Dependência e Neofascismo Caboclo?
Dependência e Neofascismo Caboclo?
Amigos preocupados com o futuro de suas famílias e do país. Cidadãos não profissionais em televisão , continuamos desejando , ao menos opinar , até assustados com elites irresponsáveis – PIB caindo , dólar a mais de quatro reais, milícias , dívida pública absurda , o FIES , financiamento estudantil , com sobra de vagas , o que atesta desinteresse dos jovens, túneis desabando , tiroteios no centro de Copacabana , cidades turísticas como Angra ou Arraial do Cabo sem empregos e muito menos turistas.
O Presidente cita texto em que menciona que o “Brasil é ingovernável” e Maia, Presidente da Câmara, diz que sequer fala com o “líder do Governo” que teria afirmado que para diálogar na Câmara seria preciso chegar lá com “um saco de dinheiro na cabeça”.
A “reforma da previdência” surge como o “novo milagre brasileiro ”, que salvaria o país . Nada se fala sobre a auditoria da dívida pública, que sangra o país, com um pagamento anual só de juros e amortizações de cerca de 600 bilhões de reais . Nem se menciona , por exemplo, a taxação das chamadas grandes fortunas ou uma reforma tributária condizente.
O modelo e líder das “elites” brasileiras já cooptadas e em crise continuada , responsáveis pelo caos à nossa volta , continuam sendo os EUA, o Império Americano . Este , em crise talvez ainda maior , pois sobrevivendo à custa de guerras e bombardeios e sabotagens e saques contra países mais fracos , como atestam inúmeros historiadores, aqui Moniz Bandeira( “A desordem mundial”, entre outros).
Agora, os EUA mais desesperados ainda pela ascensão mundial econômica e militar da China, em especial, tentando recuperar-se pela perseguição implacável aos minerais , petróleo , riquezas de países como o Iraque, já destruído tal qual a Líbia e o Afeganistão, ou Venezuela e Iran, na mira do Império – por “casualidade”, todos em posição mundial chave , produtores de petróleo e possuidores de grandes recursos minerais. . E por que o Brasil estaria fora dessa lista ? Por apenas ser fraco, militarmente, e “bonzinho”? Isto é, estaria na lista , mas não visado, por ceder a tudo sem luta ?
Vivem os EUA num estado de exceção(Cf. bases dele em Agamben, G.”Estado de Exceção”), implícito , como também temos por aqui , aliás, técnica de governança atual das “democracias ocidentais”, situação até já retratada em filmes como “Vice”, de Adam McKay , valendo assisti-lo – e refletir sobre o tema .
Tem sido mortas , pelo Império Americano , milhões de pessoas, sem qualquer base legal , para atingir seus interesses econômicos, na verdade de minorias abastadas , em especial o complexo industrial-militar americano, admitido por Eisenhower, há décadas.
O que fizeram os EUA contra uma nação soberana e independente como o Iraque, matando centenas de milhares de pessoas, sabendo seus dirigentes que aquele país não tinha ligações com terroristas e muito menos armas químicas ( algo muito bem mostrado no filme de Adam McKay, antes citado ) , foi um crime inominável. Realizado via o estado de exceção citado e com manipulação da opinião pública americana e mundial , envolvendo até Tony Blair, o então primeiro-ministro inglês, e outros seus aliados, contra a legislação americana e da ONU .
Houve desrespeito ao povo americano ao não ser consultado o Congresso e ao ser interpretada de forma suspeita a legislação. Isto já tinha sido feito por Bush , quando venceu Gore por 537 votos , a recontagem dos votos , na Flórida, tendo sido suspensa por decisão da Suprema Corte dos EUA , conseguida via conhecidos e importantes advogados do Partido Republicano , e de Bush, na época.
Um crime contra a humanidade, no Iraque, evidente , abafado e minimizado até hoje, como tantos cometidos pelo mesmo Império, caso da Líbia, Vietnan ou Afeganistão, entre muitos outros. Os EUA tornaram-se um Estado Terrorista, conforme seus interesses, longe da “democracia” quando lhe interessa, desde que não conseguindo atingir seus objetivos geopolíticos totalitários via mentiras, enganação ou dissuasão – ameaças continuadas, golpes brancos, corte de verbas , sabotagens, crimes, assassinatos – em que se nota um dedo estranho, provável dos chamados serviços secretos, CIA o mais conhecido deles.(Detalhes, com referências e provas, entre outros, em Moniz Bandeira, “A Formação do Império Americano”).
O que mostra também o filme antes referido , “Vice”, é que, se aqui finge-se nada ver, lá , EUA, os americanos democratas denunciam a situação e resistem a ela, em grande escala . O próprio filme é uma prova disso.
O ocorrido não impediu nem Obama nem Trump de trilharem o mesmo caminho , recentemente este , ao vender, fora da Lei, sem consulta ao Congresso, armas modernas à Arábia Saudita, ponta de lança de interesses americanos no Iêmen, em guerra, sob uma desculpa sem sentido . As origens, as mesmas antes citadas de outros casos – interpretação da Constituição e leis americanas, de forma a favorecer os interesses de grandes corporações, via Presidente em exercício .
Assim funcionam os estados de exceção, que , no caso do Brasil , chega ao descaramento quando o STF julga direto, e sem impedimento ou suspeição, por exemplo , políticos que , não há muito tempos , indicaram e nomearam seus próprios ministros .Ou quando um impeachment como o de Dilma Rousseff é manipulado , descaradamente, via interpretação constitucional, num acordo espúrio ou cambalacho entre Lewandowski, então presidente do STF , e Calheiros, do Senado, e mais sabe-se lá mais quem, possível uma maioria de ambas as casas, de forma a Dilma ter sido retirada do poder sem punição, mantendo os direitos políticos e tendo sido até candidata ao Senado.
Hoje, Trump, formalmente , à frente das violências e projetos de poder americanos , pretendendo mudanças nos EUA e no mundo, à direita radical , num perigoso jogo aparente absurdo, que chega ao Brasil via Bolsonaro , como o foi o do nazismo, nas suas origens, na Alemanha da década de 1930. Uma estratégia que envolve recuperação do poder mundial americano, ora em decadência e ameaçado, evitando uma guerra mundial atômica por ele, que vem sendo testado em vários países e acha-se , aparente, em desenvolvimento.
Trata-se de uma mudança de tática política, no campo comercial, diplomático , econômico e até militar , que visa enfrentar o crescimento rápido da China e o soerguimento da Rússia, países que tem dado um basta ao projeto geopolítico hegemônico dos EUA.
Frente à evidência de que vem fracassando , gerando resistências e sendo ultrapassado seu imperialismo terrorista e predatório , apoiado na guerra, superexploração , golpes militares e domínio da mídia mundial .Os EUA vem apoiando-se em, primeiro, luta ideológica, não democrática pois não tem argumentos, mas via distorção ostensiva dos fatos, teorias, versões, mentiras mesmo (Trump, famoso, o rei delas) – propaganda , radical e mesmo desonesta e unilateral , luta ideológica,e política e econômica(bloqueios, assaltos, confisco de recursos de outros países discordantes, depositados em bancos internacionais, pegando-os de surpresa em conluio com seus “aliados” satélites) .
Isto mais ameaças sempre, dissuasão , insinuações de violência sem fim ; e , quando nada disso produzindo resultados , e em havendo condições , o uso do “bastão” já famoso, de séculos, agora modernizado , isto é , uso de mísseis e bombas e terrorismo via drones . Utilizam, os EUA , entre outros, todos os recursos das chamadas “guerras híbridas” , antes/durante a ação militar propriamente assumida – isto é , guerra declarada . Já identificados como dominadores, imperialistas, terroristas mesmo, escondem-se como e enquanto podem por trás de gritos de democracia, xingamentos de que os inimigos são traficantes de tóxicos, ditadores infames, etc.Isto enquanto eles próprios mantém internamente um evidente estado de exceção e externamente ligações com as mais sanguinárias ditaduras, caso mesmo da Arábia Saudita; além de ataques a nações soberanas, sem qualquer real motivo, bombardeios, destruição, genocídios(Vietnan e Iraque recentes) , promoção exércitos mercenários(parte da estratégia das guerras híbridas).
Na verdade, uma política mundial e por aqui também, Brasil, que encontra lógica até nas suas provocações sucessivas, confusão , violência, ao fundo uma guerra contínua por dominação a ser mantida e a ser conquistada – que objetiva não só autoritarismo, mas totalitarismo, quer dizer, com apoio e participação popular mediante manipulações, demagogia, táticas diversas de dominação , já descritas em livros e muitos filmes , de longa data. (Tipo “1984”, de George Orwell, e “O admirável mundo novo”, de Aldous Huwley. Para não nos referimos , nesse sentido , a marcos de fatos políticos mais explícitos , com dados e referências, caso de obras como “O Estado Militarista”, de Fred J.Cook , ou “O Governo Invisível “, de Wise e outro).
Os estados de exceção implícitos , lá e cá, já lembram o da Alemanha, década de 1930, tendo sido antessala do nazismo -haviam , então, “absurdos”, contradições, provocações, xingamentos sem resposta , do mesmo tipo dos aqui vistos , assim como nos próprios EUA, Trump contra democratas de lá.
O Brasil atual , sem destino , ou projeto de nação , numa aparente tentativa de servilismo ilimitado e imitação interna, no possível , pela elite no poder , dos valores americanos. O que significa, na situação em que se encontra o país , endividado e dependente , verdadeiro fim do que lhe resta de soberania e independência, um rumo no sentido do fim formal do país um dia chamado Brasil.
Evidente que sob outra forma , pela dependência, falta de indústrias pesadas, armamentos, etc. isto é , pelas diferenças do também regime fracassado americano(por outras razões, diferentes do fracasso do brasileiro ), só capaz de sobreviver pela guerra , superexploração e mentiras midiáticas, como defesa da democracia e dos direitos humanos – e que só por meio de tais táticas indecorosas e não éticas consegue sobreviver .
De outro lado, dele dependente, um Brasil vergonhosamente desarmado (armas nucleares, mísseis modernos, submarinos atômicos, comunicações independentes ) , ainda devedor sabidamente relapso e inadimplente , assim , pois, sem capacidade de investimentos – um país fracassado , incapaz de obedecer decisões internacionais via ONU , preservar a saúde e integridade de sua população , o direito de ir e vir em todo o seu território, a defesa efetiva de suas fronteiras e recursos contra inimigos externos . (“Estados Fracassados “, de Noam Chomsky) .
Só resta a resistência democrática a essa verdadeira abdicação de soberania e independência , ostensivas, por parte dos atuais detentores da administração estatal , integrados agora aos que detém as rédeas do governo há muito , isto é , de decisões fundamentais , via controle da economia (Banco Central e alguns ministérios ). Necessárias reformas , no sentido mais igualitário, coragem para enfrentar problemas como a dívida pública , unidade das forças populares e dos democratas , um programa mínimo democrático comum.
Entendendo-se que os aparente “absurdos”políticos , econômicos e até militares , vistos a cada momento, fazem parte de um quadro que tem precedido , via décadas , autoritarismo e totalitarismo , como a História ensina, caso de Hannah Arendt , no seu conhecido “Sobre o Totalitarismo”.(*)
*******************************
(* Artigo e anotações, neles baseado o editorial divulgado em Caminhando Jornal TV n º 9 , do dia 25 de maio de 2019 ).
Comentários