O jogo viciado financeiro das eleições de 2022, no Brasil
O jogo viciado financeiro das eleições de 2022, no Brasil
Firan Rodel
EDITORIAL – Caminhando Jornal TV 88
O processo eleitoral brasileiro já foi iniciado desde o fim do ano de 2021. As movimentações em busca de alianças políticas passaram a ser a principal preocupação dos futuros candidatos.
Nessas movimentações elitorais fica evidente, no entanto, o domínio da pauta da centro direita. Ou seja, a preocupação desses discursos se afirmam subordinados pela lógica da gestão se esquivando em tocar nos pontos centrais e que estão intimamente interligados: a concentração de rendas e a fome que afeta 115 milhões de brasileiros. Dessa forma, trazem para o debate não o enfrentamento dos problemas sociais, mas quem apresenta o melhor discurso empresarial. Não a apresentação de projetos de sociedade, mas uma preocupação em agradar os mercados.
Por outro lado, a esquerda, que sempre se caracterizou por sua postura antissitema, há algum tempo assumiu a disposição de se integrar ao jogo político definido pela direita. Isto é, a esquerda tem abandonado seu papel histórico revolucionário e buscado, atuando comportadamente, ser confiável aos ditos mercados tão responsáveis pelas catástrofes humanitária e ambiental. Por isso, fica a pergunta: a solução dos graves problemas sociais existentes teriam como solução puramente o critério da gestão ou seria necessásrio questionar o próprio sistema?
Hoje o líder das pesquisas para presidente se movimenta atraíndo antigos opositores neoliberais. O PT resume a luta política ao mero jogo eleitoral. Mas e as reformas trabalhista e da previdência que tanto violentaram os trabalhadores e os mais pobres? Elas serão revogadas, mesmo tendo seus defensores como aliados?
Enquanto a eleição não vem, por sua vez, o governo e o Centrão seguem com a visão medíocre de um projeto de destruição do país e de farra com o dinheiro público.
Por isso, nunca é de mais lembrar um trecho de Poesia comprometida com a minha e a tua vida, do grande poeta Thiago de Mello, falecido no dia 14 de janeiro deste ano, para ressaltar a responsabilidade e o papel fundamental que as esquerdas devem reassumir:
Aprendi, por exemplo / que não somos os melhores. / Custou, mas aprendi. / Tempo largo levei para enxergar / que era de puro desamor a chama / que crescia no olhar do companheiro…
Não somos nem melhores nem piores. / Somos iguais./ Melhor é a nossa causa. / E repetir: melhor é a nossa causa. / Mas no viver da vida, a vida mesma, / quando é impossível disfarçar, quando não se pode ser nada mais / do que o homem que a gente é mesmo, / na prática cotidiana da chamada vida,
que é a verdadeira prática do homem, / fomos sempre e somente como os outros, / e muitas vezes como os piores dos outros, / os que estão do outro lado, / os que não querem, nem podem, nem pretendem / mudar o que precisa ser mudado / para que a vida possa um dia / ser mesmo vida, e para todos.
A esquerda não pode se perder no jogo dos poderosos e se tornar uma força política comportada. Não pode caminhar ao lado dos que não pretendem mudar o que precisa ser mudado. Não pode abandonar a utopia de que a vida possa um dia ser mesmo vida e para todos.
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