Protestos de Rua Contra “Malucos”?
PROTESTOS DE RUA CONTRA “MALUCOS”?
*protestos de rua contra os atos de Bolsonaro , ministros e outros, cortando verbas para a educação ; propondo modelo elitista de reforma da previdência ; dando respaldo às ofensas oriundas de seu mestre Carvalho, contra militares e ministros , vindas dos EUA, entre outros. *
[Base do editorial de Caminhando Jornal TV – nº 8]
(Redação)
Malucos ? Não . Nada têm de malucos nem Bolsonaro, nem seus ministros ou o guru Carvalho . Fazem um jogo de provocações, ataques, baixo nível, impossível de ser respondido sem baixarias. Trump fez algo semelhante inúmeras vezes, inclusive com Hillary Clinton, sendo bem sucedido.
MALUCOS OU JOGADORES DE XADREZ POLÍTICO ?
Mas, os efeitos estão nas ruas do Brasil. Multiplicam-se, neste momento, protestos populares contra cortes de verbas em universidades, pesquisas , declarações estrambóticas de ministros e bolsonaristas , ameaças vindas deles – administração Bolsonaro . Manchetes da big mídia falam em “maluquices”, “situações loucas”, “absurdos”, “loucuras”.
Mesmo agora, com multidões nas ruas, em cerca de 250 cidades, a big mídia e intelectuais continuam mencionando “situação louca”, “absurda”, etc. o que , realmente, à primeira vista , parece existir . Seriam medidas da administração federal, sem sentido, contra faculdades de sociologia e filosofia, cortes absurdos de verbas , destempero do despreparado presidente do Brasil , ofensas oriundas de seu guru, Carvalho, dos EUA . De outro lado, eles argumentam que se trata de restrição de gastos a que são obrigados a obedecer, por força de Lei.
Seriam mesmo “maluquices” ?
Exceção do corte ou contenção momentânea de verbas, que ainda se poderia discutir, tais ataques das elites bolsonaristas brasileiras/estrangeiras , ora no poder estatal, têm-se voltado, e com mais violência, agora, contra os próprios militares dela aliados, em cargos diversos, e as atividades dos ministros de estado de várias áreas, como educação e meio ambiente.
Em resposta, nossa big mídia e as principais revistas continuam, em geral, chamando os autores desses atos – de malucos, loucos, despreparados , incompetentes.
Os militares, em altos cargos, têm recebido ofensas provocativas e exageradas tipo – o “General é uma bosta engomada”, esta originada em Olavo de Carvalho, americanófilo residente nos EUA, guru dos Bolsonaro . Nem o Gal. Villas-Bôas , com doença degenerativa , articulador e aliado de Bolsonaro, escapou. Ele , inclusive , tudo indica , garantindo-lhe a vitória eleitoral de 2018 (via algum acordo de bastidores , aliás reconhecido por Bolsonaro, de público) .
Pois bem – o Presidente não saiu sequer em defesa de Villas-Bôas , contra o americanófilo Carvalho, que também o atacou .
A forma dos ataques, bem se sabe – palavrões, depreciações , ofensas pessoais , virulência inaudita . Nada de trocas de idéias ou debates normais. Ou denúncias específicas. O que há sob tais ataques , em essência ? O que importa, em primeiro lugar , seria entender – as razões de tais ataques , seu significado, pois elas existem , embora mascaradas ou escondidas sob os os citados palavrões e depreciações .
A big mídia local , em seu vai e vem, recheada de fake news, sob comando , no final da linha, via propaganda e financiamentos , do rei das fake news, Trump , parece não se preocupar com nada disso e ainda esquecer a identificação dela própria com esses aparente estranhos ataques e com o comportamento público do próprio Trump, tanto nos EUA como a nível internacional. Ela é , queira ou não, a mídia oficial do Império Americano , Trump o líder reconhecido dele.
Por isso, ela raro sai da linha. E a Rede Globo, p.e., até possui seu manual de princípios, citado recente por Tofolli, STF, este por sua vez elogiado pela Globo, todos compadres – nada de jornalistas contrariarem a abordagem jornalística da mídia onde trabalham . Proibido contrariar. Primeiro , o profissionalismo. Depois, a cidadania.Talvez por isso, na recente tentativa do Império derrubar o governo eleito da Venezuela, de Maduro(acusado pela mídia de traficante de tóxicos, ditador,etc. embora não se visse provas nas reportagens da Globo e outras ), todos os jornalistas daquela mídia se comportaram tão bem – não houve sequer um discordante – todos cantando e repetindo o mesmo , politicamente afinados com a Globo e o Império , sempre os mesmos mantras. Isto é o que eles chamam de imprensa livre e independente.
FAKE NEWS , MENTIRAS DELIBERADAS, JOGO POLÍTICO
Trata-se de ataques integrados com dezenas de mentiras, fake news, originadas, indireto, no exterior , no tal guru, instituições americanas, na administração e no presidente americano, por aqui repercutindo , via Bolsonaro, seus ministros e desconhecidos . Ataques disseminados nas redes sociais e pela big mídia , em especial , ao fundo controladas pelo Império Americano – Bolsonaro , uma espécie local do “gênero” americano de política – mentirosa , ” trumpista”.
Bolsonaro foi deputado por anos, elegeu-se com apoio da cúpula militar (exato esta atacada pela CIA, recente , ao divulgar a CIA/Globo , véspera das últimas eleições, documentos secretos requentados – que depreciavam os militares brasileiros , inclusive, via “Programa do Bial “, Rede Globo. Bolsonaro, de outro lado, tem escapado de muitas acusações e teve apoio eleitoral em estratégias de marketing inovadoras, americanas, com dedo do conhecido Steve Bannon.
Confuso ? Aparente, sim, complexo , desde que , de outra parte , um Danny Glover, o negro ator de “Máquina Mortífera” , ligado à AFL-CIO, federação americana de trabalhadores (acusada de ligada à CIA -“Quem paga as contas “?, Frances Sounders) , esteve no Brasil , e em Curitiba, apoiando Lula e o PT , enquanto forças aliadas faziam uma campanha internacional pró-soltura de Lula. Quer dizer, americanos pró-Bolsonaro e outros pró-Lula.
Ora, há frações políticas diversas compondo o bloco dominante de poder, também nos EUA, diferenciando táticas e estratégias , republicanos e democratas, neocons e outros. (Cf. e entender melhor via Moniz Bandeira, p.e. , “A desordem ocidental”). Aquele se dividiu quanto a Lula e opositores a Lula, a política “trumpista” republicana tentando se impor contra a democrata e até a republicana mais moderada . De qualquer modo, todas pelos interesses americanos e não brasileiros – táticas políticas diferentes, quanto à política interna brasileira.
Nessa aparente confusão , bolsonaristas se ofendendo entre si próprios , dia a dia, meses passados do início da administração ( administração e não governo porque , como as anteriores , ela não governa, toma decisões fundamentais, como as econômicas, só administra e mal ). O estilo é o de Trump, ao lidar com o público, este exaltado pelo presidente brasileiro . Pouca ou nenhuma preocupação com a verdade , tanto que tal , a mentira institucionalizada , já leva à edição de livros, nos EUA, e traduzidos por aqui, caso de “A morte da verdade”(Michiko Kakutani), atestando o referido, e analisando manipulações e origens das mentiras políticas , que vão longe . Até se promoveu uma contagem – listagem das milhares de mentiras de Trump, catalogadas por jornais opositores : 1950 mentiras em um ano de governo , 5,6 declarações duvidosas por dia .(Washington Post”.
Essas mentiras e ofensas, antes citadas , segundo a big mídia nacional, seriam resultado de questões de temperamento, educação, “loucura”, seja quanto a um ou outro, Trump, Bolsonaro ou Olavo de Carvalho . Ora, são explicações sem sentido .
Trata-se , no caso dos EUA, do líder da mais poderosa nação do mundo , em termos militares, com cerca de 900 bases militares espalhadas por todos os continentes, inclusive ao lado do Brasil, na Colômbia, suas palavras de projeção mundial . Trump representou radical oposição a Hillary Clinton e sua política, radicalizando e atropelando, para usar termo delicado ,uma duvidosa eleição , em que teve minoria de votos, como Bush , há alguns anos.Usou Trump com Hillary uma linguagem e violência não diferentes daquela de Bolsonaro, em geral, ou de Carvalho, com os generais brasileiros.Contradiçoes entre frações de classes dominantes.
Casualidade ou rigoroso planejamento ? Trump venceu, Bolsonaro idem, Carvalho está no meio de uma luta , mas os generais perdem prestígio e parecem acovardados. Ora, a multidão gosta de militares valentes – tipo Bolsonaro. Os generais , assim, perdem prestígio .
CONSTITUIÇÃO, LEIS, ESTADO DE EXCEÇÃO
O estado de exceção implícito de Agamben (“Estado de Exceção”) , que não é ditadura, sequer constitucional, mas uma suspensão momentânea da aplicação de uma norma, não é patrimônio brasileiro , nem surgiu apenas por aqui. Já vicejava na Alemanha, década de 1930, abrindo caminhos para Hitler . E tem servido a outros, servindo-lhes de muletas tanto a Justiça e suas interpretações como a própria Constituição – no Brasil, uma que vem da transição da ditadura para a democracia, e que teve o dedo de Golbery e de grandes corporações multinacionais(Dreifuss, R.A., “O jogo da direita”…)
A frase tirada de seriado de José Padilha(“O mecanismo”, t.2, ep.7) , embora contendo verdades (“A Lei é a madrinha da corrupção”) é incompleta . A Lei pode ser também, e é , por vezes, ainda madrinha do autoritarismo e até do totalitarismo, abrindo caminhos para eles , em especial em estados de exceção implícitos , mascarados de estados democráticos de direito, estes apenas formais , na sua essência – não materiais .
[ Sutil, complexo, mas é o que pode explicar Guantânamo , centro de torturas dos EUA, à margem da legislação nacional americana e da internacional , como bem entendeu Agamben .Ou, por aqui, o esdrúxulo impeachment de Dilma Rousseff, retirada do poder, mas não punida , num rompimento e “fatiamento” da Constituição Federal , resultado de acordo espúrio de frações das” elites” dominantes ,ou frações de classes, com anormal interpretação constitucional . No caso brasileiro , sob as vistas da Nação aturdida e impotente , via TV; e das elites, presentes via seus representantes ilibados, tipo Renan Calheiros, então Presidente do Senado , e Lewandowsky, à época Presidente do STF. A culpada e punida, perdendo o cargo mas não outros direitos , graças a tal ainda preservou privilégios e foi até candidata ao Senado , por Minas Gerais, estado então dirigido pelo seu amigo e lulopetista – Fernando Pimentel ] .
No caso ora em foco, trata-se de atos que envolvem o poder estatal atual, o próprio Presidente Bolsonaro e seu ministério , e que , pelo nível de gravidade , podem até desestabilizá-lo – provocações , ofensas pessoais , palavrões, atingindo a alta cúpula de uma instituição militar, talvez a mais prestigiada das instituições, em época de descrédito político geral – o Exército- e o vice-presidente da República, um general.(Neste momento, por sinal, Bolsonaro distribui texto de “autor desconhecido” que menciona um Brasil “ingovernável”, sob o domínio de “corporações”).
Os últimos xingamentos, insistamos, são oriundos de indivíduo sem qualificação, morador dos EUA, e com apoio de parte da mídia americana e brasileira .Ele os faz de lá , EUA, bem de longe e protegido. Ingenuidade achar que fala por si mesmo, de brincadeira, apenas pelo prazer de atacar e analisar . O que não tem sentido porque ele nada analisa de forma mínima lógica , nem se mostra capaz de debater com nível, frente a julgadores isentos , com tempo igual para os adversários . Quer dizer , havendo democracia garantida no debate. Age, assim, exato como seus adeptos e os de Bolsonaro, por aqui.O objetivo, pois, não é ensinar nem aprender nada, nem chegar a conclusão alguma- apenas ofender, agredir, provocar.Por quê ?
E por que a big mídia, por sua vez , minimiza e quase ignora tais atos, atribuindo-os a questões pessoais ou de personalidade, fingindo-se de ingênua ? Esquece ou finge esquecer que tal procedimento vem de longe, nos EUA . Bush , ex-presidente dos EUA , como Trump , foi eleito de forma questionada, duvidosa, discutindo-se votos na Flórida, onde lhe convinha – com decisão final também de corte superior , máxima nos EUA .Não venceu por maioria de votos , mas por subterfúgios jurídicos e forte apoio financeiro. A big mídia está fazendo seu jogo também, entre as várias frações dominantes em disputa , os EUA agindo, ostensivamente, por aqui, via táticas diferentes de também diferentes frações políticas americanas.
Quanto às mentiras , seu uso político vem de longe – Bush tinha assessores que até declaravam , de público , serem os “EUA um Império”, o mais poderoso do mundo , e , por isso, podiam construir “sua própria versão dos fatos” . Essa versão americana deveria prevalecer talvez por que se tratava dos EUA conservarem aquele hipotético e inventado “destino manifesto” messiânico, com Deus a tiracolo ; ou por serem , simples, o país com mais armas nucleares , o “mais poderoso do mundo”(Rowe ). Assim , via tais argumentos , as mentiras foram e vem sendo engolidas dentro dos próprios EUA e em todo o seu Império, países diversos, via sua big mídia e redes sociais , em geral com vitórias ideológicas, e , quando não , via o velho “big stick”, modernizado , aquele bastão da violência de séculos que transmutou-se em bombas nucleares(Hiroshima e Nagazaki ), bombardeios criminosos, genocídios .
A mentira sempre presente , como a descarada de Bush filho , quando assegurou ter o Iraque armas químicas, baseado em outras mentiras, no caso da CIA, que afirmava ao mundo elas existirem mesmo , baseada em provas nunca apresentadas. Aliás, exata mentira igual à mais recente, quanto à Síria , ambos países bombardeados com base nas fake news originadas na cúpula de poder americana, via presidentes. Obama agiu da mesma maneira , ordenando mais de 2500 drones sobre inimigos, matando indiscriminadamente , e ainda ganhando o Premio Nobel da Paz . Isto se chama poder , a nível mundial.
AS TÁTICAS DE TRUMP
TOMADAS POR BOLSONARO
Tudo indica que o modelo de Bolsonaro vai no caminho mencionado. Só que os resultados poderão serem outros , desde que Brasil não é EUA , nem Bolsonaro é um Trump, longe disso quanto à fortuna pessoal e ligações com o complexo industrial-militar americano, por trás de Trump.
Modelos podem serem sonhos e nunca se tornarem realidade. Trump arrota mísseis e provoca adversários e vai bem obrigado . Bolsonaro, em poucos meses, está com multidões nas ruas contra ele e fala em “Brasil ingovernável”. Arrotou vantagens e teve que engoli-las quando escondido atrás dos EUA bancou o valente quanto à Venezuela . Cujo governo manteve-se sereno e suportou o ataque do Império Americano secundado por bolsonaros de alguns países – todos fracassados e apenas dependentes da matriz daquele Império.
Ora, quem cultiva as mentiras, e delas precisa, é por falta de argumentos, caso dos EUA, em decadência mundial, sobrevivendo via guerras, ameaças e invasões ; e caso de um Bolsonaro, eleito via estranha facada, manipulações também estranhas nas redes sociais, auxílio indireto de Lula ao não apoiar um Ciro Gomes (este tranquilo vencedor se apoiado por Lula ) .
Políticos na posição de Trump e Bolsonaro não podem querer análises verazes, lógicas , gostar de especulações inteligentes ou muito menos pertinentes. Nada de Sociologia, Filosofia, intelectuais, estudiosos. Necessária a confusão, a ignorância, o não estudo, o não intelectual. Perfeitas razões e lógica para não se entusiasmarem nem com fatos, nem com verdades, nem com uma mídia competente e não manipulada. Tal explica os entreveros entre a mídia e políticos desse tipo, até mesmo entre a mídia controlada pelo Império e um governante de tal tipo.
Para vencerem disputas , eleitorais ou outras, tais políticos precisam de mentiras, truques, armadilhas, manipulações . É o caso do Império Americano , de longa data. (Cf. “Formação do Império Americano”, de Moniz Bandeira) – inventar inimigos, mentir com descaro , generalizar a corrupção , inventar escândalos, exibir baixarias, gritar , berrar e não debater – assim agiu Hitler .E , por aqui , sempre e também agiram alguns dirigentes políticos no interior de suas propriedades, digo , feudos, digo partidos construídos em torno deles próprios, candidaturas dependendo do prestígio e humor deles. O Brasil democrático funciona, hoje, com medidas provisórias, presidencialismo de “coalizão”(?!), foro privilegiado e com políticos bandidos sendo julgados por juízes e ministros, que lhes suplicaram os cargos e que eles mesmos nomearam. Democracia mais que relativa, em que garante-se liberdade de opinião , parcial de ação , mas não democracia , no sentido de controle popular sobre os governos ou administrações.
Bolsonaro, deputado federal , usando verbas para moradia e outras, quando não precisava , admitindo que as usava para ….(pesquisem ,deixemos para lá ). De fato, ele um entre milhares. Assim, no Brasil, Temer é um injustiçado por complôs e conspirações e ações de inimigos ; Lula da Silva idem ; também Eduardo Cunha e José Dirceu e Aécio Neves e …
Se Trump tem atrás de si o complexo industrial-militar, que Eisenhower mencionara e criticara há décadas (Cf. “O Governo Invisível”, de Wise e outro) , sua forma de agir , vitoriosa eleitoralmente, tem em vista sustar a decadência do Império Americano e obstar fatores como a ascensão da China e o soerguimento mundial da Rússia. Isto além daquela eterna pretensão americana , já referida e que deve ser sempre repetida, de pensar ou sonhar terem os EUA um “destino manifesto”, com a mão de Deus sobre o ombro .
Eles, aqueles únicos aptos a definirem os rumos justos da humanidade – na prática, dizendo apoiarem democracias e direitos humanos, mas com mais de 900 bases americanas espalhadas pelo mundo ,praticando bombardeios, crimes, sequestros, assassinatos ditos seletivos via drones, promovendo presídios como Guantânamo , fora da lei , apoiando ditaduras, conforme seus interesses .
Estes os mentores de Trump , Carvalho, Bolsonaro e muitos outros, desde que o Império engloba mais de 50 países, aqueles tão referidos pelo venezuelano Guaidó. Bolsonaro e suas contradições com outros militares brasileiros, e seus projetos administrativos e mesmo os provável inexistentes de Nação, todos não podem deixar de levar em conta o antes citado – o Império do qual dependem , e que Bolsonaro tanto exalta, talvez mais pela sua fraqueza como presidente apenas formal de um estado fracassado – precisa ele, pois, de um líder , apoio , quem o sustente, e vai buscar tal no exterior. Sequer confia nos apoios locais, que sabe confusos, inconfiáveis, fracos ao menos em comparação com o poderio , em todos os sentidos, do Império .
As democracias que os EUA diziam incentivar e a luta pelos direitos humanos e pela dignidade dos homens fazem parte do longínquo passado americano , hoje eles identificados já muito mais por bombardeios, crimes, invasões , desrespeito às regras internacionais e à soberania dos países . (Moniz Bandeira, “A desordem mundial”). Tudo isso são fatos que Bolsonaro e os seus aliados locais não podem ignorar – nem os analistas que buscam entendê-los.
O que esperar desse tipo de poder e de Império, dessas classes preponderantes , agora fração como a de Trump ? Perguntem a centenas de aliados deles, de países desde a América do Sul à Central e à Europa e Ásia. Nem Rússia ou China escaparam, no passado , de suas ações predatórias e guerreiras. Os ingênuos brasileiros(seriam mesmo ? Ou tratou-se sempre de elites covardes, predadoras e traidoras de seu povo , em troca de favorecimentos ?) , “enganados”(ou coniventes, essas “elites”?) por décadas(Eduardo Prado , “A ilusão americana”), mais recente quando do golpe estrangeiro de 1964(basta olhar os resultados à nossa volta – décadas de neoliberalismo , desde o amalucado(Collor) , ao organizado e intelectualizado (FHC) , ao mascarado (Lula da Silva) , à desordenada e confusa (Rousseff) e ao atual precocemente fracassado ( Bolsonaro). Mais e do mesmo, na essência , sob diferentes aparências – ou máscaras ?
Onde ficam os bolsonaristas e generais brasileiros , em atrito constante , neste contexto ? Onde se situa o guru de Bolsonaro , Carvalho ? Contradições .Quais? Que tipo? Em princípio, alinhados com a nova estratégia trumpista , que não é unanimidade sequer nos EUA, pois conta com a oposição dos liberais de lá , entre outros. Trata-se da linha a mais radical da extrema-direita americana e mundial (Trump sequer critica movimentos racistas americanos, que nele votam ) , muitas vezes somando com direita mais racional e democrata , que , por sinal, promoveu a vitória da “Nova Direita”, no Brasil, com Bolsonaro . (Cf. “A Nova Direita no Brasil”, de Flávio Casimiro). O que deveria ser investigado , fosse o Brasil um país sério e democrático, pois vários dos movimentos que elegeram Bolsonaro, e estiveram nas ruas , e depois integraram-se a partidos políticos existentes, tiveram , ao fundo, financiamento estrangeiro, o que é condenado pela Constituição Federal (Art. 17, II).
PRETENSÕES OU FUTURO ?
OU
SEM RUMO OU DESTINO ?
O Império Americano , sem contar as guerras promovidas , invasões, genocídios, sem nenhuma piedade ou contemplação, mesmo quando possível, como o ocorrido no Vietnan, Iraque, Líbia e outros países, tem demonstrado , ao curso de décadas, qual sua política( guerra, ameaças, violências) e diplomacia(mentiras descaradas, descumprimento de acordos, etc.- o primeiro brasileiro a denunciar – Eduardo Prado ) .Essa linha política , radical à direita, acredita ter soluções para reerguer o prestígio americano em decadência , na base do pragmatismo radical e usando até métodos antigos dos fascistas . Por exemplo, mentiras deslavadas repetidas, maciçamente , propostas deliberado confusas e contraditórias , vais e vens políticos, respostas sempre generalizantes a críticas, e respostas com ataques , ameaças, gritos, berros, sem jamais, de fato , responder ou esclarecer quaisquer críticas. [Tipo o comportamento de Hitler , antes de assumir poder absoluto, mas já líder do estado de exceção alemão, antessala do nazismo.(Paradoxal, e a ser melhor analisado, é também este o comportamento de líderes brasileiros acusados de corrupção , dentro de seus partidos , ao que parece bem instruídos , exato no mesmo sentido ) . (CF. Hanna Arendt, “Sobre o totalitarismo”) ] .
A “guerra” de bolsonaristas, Olavo de Carvalho à frente , contra os militares brasileiros , mais centrada no vice-presidente General Mourão , e no líder militar sofrido Villas-Bôas , tem racionalidade, inclusive os impropérios e provocações de Carvalho. Uma luta entre frações político-militares , complexa, mas inteligível, elas componentes do bloco dominante de poder a administrar a crise do estado brasileiro , de exceção , informal , implícito , fracassado.
Unidos na última eleição(2018) , quando o General Villas-Boas, então dirigindo o Exército, compôs um projeto das forças militares com Bolsonaro, num caminho rumo ao poder estatal bem mais rápido e sem golpe militar .”Os militares”, que já estavam parcialmente no centro de gravidade do poder , na administração Temer , até pela fraqueza dela, viram , numa aliança da instituição militar com a fração política bolsonarista-militar/miliciana , em disputas eleitorais , elas então ainda fracamente militares , uma boa solução para chegar ao cume do poder . Melhor que esperar mais por um respaldo legitimador popular ou da Justiça ou buscar um mais arriscado e antiquado golpe militar .
Bolsonaro chega, assim, à vitória, usufruindo das instalações militares , de norte a sul , tendo elas lhe servido até de palanque político . Essas bases, somadas às instituições militares estaduais, polícias militares, mais clubes de tiro , militares reformados , suas famílias e apoios – além de amplo e inédito trabalho nas redes sociais, com participação estrangeira e uma então big mídia empenhada em livrar-se de Lula , símbolo da corrupção , que chegara a um ponto insuportável – vão dar-lhe à vitória para a Presidência , ainda com apoio do povão mais despolitizado , desiludido com a “esquerda” desmoralizada, uma Dilma confusa e contraditória , Lula entranhado com problemas judiciais e mergulhado na corrupção.
De fato , liquidar os lulopetistas,eleitoralmente, significava eleger Bolsonaro . As outras frações políticas do bloco de poder dominante aliadas não poderiam continuar sustentando o lulopetismo para sempre .Isto na medida em que o regime se desmoralizava mais e mais , a cada dia, instituições integradas à desordem e corrupção , havendo o risco de cair o regime político, caso não houvesse uma troca da fração lulopetista , então no centro de gravidade do poder, por outra mais competente e palatável , seja para as “elites”ou para o povo revoltado . (Só que o vice-presidente era aliado, melhor dizendo sócio , do lulopetismo, todos compostos quanto ao poder e outros interesses, o PMDB sendo o decano da corrupção política tradicional , pós-abertura política, como já se desconfiava e o tempo veio a comprovar. Daí a troca mostrando-se improdutiva e os escândalos continuando ) .A alternativa evitada foi o golpe militar proposto até nas ruas.
De qualquer modo, o combate frontal ao lulopetismo valeu a eleição de Bolsonaro, em especial somado à facada criadora de uma vítima política , o”mito” .E às urnas eletrônicas não acompanhadas de voto escrito, sequer em parte, sob a vigilância(?!) ou supervisão indireta, digamos assim, de um general, tornado assessor de Tofolli , presidente do STF, este o real controlador do TSE e das urnas eletrônicas .(Passíveis essas de , um dia, virarem o maior escândalo nacional , na medida da difusão na grande mídia de muitas informações já existentes , e outras que poderão aparecer a qualquer momento, via algum ex-assessor importante ou mesmo alto membro da cúpula dos poderes).
E Olavo de Carvalho ? Provável intermediário entre o baixo nível estratégico e de capacidade operacional de um Bolsonaro e o apresentado pelos EUA, o oposto, alto nível e preparo de seus estrategistas e órgãos de segurança. Ora, Carvalho nos EUA, na Virgínia , ligado a setores do poder americano atual , provável CIA, Departamento de Estado, Pentágon, antes combatendo(e manobrando e manipulando via meios eletrônicos e digitais , muitas centenas de milhares de eleitores brasileiros, com cursos, instruções, “filosofias” – ideologia)pela vitória eleitoral de Bolsonaro , e , depois, na linha Trump, atuando de lá na política brasileira , projetando-se nela , via Bolsonaro e aliados, bem no centro de gravidade do bloco dominante de poder .
A mentira, virulência, provocações, métodos neofascistas já mencionados (e listados por estudiosos como Arendt e outros, há décadas) , foram e estão sendo usados como táticas e armas políticas, confundindo , como então, há décadas, os adversários. Não se pretende , no caso, racionalidade , nem mesmo uma maioria , como pensam alguns.
A linha olavista/americana imperialista não tem argumentos capazes de vencer debates racionais – e sabe disso. Pode, sim, falar sozinha , repetindo frases de alguns intelectuais de confiança, como o fizeram a mídia americana e brasileira imperial, recente, na tentativa de derrubar o governo venezuelano . A confusão, mentira, dúvida , irracionalidade, em suma, é, em si mesma, o fim , o objetivo , a tática a ser repetida – produzir confusão, caos mesmo , e após o caos , a vitória pela violência e provável autoritarismo, se preciso, com completo descaro. Isto já não foi feito antes , em diversos países ?
Depois, consumados os fatos, cinismo, esquecimento , descaro político, “democracia” apoiada no grande capital – e na corrupção, arma clássica do imperialismo e do capitalismo, como bem observaram Negri e Hardt (“Império”) . Por trás da cena, o produtor e diretor – o Império Americano. Totalitarismo , talvez de um novo tipo , sem independência nem soberania nacionais , mas com apoio popular , manipulado pelo Estado e sustentado pelo Império .
E os muitos inimigos, cujo número cresceria ? Possível , e até provável, um banho de sangue, estilo Indonésia ou Chile, décadas de 1960/1970 ? Exagero ? Muito pior foi feito na Líbia e no Iraque, e ainda projetados via televisão para deleite do mundo- ocidental . Cinismo e ameaça mundial – o nome disso é “dissuasão” quanto a qualquer reação, face à demonstração de força, decisão militar e capacidade de promover mortandade nunca dantes vista, o coração americano longe e protegido.
Resistência a tais métodos e mentiras apenas por parte de estudiosos , interessados, profissionais preparados, cidadãos mais bem informados . Que podem protestar à vontade nas ruas, desde que não se organizem em grupos radicais. (De qualquer modo , sempre alguns mascarados provocadores , queimando ônibus). Os organizadores , ainda assim, bem mapeados para caso de necessidade de maciça repressão , desde que na legalidade e bem infiltrados pelos serviços de informação.
Mas, os métodos de ação política antes referidos, mentiras descaradas, manipulação de redes sociais e da big mídia, etc. são bem capazes de pesar quanto a massas analfabetas, analfabetos funcionais , desempregados , desinteressados , incapazes de lerem um livro complexo .Pessoas felizes em “politizarem-se”, ou julgarem-se tal , apenas com vídeos simplórios de um ou poucos minutos, sempre na língua nacional. Há, hoje, maravilhosas técnicas sobre como agir nesse sentido , com o povão, com resultados muito positivos, pois tal vem de décadas . Imagine-se o efeito delas em nossos dias , quando já existe um W.App, twiter, face book, etc.Na dúvida, basta recorrer-se a um especialista de êxito como Bannon, o que Bolsonaro fez.
OS MILITARES E A NAÇÃO
Os oficiais militares tradicionais brasileiros, de altas patentes , mesmo tendo muitos exercido altos cargos no exterior, inclusive nos EUA, e alguns cursado por lá escolas militares e cursos de informação e contrainformação – não tem a confiança daqueles antes referidos setores americanos radicais à extrema direita . Em especial, nos dias de hoje , quando ainda podem surgir um Chaves /Maduro e quando , ainda que décadas passadas, no ar a lembrança de generais como Alvarado , Ongania, Perón , Costa e Silva , Torrijos , etc. Poder-se-ia ainda lembrar Saddam, Kadaffi e outros ,independente de ideologias , que ,alguns, de aliados da CIA/EUA , passaram a inimigos figadais, na defesa de seus países e povos, quando sua soberania e independência entraram em contradição antagônica com os interesses do Império Americano.
Há décadas, aqueles setores da direita americana e de seus aliados daqui já não confiavam nos militares brasileiros da tropa , em especial . Lembremos Roberto Campos, guru civil de 1964, em uma reunião , em 1969, com oficiais , empresários e religiosos :
“Existe uma aliança espúria inconsciente entre a Igreja e os militares, na crença de que o capitalismo não funcionou no Brasil e , por conseguinte, chegou à altura de mudar de sistema. Eu diria que 60 % do clero e 40 % dos militares são anticapitalistas. Visto que sois também anticomunistas , aceitais o capitalismo. Mas quereis um capitalismo sem lucro. O clero deseja subverter o capitalismo ; os militares querem expurgá-lo.”
(“Nós os latino americanos “,Georgie Geyer, Ed. Expressão e Cultura , RJ , 1970, p.394).
Falava a grupos de ” duros” ” revolucionários” de 1964, que depois organizariam a OBAN , centro torturador . As Forças Armadas , como instituições nacionais, pagas pelo povo para defendê-lo , tem o dever profissional primeiro de manter a soberania nacional, a Nação , o Estado ; para isso , além do mais , inclusive, contribui , na América Latina, uma outra ligação com a nação – muitos militares tem origem pobre, tiveram sua ascensão social feita dentro das forças militares, Exército em especial. Alvarado , líder no Peru, 1968, por exemplo , foi soldado raso e chegou a general e chefe de uma revolução nacional . No Brasil, mais recente, houve um Lamarca, filho de um sapateiro, que abandonou uma carreira garantida no Exército, para tentar uma revolução impossível . Esses homens, afinal militares-cidadãos , mesmo com cursos em Washington, ou Fort Leavenporth (onde estudou informações um Golbery, 1944) , ou no Panamá, e com bolsas de estudo e de aprendizado nos centros imperialistas, por vezes mantiveram ligações até o fim de suas vidas – com a Nação e seu povo , alguns pagando com a vida .
Quando em altos postos, em especial , os militares podem defrontarem-se com situações limítrofes – os interesses de seus povos , sua soberania e independência, pior, sobrevivência, confrontando com o poder e exploração de um outro Estado, no caso do Ocidente, do Império Americano . Encontram-se , conscientes ou não disso , na essência, entre a opção de trair seu povo e país , ao alinharem-se com interesses estrangeiros, ou defenderem suas origens, famílias, amigos, meio social onde nasceram , ascenderam socialmente e que agora lideram .
Sua tarefa profissional é sustentar a Nação, mantê-la viva , soberana e independente. A desintegração da Nação, pois, é e sempre será a do Exército e das forças militares – a deles próprios. Por sua vez, a desintegração do Exército representa caminho direto para a desintegração da Nação e do Estado- quer dizer , teriam os militares falhado brutalmente , tendo auxiliado a destruição de seu povo e país . O Império Americano teve muitas tristes experiências de choque , nesse sentido, assim como antes outros impérios. A atual lição talvez esteja sendo a dada pelo falecido Chaves, coronel herói de seu povo, morto fisicamente, mas politicamente vivo e tão esperto que ainda teria deixado um herdeiro – Maduro . Obsessão do Império destruí-lo , por qualquer meio que seja – assassinato, compra de seus generais, traição, etc. Vários golpes foram tentados contra ele, um recente, que todos lembram. O Império continua empenhado na sua derrubada.
A autora antes citada, que correu a América Latina na década de 1960 , dedicou um capítulo ao “Novo Militar” latino-americano, atestando algumas essas questões . Quando um Olavo de Carvalho, americanófilo, ligado a interesses estrangeiros, inclusive a órgãos governamentais, nomeia ministros por aqui e ataca os generais Mourão, Cruz e até Villas-Bôas , este numa cadeira de rodas , mostra poder e que está a atacar a instituição militar a mais forte, o Exército (que sempre teve e deve ter um projeto de poder e nação , incipiente que seja ). E que , no caso brasileiro , esteve presente, com erros e acertos, em toda a história do Brasil, seus principais momentos e episódios . Tenta Olavo dividir , humilhar , desintegrar o Exército , ou manipulá-lo para “seu lado” , via pressões, com passos iniciais que, conforme o jogo e interesses, poderiam levar a outros semelhantes aos que estão tentando o Império e aliados, na Venezuela. Não estão indo mais longe por aqui, Olavo e cia. , por não haverem condições e por poderem estimular, inadvertidamente, violenta reação contrária de cunho nacional.
Então, por quem luta e quem é Olavo de Carvalho ?
Luta pelos interesses do Império Americano que, por certo , considera integrados com os do Brasil, na verdade com os da fração política bolsonariana . É um dos líderes teóricos e ainda organizadores /agitadores das idéias e ideologia proposta hoje pelo Império Americano , fração Trump, ao Brasil . (Aliás, mais propagador e organizador e agitador do que estrategista e teórico, desde que tal vem de instituições americanas de alto nível de planejamento e execução, não dele ) .
Trata-se de uma corrente extremista de direita , falsamente confusa e contraditória, tentando crescer mundialmente e com vitórias já evidentes em outros lugares e no Brasil, via Bolsonaro . E que procura consolidar-se e não recuar , vendo em muitos militares brasileiros possíveis empecilhos .De fato, Carvalho , seguindo estratégia e tática antinacionais , dedicadas a doutrinar e organizar, politicamente, analfabetos e analfabetos funcionais brasileiros , em especial , para tal usando modernos métodos científicos, inclusive a psicologia social e técnicas, que vem desde a década de 1940. Carvalho não tem tal capacidade por si e o nível desse planejamento, estrangeiro, de alto nível , pode ser calculado ,por exemplo , via a leitura de “Guerras Híbridas”, de Andrew Korybko, onde pode-se avaliar os recursos, sutilezas e planejamento alcançados pelo Império, no seu afã de conquistar povos e países . Ou quando se verifica as técnicas de domínio da mídia digital utilizadas por um mestre como Steve Bannon, provado vencedor , com elas , e que esteve à disposição de Bolsonaro ( provou seu valor na eleição de Trump antes ; e, depois, na do atual presidente) .
Presentes, indireto, o complexo industrial-militar americano e, mais de perto , a CIA , Trump, Pentágono , Departamento de Estado, aliados locais diversos – por aqui via Bolsonaro. Estes e mais o corpo funcional e estrutura do antigo estado brasileiro , carcomidos embora pela corrupção e ausência de infraestrutura é verdade, mas já, de longa data , a serviço de interesses financeiros internacionais, via Banco Central e ministérios – completam o quadro de dominação .
O Exército, principal força militar ,agora na linha de frente, sempre tende a ser a última instituição a ser destruída e desmoralizada para ter-se o domínio total do Estado ; ou a entrar na luta , resistindo, mesmo dividido. As forças bolsonaristas ,e sua fração militar ainda minoritária , tudo indica , estão aliadas já às milícias, que podem se voltar para qualquer lado (em especial o que pagar mais, que ,por certo , será o do Império) assumindo , com a omissão ou desmoralização ou esfacelamento do Exército tradicional , o centro de gravidade do poder , alijando outras frações não tão integradas ou dóceis.
O domínio bolsonarista significa um domínio estrangeiro, tudo indica , fora reviravoltas possíveis , por se tratar Bolsonaro de um oportunista e não idealista , isto sob a estrutura estatal fracassada de poder , que ainda existe no Brasil. Se , em 1964 , houve a “Conquista do Estado”(R.A.Dreifuss) , agora estamos assistindo , com pouca , ou quase sem reação, a conquista dos restos do Estado nacional e das mentes brasileiras, doentias e deseducadas- e politizadas ,de anos para cá, à direita (via projetos estrangeiros bem feitos- Cf. “A Nova Direita”, ob.cit.), quanto a boa parte do povo brasileiro.( O processo deliberado de fake news tem-lhe sido despejado na mente confusa, há anos, e não só via big mídia e redes sociais , mas via jornais diversos , rádio, livros, cursos de graduação e pós-graduação , editoras , bolsas de estudo no exterior,etc.).
A desintegração, divisão do Exército, a maior força e armada, e forte instituição , embora mal armada , significa o fim do Estado Brasileiro , minimamente soberano e independente. As Forças Armadas não podem deixar de terem pruridos nacionalistas (no sentido de defesa da Nação – que abrange seu povo, língua, cultura – e do Estado – fronteiras , soberania, independência ). A instituição militar , se diminuída , desintegrada , dividida em frações divergentes , humilhada , com seu próprio povo contra ela – implicará , logo ou adiante, no fim do Estado Brasileiro. Qualquer reação pontual do povo brasileiro, desorganizado , apenas com piques de rebeldia nas ruas, quando provocado , não será suficiente para obstar tal, a curto prazo. Décadas foram perdidas , por aqui , pelas “esquerdas” deslumbradas com sua ascensão social e com a corrupção e propinas, que sempre foram armas políticas do Império Americano e não uma característica de fraqueza do povo brasileiro (Cf. as quantias oferecidas a militares brasileiros quando do golpe estrangeiro de 1964, e o peso da ação dos estrangeiros agindo por aqui, secretamente , de embaixadores a simples agentes, desde décadas , serviços secretos ( “O Governo João Goulart”, Moniz Bandeira ; “IBAD- a sigla da corrupção”, Elói Dutra; “1964 – A Conquista do Estado”, R.A.Dreifuss, entre outros) . Em outros países, mesma tática política de corrupção – veja-se denúncias de oferecimentos de grandes quantias, pelos EUA, à cúpula das forças armadas venezuelanas, para que deserdassem e derrubassem Maduro .
Após os últimos ataques, que não foram a generais, per se, a pessoas, mas ao Exército , por bolsonaristas , via em especial Carvalho, houve certo recuo de Olavo/bolsonaristas, provável por perceberem grande reação interna dos militares àquelas agressões , não propagada na mídia, mas a ponto de colocar em risco a própria administração Bolsonaro . O guru Carvalho , lá dos EUA, sua verdadeira pátria, assinalou, então ,que pretenderia parar de intervir na política nacional, e o Senador Bolsonaro até desenterrou uma justa pretensão militar nacional, a do uso bélico da energia nuclear, ponto quase comum a quase todos militares e defendido por muitos civis .
Objetivo provável seria fazer um agrado ao meio militar insatisfeito. Ao mesmo tempo, o MBL, movimento, com raízes ao menos financeiras estrangeiras, lembrando-se do princípio que “quem financia controla”, anuncia manifestações em Brasília, exigindo o impeachment de ministros do STF. O foco das insatisfações vai sendo desviado, aos poucos, dos militares .Quer dizer , as ofensas, e provocações, em especial , quanto a Villas-Bôas , não foram bem recebidas pela maioria militar , muito ao contrário . Os olavistas/americanófilos e aliados locais tiveram que recuar . Haviam avançado longe demais, colocando em risco sua posição no centro de gravidade do poder. Pretendem agora corrigir a situação , reordenando suas forças, ganhando tempo. Não mudarão sua estratégia, que vem do exterior, nem táticas, que tem sido vitoriosas. Provável apenas um recuo tático.
Bolsonaro,por sua vez, mostrando-se ferido, psicologicamente, manifestou-se através de “artigo de autoria desconhecida”, que menciona algumas verdades – e que o “Brasil é ingovernável”. De fato, vai no sentido de vários analistas , entre os quais os de caminhandojornal.com, que preveem breve tal ingovernabilidade, ao menos por meios mínimos democráticos .Isto se os Bolsonaros insistirem em agir dentro do projeto radical apenas e ainda e sempre neoliberal , que eles e aliados pretendem para o país. O que provável só cessará com a vitória ou desintegração da Nação e/ou sua integração a um estado mais poderoso, dispensando-nos de mencionar o óbvio nome. A persistência ensaiada contra a Venezuela atesta a força dessa proposta estrangeira, que poderá voltar-se, mais firmemente, para o Brasil, se considerarem necessário. Tal desnecessário, desde que um Bolsonaro na direção estatal , mantendo direto e completa a proposta de defesa e integração do Brasil com os interesses do Império. Provável , assim, estarem atacando os já resistentes ou provável recalcitrantes – inclusive os das forças militares.
OS OBJETIVOS DOS OLAVISTAS/ESTRANGEIROS
Olavo de Carvalho , dentro de uma estratégia estrangeira, ataca o Exército Brasileiro , desmoraliza-o via oficiais do mais alto prestígio interno, hoje, provocando , e com objetivos determinados – pretende desintegrar o Exército, ou dividi-lo, gradativamente ( como já ocorreu, em mais de um caso, na América Latina , diferentes épocas ) – e daí o Estado e a Nação.
Seriam gradativos os passos nesse sentido de colocar o Brasil , já um estado de exceção ( significado em arts. deste site ; aqui não o momento de discutir isso; cf.Agamben, ob.cit. ), sob total , acabado, legal e formal domínio estrangeiro. O presente recuo, pois, poderá não durar – o objetivo já foi demonstrado. Tal entendimento tem sentido , sem esquecer-se um intelectual do nível (concordemos ou não com suas propostas ideológicas ) de Mangabeira Unger, que já caracterizava o Brasil, há anos, como um “protetorado americano”( “Diálogos”, G.News, com M.S.Conti, 2017), enquanto Octavio Ianni o via , já em 2002, administração FHC, como uma “província”.
O Exército no poder , através de altos cargos civis , em si, já significa haverem instituições esfrangalhadas e faltarem quadros para elas , desde que ele se constitui numa espécie de esqueleto mantenedor da Nação de pé , que só toma à frente quando ela politicamente debilitada. Costa e Silva , bem ou mal, em 1969, teve altercações com os interesses americanos , reagindo a palavras antinacionais e humilhantes de Lincoln Gordon ( Cf. “Guerra das Estrelas” e “119 dias”, de Carlos Chagas). Recusava-se, a certa altura, a aceitar mais dependência e autoritarismo militares , pretendendo a volta do Brasil à democracia , com a revogação do AI-5. Foi atropelado por uma Junta Militar e pelo estranho sequestro do embaixador americano, que justificou mais repressão perante as elites de então, nacionais e estrangeiras. Pode ter sido uma jogada provocativa de interesses estrangeiros e órgãos de informação, infiltrados , interessados em mais repressão no Brasil.
Arquivou-se, de qualquer modo , a revogação do AI-5, e Pedro Aleixo , vice de Costa e Silva , não assumiu o governo, com sua morte . Costa e Silva adoeceu e morreu, quase isolado no palácio, desconfiado dos remédios que lhe davam (alguns, sequer tomava, escondendo-os. Cf. ob.cit., “119 dias”, Carlos Chagas). Geisel , por sua vez, acabou por revogar o acordo secreto militar Brasil/EUA, antes do final de seu mandato. Os conflitos e contradições com o Império vem de muitas décadas e não de hoje . Com a decadência mundial do Império e a dos EUA, em especial, além da tomada do poder neles , pela extrema direita a mais radical e intransigente, o que pode esperar daquela seara um país nas condições do Brasil ?
Os militares têm ligações com a Nação , povo, são acostumados também ao mando e decisões – e ao verem uma crise insolúvel do ponto de vista dos interesses estrangeiros , caracterizada a exploração violenta de seu povo e país – podem tender a ficar ao lado da Nação. A História tem provado isso. O Império , que já correu tal risco e por ele pagou caro, não quer mais tê-lo tão por perto – o que é inteligível. Tal explica , parcialmente, o que temos assistido e vem ocorrendo por aqui .
UM PAÍS ALGEMADO – REFÉM
O Brasil vive uma crise sem saída, do ponto de vista da política do capital financeiro . É ingovernável , sob democracia, com ele, se de acordo com ele, submetido a ele, capital financeiro , ao ponto em que está o Brasil . Tem sobrevivido via empréstimos , aumentando a dívida pública de forma brutal, cedendo aos interesses financeiros a cada vez , pagando os maiores juros do mundo , e fugindo ao enfrentamento de seus reais problemas, caso da dívida pública, déficit fiscal e a ação deletéria dos bancos nacionais e internacionais aqui atuantes, direta e indiretamente. (As ponderações de M.L.Fatorelli mostram-se irrespondíveis, tanto que fala sozinha, sem receber respostas . Cf. site Auditoria Cidadã da Dívida ) .
O país é refém do chamado “rentismo”, que se diferenciaria de renda , que, ao menos , seria resultado de investimentos ainda produtivos(L.Dawbor) . Deve quase seis trilhões, tem uma dívida pública não auditada e ignorada, solenemente, pelas elites bolsonaristas/americanas , por estarem , por certo , bem acordadas e aliadas aos credores , pagando os maiores juros do mundo – sem jamais admitir atrasos gratuitos . É vítima de novo tipo de dominação , moderna, do Império , exato via “dívida pública”, “mercado”, etc. ( Ellen Wood ,”Império do Capital”) .Dominação que, em principio, dispensa invasões, fuzileiros e sangue .O que a torna muito mais difícil de ser identificada do que uma presença direta de fuzileiros por exemplo, ou a ação de mísseis ou bombardeios.
Precisaria o país , ao contrário , enfrentar tais problemas e tal poder , ao fundo o Império do Capital, para poder crescer e desenvolver-se . Ao menos negociar uma saída . Mas, mal tem , por sua fraqueza, coragem e condições de negociação. Terá que negociar como um pedinte? Os bancos internacionais e o Império não vão abrir mão de “sua agiotagem internacional , juros extorsivos”, interesses , pelos do povo brasileiro, enfraquecido, com forças armadas deterioradas, o país se esfrangalhando, literalmente, até com viadutos e túneis e barragens caindo a cada dia, por falta de manutenção. Só se se virem em perigo de grandes prejuízos e perdas .
Há restrições e proibições até quanto a investimentos estrangeiros por aqui , quanto ao uso de pesquisas e patentes livres , quanto à exploração da energia nuclear, por exemplo ; até os novos empréstimos são condicionados – e, pelos juros e condições, escondidos do povo em geral, descumprido o princípio da transparência.
O Estado não tem força econômica, política e muito menos militar para manter/defender com êxito posições de seu interesse , a nível internacional , ou seja, debater essas questões a nível de igualdade, com nações mais poderosas . Seu isolamento gradativo de grandes potências, fora os EUA , seu alinhamento ideológico com o Império a qualquer preço, agora maximizado por Bolsonaro, o levam a um isolamento e impossibilidade de negociação mais interessante. Sua aliança única agora é a com o Império – a de uma ovelhinha pacífica e desarmada com um lobo mau , feroz, que já a usou o quanto pode – e a história prova isto .
Nos EUA, enquanto o Brasil fazia , via Bolsonaro, patéticos elogios aos EUA, Trump , sempre boquirroto, silenciava , até circunspecto. Atacado Bolsonaro por Blasio, prefeito de New York , humilhado até, Trump, inimigo daquele, não o defendeu . Não confia nele, não o respeita, não considera, minimamente , um dirigente desse tipo e de um país de terceira categoria, como o Brasil, sendo-se moderado nesta avaliação. Despreza o Brasil como se viu por outras declarações sobre povos latino americanos. E nossas elites , quanto a isso, mostram-se servis, sem dignidade, sem qualquer confiança, muito menos orgulho nacional. Sabem o que fizeram , durante décadas , contra o povo brasileiro.
Crescimento econômico, desenvolvimento , pretendem as elites nacionais , mas ao preço de pagar débitos, não comprovados, de mais de 2 bilhões de juros e amortizações por dia (M.L.Fattorelli , id.) , isto é , à custa de morte do povo brasileiro – sim, por falta de recursos, mas os tais juros citados sempre pagos, a dívida aumentando . Viadutos e pontes caindo ,a qualquer chuva, a qualquer hora, o que causa danos enormes, o povo vivendo aos sobressaltos , em toda parte, e nas ruas sem segurança. Nem locais turísticos têm mais segurança. Por vezes, elevadores e bondinhos turísticos não funcionam . Dezenas de turistas são assaltados, de quando em vez, em pontos turísticos . O Estado incapaz de dar segurança sequer a eles . Escolas primárias funcionam sem mínimas condições, merendas, material, livros.O Estado disfuncional exibe suas carências dia a dia e em todos os lugares , para os nacionais e estrangeiros. A deterioração atinge bairros antes classe A, no Rio, caso de Leblon ou Barra ou Lagoa.
No Brasil , a desigualdade persiste – as vítimas brasileiras justo das elites aliadas a interesses estrangeiros, como mais que provado está , devem serem capazes de pagar os prejuízos causados por seus algozes, que nada ou muito pouco concedem a elas – caso da Reforma da Previdência. Ao contrário do que dizia Tancredo Neves, pretende-se pagar a dívida pública, um problema existente e não enfrentado , ao preço do sangue do povo brasileiro – genocídios, hospitais e penitenciárias deprimentes, favelas, escolas/educação sem verbas ou locais decentes, infraestrutura já vergonhosa. A dívida já está sendo paga com sangue , bilhões indo para o exterior ao invés de salvar nossas crianças, mulheres , idosos. Os agiotas estrangeiros são implacáveis, as elites brasileiras covardes.
Uma situação sem saída, do ponto de vista da política neoliberal , que tenta-se impor aos brasileiros, pela força, é verdade , desde 1964, depois pelo engôdo e agora de novo via armadilhas – ao fim do túnel escuro , ameaças de uso da força. O país torto, cada vez mais distorcido, necessitando reformas em todos os setores, infraestrutura deficiente , falta de investimentos , sequer tem condições para o mínimo que ainda o mantém em funcionamento.
Se antes o país viveu longo tempo de bazófias e mentiras, as últimas quanto à Venezuela, agora nem isso . O Brasil, atual, em situação crítica (cf. outros arts. neste site ), em pouco será ingovernável se não tomadas medidas drásticas – e as elites as querem contra o interesse popular, sem atingir os interesses delas .
Ora, essas reformas não serão aprovadas em clima democrático , mesmo no que estamos , relativo, típico de um estado de exceção implícito. Quanto tempo durará a democracia relativa atual ? O autoritarismo é indispensável aos bolsonaristas no poder – para conseguirem impor uma radical mudança dentro dos interesses dominantes. A da reforma da previdência é insuficiente. Precisarão de muitas mais.
Nesses dias , nas ruas , dezenas de atos contra medidas da administração Bolsonaro que cortam verbas universitárias . Imagine-se ao cortarem salários, hospitais fecharem , aposentadorias não serem pagas. Já está-se quase entrando nessa situação. E forças populares começam a reagir, mesmo tendo sido longamente manipuladas , corrompidas, integradas aos interesses dominantes sob todas as formas de cooptação. O sofrimento e realidade começam a pesar cada vez mais . Não se trata de ideologia, mas de educação , emprego, fome, direito de ir e vir , morte ou vida nos hospitais , ruas , em toda parte.
Projeta-se uma greve nacional em menos de 30 dias . Bolsonaristas provocando insistem em humilhar e desmoralizar correntes por certo mais nacionais do Exército. Sabe-se que elas poderão reagir e talvez eles estejam provocando os adversários, com medidas drásticas, exato para que reajam , adiante ; e reagindo de forma mais forte , frente algumas reações ilegais , naturais nessa situação de contínua exasperação , surjam justificativas para punir-se rebeldias militares , que infrinjam as leis em vigor . Bolsonaristas e outras forças de direita, fingindo-se talvez divergentes, ou com pequenos atritos, já programam, unidas, passeatas e manifestações, por certo para combaterem as das forças populares .
Os bolsonaristas poderão dispor de mais recursos , do aparato estatal , provável de milícias e de apoio estrangeiro, além do originado em empresas nacionais . As últimas eleições provaram isso. Além disso , também já comprovaram que podem ir às ruas, se quiserem, com grandes multidões, e do que são capazes – que tipo de aliados podem conseguir – estrangeiros.
Neste caminho, precisarão de um banho de violência para manterem-se . Se recuarem agora, isto não quer dizer que não estejam ganhando tempo para agirem adiante – enquanto se organizam melhor. As chamadas esquerdas estão totalmente identificadas perante eles. O Brasil lembra a Indonésia de 1965 , partidos à esquerda legais e comportados, dentro da Lei, o que facilitou um golpe militar violento e antidemocrático, seguido de massacres dos opositores . Aqui , o estado de exceção implícito talvez possa até dispensar golpes militares/milicianos, exato o que ocorreu na Indonésia.
Os sustentadores do atual Estado , fracassado , de exceção, mas ainda com mínimas características de democrático, são os militares. Aqueles silenciosos, relativamente, durante anos. Muitos , oficialmente, solidários com os velhos torturadores de décadas,caso de Bolsonaro, ao votar o impeachment de Dilma Rousseff . Isto mostra a fragilidade da “democracia brasileira”, os militares na linha de frente, muitos políticos presos, outros acuados, corruptos em grande número atuando,ainda, face ao foro privilegiado, diversas instâncias de julgamento e muitos recursos e caros advogados.
A opção ao que se vive , há anos, será mais crise, na tentativa de afirmar-se um conformismo e desistência nacional, abdicando os brasileiros, em definitivo , da soberania e independência de seu país ; ou o oposto , luta e dificuldades mis para defender a citada soberania e independência .
O Império não tem condições de investir aqui como num Japão ou Alemanha de pós-guerra, única solução menos sofrida . O contexto é outro , no caso atual dele, em crise (Quanto a ele ,a pergunta é a feita pelo historiador Eric Hobsbawm, “Globalização, Democracia e Terrorismo” – o Império Americano será capaz , como o inglês, sem ir às últimas consequências, de aceitar a perda do principal protagonismo mundial e assumir sua decadência ? Ou lutará , violentamente, até o fim ?) E o Brasil não é Japão ou Alemanha, nem seus povos são semelhantes. Então, haverá que administrar-se sofrimento e não desenvolvimento – e nosso mercado e matérias primas são necessários ao Império , agora mais do que antes .
Em suma – trata-se de aceitar a consolidação da pretensão da corrente extremista de direita, com raízes estrangeiras , de abdicação de direitos e luta pela soberania e independência ; ou a própria luta, em situação de desvantagem , pela não organização popular séria durante as últimas décadas, envolvimento com a corrupção e cooptação dos movimentos populares , pelos organismos estatais e seus dirigentes corrompidos . Tendo como resultado a desmoralização popular dos democratas desacreditados, inclusive democratas sociais e esquerdas.
As instituições já não dão conta da quantidade de crimes políticos cometidos – e nem mais parecem querer reparar nisso. O povo cansado de tantos escândalos, desemprego, crise. Livros como “A Nova Direita”, já citado , mostram que certos movimentos , em 2013-14 , nas ruas, intervindo direto na política brasileira , e depois elegendo até deputados , envolviam, de fato , ações ilegais, pois havia financiamento estrangeiro desses movimentos, óbvio que tal entendimento constitucional valendo tanto para partidos como movimentos de cunho político , em plena atuação, a promover ações e depois pessoas, logo em seguida elas candidatas a cargos eletivos por partidos legalizados ( art. 17 , II, da C.F./1988 ). Agora, mais fortes, deputados e presidente eleitos, pretendem voltar às ruas com reivindicações – a direita também nas ruas , novidade dos últimos anos.
ENTRE A CRISE E A CRISE – 5 ANOS
A atual estagnação do país já dura mais de 5 anos . Em resumo , Olavo de Carvalho, lá dos EUA, de bem perto da CIA , faz um ataque consciente contra o Exército Brasileiro. O objetivo é desmoralizá-lo, dividi-lo, desintegrá-lo. Cortar o poder de uma fração que poderia prejudicar interesses americanos /estrangeiros. Mas, não se trata apenas dele. Em vésperas das eleições últimas, que elegeram Bolsonaro, a TV Globo desenterrou e republicou diversas declarações e documentos da CIA, já divulgados anos antes(por Gaspari , E. , em suas “As ilusões armadas”) , sobre fatos depreciativos relativos a membros do Exército Brasileiro , envolvendo assassinatos e torturas, no Araguaia , em especial – décadas passadas. Qual o significado disso?
O Exército não deu formal resposta aos acusadores, ou maiores esclarecimentos . Ainda em vésperas daquelas eleições(2018), a revista Época (Rede Globo) fez um editorial em que criticava Bolsonaro (já aliado à instituição militar brasileira, que , por certo, tomou sua candidatura desde que caminho mais rápido rumo ao poder estatal , sem golpes ou lutas) .
A Rede Globo ainda publicou artigos de diversos intelectuais de fama nacional e internacional contra Bolsonaro- além de repetir manchetes de outros jornais estrangeiros , no mesmo sentido . Fez, como dito , mais ainda – Pedro Bial , TV Globo, na sua “Conversa com Bial” , também em véspera das eleições/2018 , repercutiu as acusações antes citadas , oriundas da CIA , “requentadas”, depreciativas ao Exército, fatos ocorridos no Araguaia . O que havia e há por trás disso ? Rede Globo com Lula ?
Por quê ? Preferiria mesmo Haddad/Lula ? Talvez , junto com algumas frações políticas americanas , ligadas aos chamados democratas. Não se defende aqui os atos violentos dos militares, tipo os de Ustra , ou as ações citadas. Apenas mostra-se que até a Rede Globo, e não só parte do povão , sindicatos, trabalhadores, foi contra a candidatura militar, após a incorporação de generais e outros à chapa Bolsonaro – paradoxalmente, preferindo o candidato lulopetista . As explicações podem ser no sentido das acima . O Império teme os militares – e a Rede Globo , por aqui, repercute. Lula ou Haddad merecem bem mais confiança e já o provaram durante muitos anos .
O fato é que buscam os olavo/bolsonaristas/americanos/aliados locais caminharem para o fim formal do estado brasileiro e para impor certas políticas via sofrimentos cada vez maiores para o povo pobre . Este vítima de uma política neoliberal imposta desde 1964, pela força, política fracassada ( repita-se – basta olhar o Brasil atual) – o povo , a vítima , seria aquele destinado a pagar o débito anterior , de décadas , feito por elites irresponsáveis, seja para elegerem-se ou simplesmente manterem-se no poder – aí está como prova a reforma da previdência , de um lado ; de outro, a dívida pública de mais de 5 trilhões de reais , pagando-se os maiores juros do mundo , em que não se mexe, sequer se audita ou negocia – parece algo sagrado ; ou o imposto sobre as grandes fortunas , que, deliberado, também não é regulamentado .
Não há que alegar-se a responsabilidade popular pela eleição desses políticos, desde que a educação sempre restrita, limitada a minorias, condicionada . Ou seja, mantidos alto nível de ignorância, analfabetismo , analfabetismo funcional , até educação superior deturpada. O projeto governamental elitista só tem a ver com superlucros de empresas estrangeiras aliadas do estado brasileiro , via seus principais representantes.
O combate a tal nada tem a ver com comunismo, socialismo ou outras doutrinas , que , aliás, jamais existiram em país algum .Ou seja, o que houve e há, hoje, são regimes que pretendem, avançar no sentido de maior igualdade social , uma alternativa ao imperialismo do capital, agressivo , atual , apoiado no Império Americano ; em outras palavras – em guerras , massacres, bombardeios , morte de milhões de pessoas – e mentiras deslavadas.
A luta que se trava, hoje, no Brasil, é por maior ou menor sofrimento para a maioria do povo brasileiro . De outra parte, por manter vivo(será possível?)o Estado Brasileiro ou dele abdicar de vez, em definitivo, seja informal e formalmente. Olavo de Carvalho e seus americanófilos indicam pretenderem tal e o Exército Brasileiro seria ainda um empecilho a isso , ao menos um potencial empecilho. Daí ser atacado de forma virulenta e até covarde, nas circunstâncias, e em vista do ataque a Villas-Bôas.
O que Olavo de Carvalho e aliados fazem não se trata de irritação ou falta de educação ou loucura . Atacam o que ainda é baluarte da nação doentia , tentam desmoralizá-lo, pois o objetivo é impedir qualquer influência dela , Força Armada , no sentido de manutenção ou reagrupamento de uma nação soberana e independente. Pretendem manobrar mais à vontade, de forma autoritária – e conduzir os brasileiros rumo a seus objetivos : a desintegração nacional e a integração mais formal ou informal ao Império, que por aqui já tem uma base social bem sólida.
Fortes interesses estrangeiros pretendem o fim do Brasil como nação minimamente soberana e independente. Por ser um país ainda de certa relevância no contexto mundial, por suas reservas minerais e grande mercado, além da proximidade com o Império e suas matrizes . Já destruíram as bases da industrialização do país, hoje sem mínimas condições mundiais competitivas. Endividado , com boa parte de seus recursos comprometidos , caminha o país para o esfacelamento. Muitos acham que não há mais saída no sentido de independência e soberania. Há que abdicar delas e integrar-se subalternamente ao Império . Este o objetivo de Carvalho , que esconde suas reais intenções e seus alicerces, o Império Americano , sob a cortina de fumaça de palavrões , mentiras, impropérios.
Para um estado o mais autoritário, talvez e possível totalitário, pois autoritário este já o é , pouco falta – basta notar as medidas provisórias existentes e uma legislação que, como dizem alguns , é madrinha da corrupção . Sequer precisa-se mudar o regime no sentido de mais autoritarismo , pois estamos num estado de exceção implícito, travestido de estado democrático de direito.
Fácil manobrar interpretações , arquivamentos de processos, prescrições , foros privilegiados . O que vem ocorrendo e parte do povo o percebe, ainda que não entenda sutilezas de por que isto acontece e exato de que se trata. Tanto que o STF está desmoralizado e pretende-se o impeachment de alguns ministros . Afinal , os políticos corruptos , por exemplo , são julgados por juízes e ministros que lhes suplicaram seus cargos e foram por eles indicados. Estão todos umbilicalmente ligados, longe do povo.
Cada um , então , em seu lugar ? Bolsonaro , Olavo , CIA , Império do Capital , políticos venais , nos palácios e gabinetes , confortáveis cátedras universitárias , traçando suas estratégias e táticas sobre como melhor explorar o povo trabalhador , bombardear países , destruir soberanias nacionais . O povo brasileiro , de outro lado , nas ruas, praças, locais de trabalho, resistindo, lutando, na defesa de seus interesses, tentando se organizar . Este será o futuro ? Parece. Embora o povo aparente dividido , estimulado pelo Império do Capital, sob a capa nacional mascarada de Bolsonaro, Olavo e aliados.
Tal já parece ocorrer , na atualidade . Bolsonaro esteve em Dallas, se reunindo com americanos , numa cidade símbolo – onde assassinaram Kennedy . Deve ter aprendido algo por lá, país que admira “desde a infância”, não , por certo , estudando as bombas atômicas sobre Hiroshima ou Nagazaki, Japão vencido e rendido ; quem sabe, os massacres na Líbia, Iraque, Afeganistão .Sendo informado do poder americano, como Kennedy fez com Jango, década 1960. Informado, intimidado ou dissuadido quanto a reagir ou confrontar? Possível, sem maior alarde pelos tantos escândalos, ele em contato ainda não declarado, e pessoal, com seu guru americano Olavo/CIA/EUA.
O povo brasileiro, neste momento , já fora das ruas , quando em dezenas de cidades, mais Distrito Federal, protestou contra os cortes de verbas em educação, a reforma da previdência , “as loucuras e absurdos” dos bolsonaristas . Já planejando sua volta às ruas para breve – uma greve geral , no dia 14 de junho .Pois é – e não houve ainda corte algum no pagamento dos juros de 600 bilhões de reais anuais pagos aos bancos e outros, donos da fabulosa “dívida pública”brasileira.
Quanto nosso povo suportará, em qualquer hipótese ? E até quando ?___________________________________________________________________________________
(Original não revisado , o que não impede entendimento. Este artigo foi a base do editorial de Caminhando Jornal TV 8 , do dia 19/5/2019).
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