas de corrupção.
Depois, fato, tais movimentos de rua foram distorcidos , aparecendo até financiamentos estrangeiros, comprovados, que acabaram por eleger(indireto e disfarçado)deputados , infringindo os objetivos do art. 17, da Constituição de 1988, que proíbe tal. A presença estrangeira, evidente, via financiamentos, embora bem mais disfarçados dos que os de 1964, quando do “golpe militar” estrangeiro, usando entidades como o IBAD e IPES(Dreifuss, “1964- A conquista do Estado”.
O Brasil, assim como os EUA , entre outros países , vive um estado de exceção informal, implícito, não assumido, negado mesmo , que não é ditadura, nem mesmo ditadura constitucional, mas que foi a antesala do nazismo de Hitler, como mostrou Agamben . Uma técnica de governança atual , usada , informalmente, nas chamadas “democracias ocidentais”, em que rompe-se ou interrompe-se ou interpreta-se a aplicação da norma jurídica de forma a satisfazer interesses de fração política do bloco dominante de poder , no momento preponderante ou com condições políticas para impor tal.
Muitos exemplos . Nos EUA, a existência da base americana de torturas, de Guantânamo , na ilha de Cuba; a eleição de Bush filho , o Supremo Tribunal de lá recusando-se a recontar votos na Flórida ; a guerra, por falsos motivos, no Iraque (tal até reproduzido em filmes, como “Vice”, que mostra a ação de Dick Channey, driblando a legislação e o povo americano , via interpretações e pareceres jurídicos ; no Brasil, Renan Calheiros(Congresso Nacional) e Lewandowsky(STF), no caso do impeachment de Dilma, quando ela perde o mandato, mas não é condenada , sendo depois até candidata, a Constituição aviltada( “fatiada”) – e às vistas de toda a Nação ; prescrições, foro privilegiado , engavetamentos descarados de processos , em especial sobre políticos importantes , além de interpretações duvidosas, “trapaceamentos jurídicos” , e , agora, a suspensão, por Toffoli(STF), com descaro, de todos os processos judiciais nos quais dados bancários de investigações , procedimentos criminais , investigados, tenham sido compartilhados por órgãos de controle, sem autorização do Judiciário. Uma decisão em resposta a pedido do Senador Flávio Bolsonaro, filho do Presidente, em sua defesa , em investigações em curso, que o atingem . Suspensos , assim , inquéritos e procedimentos de investigação criminal.(No caso, acusações de desvio de dinheiro, no seu antigo gabinete, na Assembléia Legislativa).
Esta situação anômala não interessa ao povo brasileiro e tem raízes plantadas , de longa data , no e pelo Império Americano. Sem condições de argumentar em sua defesa (quanto à sua atual falta de democracia interna, sustentada por subornos, como disse Carter , e pelo complexo industrial militar , com agressões ilegais, contra vários países, infringindo normas da ONU, em intervenções em quase todo o mundo ), passou a pressionar e financiar mais ainda sua mídia, interna e externa , inventar “verdades”, entre aspas , mentir com descaro , a nível local e mundial.
Trump mente com tamanha velocidade que o The Washington Post calculou que fez 2 140 falsas ou enganosas declarações no seu primeiro ano de governo, 5,9 mentiras por dia , lembra a jornalista Michiko Kakutani. E ela ainda acrescentou , com razão :”E não só as notícias são falsas , também existe a ciência falsa …, a história falsa, os perfis falsos …e os seguidores e “likes” falsos …”
Até o papa Francisco advertiu os povos de toda parte : “Não existe desinformação inofensiva ; acreditar na falsidade pode ter consequências calamitosas”.
Essas questões, as verdades ocultadas pelo Império, entre outros , persistem ainda hoje, embora de longa data desnudadas , veja-se as décadas passadas da divulgação de “A Mentira na Política”, de Hannah Harendt .
No Brasil, Paulo Napoleão Silva, em 1988, “Autoritarismo e Impunidade”, já criticava : ”O espírito da lei…o objeto cristalino que ela pretende alcançar, não pode ser burlado pelo trapaceamento da na sua interpretação ou aplicação .” E lembrava, ainda , Epitácio Pessoa , que criticava a “… negativa de vigência, a inaplicação disfarçada e tendenciosa da lei, pelo seu intérprete e aplicador”. E o autor concluía :”A inaplicação da lei, entre nós, ocorre num grau verdadeiramente desanimador “.
O Estado de Exceção, informal e implícito , não é o “tradicional“, clássico, usado em casos excepcionais mas o escondido, hoje, sob o manto pomposo de “estado democrático de direito”, a sua “engrenagem”legal, formal, ocultando outra essência, e objetivos , funcionando a bel-prazer das “elites”, incrustadas no centro de gravidade do bloco dominante do poder. Nessa situação, eleições, combate à corrupção , democracia , urnas eletrônicas, financiamentos de campanha , partidos – tudo passa a ser relativo e distorcido. Entre os fatos e objetivos da Constituição, interpretando-a, o estado de exceção , aparente estado democrático de direito
O “totalitarismo moderno
pode ser definido, nesse sentido, como a instauração , “por meio de estado de exceção, de uma guerra civil legal que permite a eliminação física não só dos adversários políticos, mas também de categorias inteiras de cidadãos que, por qualquer razão, pareçam não integráveis ao sistema político “. E Giorgio Agamben conclui : “Desde então, a criação voluntária de um estado de emergência permanente (ainda que, eventualmente , não declarado no sentido técnico) , tornou-se uma das práticas essenciais dos estados contemporâneos , inclusive dos chamados democráticos”.
A questão toma cores mais fortes se pesquisamos as origens, influências e resultados da famosa “distensão política lenta e gradual”, no Brasil, um projeto militar e estrangeiro, localmente conduzido ,em especial, por Geisel e Golbery , que descambou na Constituinte , e sob o “jogo da direita” e de dólares (Dreifuss, “O jogo da direita”), daí , na Constituição Federal ,de 1988 . Esta, como disse alguém, “o avanço do retrocesso”.
Suzeley Mathias , estudiosa do tema, anota que “…não fazia parte dos objetivos das elites identificadas com o regime autoritário transformá-lo, mas sim alcançar uma institucionalização capaz de tornar este regime …infinito no tempo .[“Distensão no Brasil – O projeto militar (1973-1979)”].E a autora vai concluir , com razão : ” …o projeto geiselista continuado por Figueiredo , foi vitorioso em seus meios e objetivos.”(id).
De outro lado , Maria José de Rezende , estudando o tema “repressão e pretensão de legitimidade : 1964-1984 – A Ditadura Militar no Brasil”, bem observou que , segundo o próprio Figueiredo, a “abertura política promovida pelo regime em vigor objetivava , principalmente, criar as condições para que a revolução de 1964 fosse incorporada à história .” Figueiredo declarava-se acorde com Geisel, no sentido que os ideais da “revolução de 1964”, isto é, todo o ocorrido, era um “acontecimento irreversível”, que inspiraria “…muitas gerações”.(In, M.José de Rezende, id.)
De fato, tal projeto parece , depois, e hoje, vencedor , pois institucionalizado, via Constituinte, e incrustado mesmo , na Constituição de 1988. Isto porque com normas (medidas provisórias, foro privilegiado, etc.) capazes de permitirem, via interpretações, arquivamentos, prescrições, etc. e atos como os de Lewandowsky e Toffoli , recente ( citados, já no impeachment de Dilma ), além dos que “enterraram” o “mensalão”, desde 2002, com apuração apenas parcial, do mesmo modo que as punições – autoritarismo e impunidade, conjugados , e, novamente, aqui, mostrando-se correto o “diagnóstico” de Paulo Napoleão.
Os estrategistas do “golpe” inicial de 1964, depois seguido de vários outros, e de uma contrarevolução antidemocrática e antinacional, talvez até hoje em curso , atuaram buscando , (1)de um lado, legitimidade , institucionalizando seus valores, como citado, apoiados pelo Império Americano e muitos dólares; (2) de outro, a par desse processo de “distensão” em curso, de forma programada e fria, massacrar o coração das esquerdas, das mais efetivas oposições , desencadeando “…uma onda de perseguições”, a partir de 1973,em especial , culminando com desaparecimentos , tendo, em 1975 , o auge , com a morte do jornalista Herzog .( Kucinski, in S.K.Mathias, ib.).
Ao mesmo tempo , surgiria o líder sindical Lula da Silva , não cassado pelo regime, que se popularizaria, gradativamente, via PT, novo partido, não comunista, colocando-se, todavia , como de “esquerda” .Um partido, liderado por sindicalistas puxados, pelo velho MDB(como anotou um seu fundador , Chico de Oliveira).
Essa oposição “nova”, com este novo líder, não marxista , de um lado; e aquela institucionalização referida, de outro, deram as tintas principais do novo quadro político brasileiro – que , de crise em crise, acabou por desembocar no que temos à nossa volta – Bolsonaro, presidente, exaltando o passado, torturas , violência, com propostas no mesmo nível , ou pior, que as de Castelo Branco, e Vernon Walters, este seu amigo particular desde a 2ª Guerra Mundial , e daquela época , década sessenta , do chamado “golpe de 1964”, amigo que o visitava, em especial, vésperas do ” golpe”, altas madrugadas .
Tendo como pano de fundo o passado, antes descrito, e talvez como consequência direta ou indireta dele,as “elites”brasileiras militares e civis nos braços do Império Americano . Este o mentor e sempre vencedor por aqui, recente desde a queda de Dilma.
Ainda assim, “elites” que morriam e ainda morrem de medo de análises independentes, com”verdades”. Há, se observarmos, uma sequência que vai desde o regime terrorista, com raízes em 1964, à democratização distorcida, à institucionalização dos valores daquele regime, décadas 1970/1980.
Tudo via legal e constitucional , até o esmagamento, por assassinatos e torturas, da esquerda mais consequente , seguida da promoção de uma “nova esquerda”, tal tendo influenciado a política nacional por décadas , até a recente eleição de Bolsonaro , apoiado por setores majoritários das forças militares , correntes evangélicas , fundações estrangeiras, com forte participação de redes sociais. Casualidades ou causalidades? Projetos políticos de estrategistas de alto nível?
Entretanto, por certo, como talvez consolo e esperança , hoje como naquela época , “a unidade militar era(é)apenas um mito , um modo pelo qual os militares mantêm as aparências .”(S.K.Mathias, ib.).
Assim, de qualquer modo, teme-se as verdades, ainda que relativas e limitadas, a mentira viralizando, de forma padronizada , em toda a grande mítia e até em redes sociais(métodos utilizados, em especial, pela “Nova Direita”, cujas raízes chegam a um.Steve Bannon,a Trump, ao Império Americano).
Por isso tudo , para as “elites” , há uma palavra que soa , mesmo agora, quando ninguém fala nisso, como no passado, como um verdadeiro palavrão – Constituinte livre e independente, o que nunca houve no Brasil, e precedida de amplo debate nacional, referendos e plebiscitos , talvez a única saída nacional, e mais racional, da atual situação política e econômica (catastróficas, embora mascaradas). (Original não revisado, o que não impede entendimento). *********
( Aqui , a íntegra de editorial divulgado, resumido, em Caminhando Jornal TV 17 ).
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